Introduzido no país no longínquo ano de 1930, o basquetebol, modalidade que viria a ser um dos principais símbolos de expressão e reconhecimento de Angola no contexto das nações, celebra hoje (dia 18) 85 anos de existência, numa altura em que os angolanos assinalam quatro décadas de independência nacional.
Ainda sob o domínio colonial, o país, mais precisamente a cidade de Luanda, viu nascer a modalidade de um recinto areal (impróprio para a sua prática), mas a resistência do colonizador que, no intuito de fazer face à escassez de recursos na época, optava teimosa e erradamente por manter órfãos de liberdade os povos do então território ultramarino de Angola parece ter-se reflectido no campo basquetebolístico, pois os clubes demoraram a abrir as portas à “bola ao cesto”.
O percurso para a afirmação foi duro e longo, tendo em conta que o trabalho iniciou numa altura em que Angola era um país soberano recem-nascido (cerca de três meses), quando em Fevereiro de 1976 o professor Victorino Cunha convocou e orientou a primeira selecção do pós-independência, a qual fez o primeiro "teste" com a Nigéria, para quem perdeu por (62-71), num desafio enquadrado nos festejos do início da Luta Armada de Libertação Nacional.
A situação desmotivadora que se viveu antes da independência, consubstanciada no reduzido número de clubes e infra-estruturas, não desanimou, no entanto, os povos oprimidos (entenda-se praticantes), que persistiram na luta tendente à sua afirmação, num universo desportivo em que a primazia pendia para disciplinas como o atletismo, a vela e o remo.
Lançaram-se as bases do desafio. E, de 1975, altura em que se ascendeu à Independência, até aos dias de hoje, o basquetebol tem sido, a par do andebol e do desporto adaptado, a modalidade que mais conquistas e prestígio dá aos angolanos, elevando bem alto o seu nome, hino e bandeira nacional.
Pode-se afirmar, categoricamente, que a modalidade transformou o país no mais digno representante africano em provas além continente, quer seja em termos colectivos, ou individuais, pois teve razoáveis campanhas em mundiais e jogos olímpicos e no que concerne a África colocou sempre nomes de seus executantes na linha de frente.
Como exemplos que traduzem a dimensão da livre expressão do basquetebol angolano pelo mundo fora, temos a referir, entre outros, a conquista da edição 2008 da Taça Inter-continental "Borislav Stankovic", a melhor classificação africana em mundiais e jogos olímpicos (10ª posição), os títulos de melhor marcador nas Universíadas Mundiais de Edmonton-83 (José Carlos Guimarães), de 2º melhor triplista no Mundial de Toronto-94, no Canadá, (Herlander Coimbra) e a integração de três jogadores na única selecção continental formada até agora em 1985 (Jean Jacques, Gustavo Conceição e José Carlos Guimarães), por ocasião do Jubileu da então Associação das Federações Africanas de Basquetebol Amador (AFABA, hoje FIBA-África). Os três integraram o cinco inicial.
Jean Jacques da Conceição foi eleito pela FIBA-África o melhor basquetebolista africano de todos os tempos e é o único africano no Hall da Fama, “tribuna” onde constam os melhores da modalidade a nível mundial.
Aos 11 troféus africanos da selecção nacional masculina e dois da sénior feminina, juntam-se títulos de jogadores mais valiosos do continente “MVP” (Jean Jacques, Miguel Lutonda, Kikas Gomes, Carlos Morais e Nacissela Maurício) e o domínio na Taça de Clubes Africanos, onde o 1º de Agosto tem oito títulos, o Petro e Libolo um cada em masculino, enquanto na classe feminina o Interclube conta três conquistas e o d’Agosto uma.
Não se pode apagar da memórias dos cidadãos nacionais, quer seja adeptos da modalidade ou não, o mérito de ter sido o basquetebol angolano a produzir factos que tiveram eco a nível da imprensa internacional, como o “baptismo” das “estrelas” da Liga Professional Norte-americana de Basquetebol (NBA) nos jogos olímpicos, competição em que estavam vetadas de participar, e a histórica vitória por vinte pontos de diferença sobre a Espanha (83-63), uma das melhores selecções do mundo, em plena olimpíadas de Barcelona-92.
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