O ciclista eritreu Biniam Girmay (Intermarché-Wanty-Gobert) venceu hoje num ‘sprint’ restrito a Gent-Wevelgem, confirmando-se como a revelação do pelotão mundial em 2022 e tornando-se no primeiro ciclista da África subsariana a vencer uma clássica.
Girmay, de 21 anos, cumpriu os 248,8 quilómetros entre Ypres e Wevelgem em 5:37.57 horas, batendo sobre a meta o francês Christophe Laporte (Jumbo-Visma), segundo, e os belgas Dries van Gestel (TotalEnergies), terceiro, e Jasper Stuyven (Trek-Segafredo), quarto.
O quarteto discutiu a vitória na 84.ª edição da clássica belga, oito segundos à frente do resto do pelotão, com Laporte a voltar a ser segundo, poucos dias depois da E3 Harelbeke, em que ajudou o colega de equipa Wout van Aert, hoje 12.º, a vencer.
Quanto a Birmay, é a confirmação de uma ascensão do ciclista da Eritreia, que este ano já tinha triunfado no Troféu Alcúdia e agora se eleva numa corrida WorldTour, ainda para mais numa das clássicas mais marcantes do calendário.
Nascido na capital Asmara em 2000, o discreto ciclista correu pelo Centro Mundial de Ciclismo, projeto de desenvolvimento para países sem tradição na modalidade que a União Ciclista Internacional (UCI) instalou na Suíça, antes de dar o ‘salto’ para a Delko em 2020.
A falência da equipa francesa levou-o à Intermarché-Wanty-Gobert, mas o perfil discreto manteve-se no WorldTour: vai voltar ao seu país após quase um mês na Europa, admitindo hoje as “saudades da mulher e filha”, falhando, em princípio, o resto das principais clássicas, logo agora que ergueu os braços, voltando ‘apenas’ para a Volta a Itália, em maio.
Girmay é o oitavo vencedor mais jovem da Gent-Wevelgem, e o primeiro da África subsariana a vencer uma clássica, e hoje admitiu não conseguir “acreditar” no triunfo, que espera que “mude muito para o futuro, a nível pessoal e para ciclistas africanos”.
O ‘sprint’ vitorioso surpreendeu uma Jumbo-Visma que tinha trabalhado o dia todo para colocar alguém no primeiro lugar do pódio, fosse o campeão belga Van Aert, que impôs um ritmo alto na última subida do Kemmel, a 34 quilómetros da meta, ou Laporte, de novo derrotado na linha de meta.
O melhor português na corrida foi Rui Oliveira (UAE Emirates), no 56.º posto, a 1.30 minutos do vencedor, com André Carvalho (Cofidis) em 101.º, a mais de nove minutos.
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