O ciclista colombiano Einer Rubio (Movistar) bateu os colegas da fuga do dia, que foi tensa até final, no término da 13.ª etapa da Volta a Itália, encurtada e tornada ‘cinzenta’ devido ao mau tempo.
Rubio, de 25 anos, cumpriu os 74,8 quilómetros entre Le Châble e Crans-Montana, na Suíça, em 2:16.21 horas, batendo o francês Thibaut Pinot (Groupama-FDJ), segundo e grande derrotado do dia, após ter atacado inúmeras vezes, e o equatoriano Jefferson Cepeda (EF Education-Easy Post), terceiro.
Nas contas da geral, o encurtamento da etapa, que deveria ter percorrido 199 quilómetros, acabou por não levar a ataques ou momentos que causassem diferenças de tempo nos primeiros lugares, com o britânico Geraint Thomas (INEOS) a liderar com dois segundos de vantagem para o esloveno Primoz Roglic (Jumbo-Visma), segundo, e 22 para o português João Almeida (UAE Emirates), terceiro e líder da juventude.
Antes sequer das primeiras pedaladas, muito drama aconteceu entre organização e representantes dos corredores, numa tirada já de si atribulada, uma vez que esta semana o percurso já tinha sido alterado, para passar pelo túnel em Grand Saint-Bernard e não por cima, baixando dos 207 quilómetros para 199.
Hoje de manhã, o mau tempo ameaçava mais estragos num Giro já muito acidentado, e embora os ciclistas tivessem votado, na véspera, pela remoção de Croix de Coeur e pela manutenção de uma distância ‘normal’, a organização acabou por decidir a mudança de todo o pelotão, de onde partiram para menos de 75 quilómetros ‘cronometrados’.
Assim, foi um pelotão relutante e ‘desconfiado’ do que pudesse acontecer em tão curta tirada o que partiu, com o francês Thibaut Pinot a anunciar intenções ofensivas, assim como outros candidatos habituais e dois homens de quem se esperavam tentativas em dias de alta montanha, Cepeda e Rubio.
Na frente, a tensa relação de poderes beneficiou o mais ‘sossegado’: afastada a já presença assídua do canadiano Derek Gee (Israel-Premier Tech), relegado para quarto, os três tentaram afastar os restantes.
O mais ‘vocal’ sobre quem deveria trabalhar foi Pinot, cuja única consolação, além das imagens que se tornaram ‘virais’ das repetidas discussões, é regressar ao topo da classificação da montanha ao vencer em Croix de Coeur e conseguir mais 24 pontos na meta.
Rubio vinha calmo atrás de Cepeda e Pinot, os mais explosivos, e que se marcaram impiedosamente, e acabou por batê-los aos dois nas últimas centenas de metros até à meta em Crans-Montana, Suíça, para vencer pela primeira vez numa grande Volta.
“Hoje, é um dia lindo para a Colômbia, a minha família, para Boyaca. Espero que estejam orgulhosos de mim. [...] Beneficiei um pouco, sim [da tensão entre Pinot e Cepeda]. Mostraram-se muito fortes desde o início da subida final, mas sabia que estava forte e podia aproveitar-me”, descreveu o vencedor do dia.
Num dia marcado também pelo abandono do velocista dinamarquês Mads Pedersen (Trek-Segafredo), que ‘desanima’ a luta pela camisola dos pontos e as próximas etapas com possível chegada ao sprint, foi um pelotão cauteloso e cinzento o que cumpriu as duas horas e pouco de viagem, com a convalescença como uma marca desta 106.ª edição, entre efeitos de quedas, más decisões da organização, covid-19 ou outros motivos.
Estradas em mau estado na descida de Croix de Coeur, feitas com muito cuidado pelos corredores, e, depois, o frio e o stress – motivado pelas decisões da manhã e o longo ‘transfer’ de autocarro -, que muitos alegaram após a chegada, redundaram na quase inexistência de ataques.
O italiano Damiano Caruso (Bahrain-Victorious), quinto na geral, ainda tentou, mas sem sucesso, e o melhor que João Almeida conseguiu fazer foi um pequeno sprint para chegar em sétimo, à frente dos outros candidatos, numa aparente jogada psicológica.
“Acho que Roglic fica feliz de me deixar com a camisola rosa mais uns dias. Temos de ser nós a controlar a corrida e ele vai ganhando tempo, é a sensação que tenho”, admitiu o ‘maglia rosa’, Geraint Thomas, referindo-se ao facto de o esloveno querer poupar-se ao desgaste motivado pelas ‘obrigações’ inerentes à liderança da geral, como, por exemplo, entrevistas, que ‘roubam’ tempo de descanso.
Segundo o líder da corrida, a INEOS foi controlando a fuga para não dar demasiada margem a Pinot, que subiu cinco postos na geral e agora é 10.º, e a falta de ataques, analisou, pode ter sido também pela “forma como o vento soprava na meta”.
No sábado, a 14.ª etapa liga Sierre a Cassano Magnago em 194 quilómetros, com uma contagem de montanha de primeira categoria na primeira metade mas terreno plano na segunda.
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