Gustavo Veloso juntou-se a outros nomes consagrados do ciclismo espanhol e partiu para o deserto, para enfrentar os 450 quilómetros do ‘Marrocos em bicicleta’, com a missão de angariar fundos para apoiar a investigação da doença de Dent.
Por estes dias, o já ex-ciclista galego trocou o equipamento azul claro do Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel pelo vermelho da espanhola Associação da Doença de Dent (Asdent), unindo-se, entre outros, a Pedro Delgado, vencedor do Tour1988, ou Roberto Heras, tetracampeão e recordista de triunfos na Vuelta, para sensibilizar para uma doença rara e pouco conhecida.
“Embarquei nesta aventura, porque a associação procura dar visibilidade à doença de Dent, para conseguir mais meios, ou seja, dinheiro, para poder investigar sobre esta doença que é muito rara”, explicou à Lusa desde Alnif, onde hoje arranca a terceira de cinco etapas do ‘Marrocos em bicicleta’.
A Asdent nasceu há 10 anos, por iniciativa de Eva Giménez, a mãe de Nacho, um menino que “foi o primeiro diagnosticado em Espanha com Dent”, uma doença rara – tão rara que, no mundo, os casos se contam em poucas centenas - e hereditária que afeta os rins.
“Esta associação tem quatro investigadores – dois em laboratório e dois num hospital – a trabalhar para tentar encontrar uma solução e, se não puderem encontrá-la, pelo menos a tentar que quem tem esta doença possa ter uma vida o mais normal possível. Este é um longo processo, mas entre todos vamos tentar dar visibilidade e angariar o máximo de dinheiro possível”, notou.
‘Reformado’ há pouco mais de um mês, o galego de 41 anos não hesitou em aceitar o desafio que, entre segunda e sexta-feira, o vai fazer percorrer 450 quilómetros, a maioria dos quais em pleno deserto, depois de, no ano passado, ter conhecido a Asdent ao abraçar outra aventura, a de cumprir, de fora, a 15.ª etapa da Volta a Espanha – fez os mesmos 230,8 quilómetros entre Mos e Puebla de Sanabria que o pelotão da prova espanhola.
“Quando me perguntaram se podia vir, falei com a minha equipa, perguntei se havia corridas, se podia usar os logos da associação, e eles não puseram qualquer impedimento, perceberam a importância desta iniciativa”, contou o bicampeão da Volta a Portugal (2014 e 2015).
No ‘Marrocos em bicicleta’, que cruza o Atlas, encontrou uma dureza bem distinta daquela que enfrentou nas 20 épocas como ciclista profissional. “O percurso aqui… [ri-se]. No primeiro dia, não houve areia em demasia, embora fosse deserto. Não era areia, eram mais pedras, por onde ainda se conseguia pedalar mais ou menos bem, fizemos três subidas”, descreveu, referindo-se à primeira etapa, que ganhou.
Mas a missão complicou-se na segunda tirada: “Foi totalmente diferente. Foi muita areia, está-se a levantar vento. Foram 114 quilómetros de areia, muito duros, com uma montanha”.
Ainda assim, Veloso confessou à Lusa, numa conversa entrecortada pelo vento, que “a experiência está a ser muito boa, está a ser espetacular”.
“O resto, vamos ver”, disparou, ao ser questionado sobre se gostaria de vencer a prova, que hoje prossegue com a terceira etapa, uma ligação de 108,14 quilómetros entre Alnif e Rissani, em que a caravana entrará efetivamente no deserto.
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