A realização da Volta a França em bicicleta seria "um desastre e o melhor seria cancelá-la" em vez de decorrer de 29 de agosto a 20 de setembro, disse hoje o especialista em saúde pública Devi Sridhar.
A prova, que na quarta-feira foi adiada para as novas datas, traria um risco de contágio de covid-19 muito alto, aponta o especialista, que tem assessorado o governo da Escócia na evolução da pandemia.
O presidente da disciplina de saúde pública global da Universidade de Edimburgo explicou, em entrevista à Cyclingnews, que a decisão será "dolorosa, mas a única opção possível".
"O mais inteligente é cancelar este ano. (...) A organização do Tour tem de pesar os riscos contra os benefícios. Milhares de pessoas de todo o mundo, reunidas, a moverem-se de cidade em cidade, é assim que um vírus pode prosperar, é uma receita para o desastre", sentenciou.
Sridhar elenca vários problemas logísticos possíveis, como a possibilidade de a pandemia estar controlada em França mas não noutros países, a imposição de quarentenas de duas semanas antes do arranque, os custos de fazer testes diários e a utilização de máscaras, além da necessária presença policial para fazer cumprir a proibição de aglomerações entre os adeptos.
A UCI decidiu na quarta-feira prolongar a suspensão do calendário velocipédico para todas as provas até 01 de julho e para provas WorldTour até 01 de agosto, o que adiou também a Volta a França (29 de agosto a 20 de setembro) e a Volta a Itália e Volta a Espanha, para depois dos Mundiais de estrada, de 20 a 27 de setembro na Suíça.
A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 133 mil mortos e infetou mais de dois milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 436 mil doentes foram considerados curados.
Em Portugal, morreram 599 pessoas das 18.091 registadas como infetadas.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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