Enes Kanter, pivot turco do Boston Celtics da NBA, criticou esta terça-feira o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan pela ofensiva militar que lançou há duas semanas contra as forças curdas no norte da Síria.

"[Erdogan] não respeita os direitos humanos. Não há democracia. Não há liberdade de expressão ou religiosa na Turquia. Definitivamente, é um homem muito mau. Chamei-o de Hitler de nosso século por uma razão", criticou basquetebolista em uma entrevista para a rede americana CNN.

O jogador, que assinou com os Celtics depois de jogar com os New York Knicks e Portland Trail Blazers na temporada passada, fez um alerta sobre os acontecimentos no norte da Síria.

"Tenho muitos amigos curdos e são pessoas incríveis. O que está a acontecer é uma tragédia humana porque muitos homens, mulheres e crianças inocentes estão a morrer. E acho que a Turquia deveria interromper a sua invasão na Síria", declarou Kanter.

O turco, de 27 anos, garantiu que continuará a dar a sua opinião apesar da ameaça de represálias contra ele e a sua família na Turquia. "Estou a tentar despertar uma consciência sobre o que está a acontecer porque tenho uma plataforma. Estou a tentar ser a voz de todas essas pessoas inocentes que não têm voz. É muito triste porque no fim das contas é meu país. Amo o meu país", afirmou.

Na Turquia, país com grande tradição no basquetebol, o governo de Erdogan considera Kanter um criminoso pelo seu apoio ao clérigo americano Fethullah Gulen, a quem acusa de organizar um golpe de estado em 2016.

O apoio de Kanter a Gulen fez com que as autoridades turcas pedissem à Interpol uma ordem de prisão, o que poderia teoricamente desencadear na detenção do jogador caso ele deixe os Estados Unidos da América. A televisão turca negou-se a transmitir as partidas da NBA em que Kanter aparece.

As novas declarações políticas do jogador ameaçam também desatar uma nova crise extra-desportiva na NBA após a crise diplomática no início de outubro que afetou as relações entre a liga americana e chinesa devido a uma publicação do executivo do Houston Rockets, Daryl Morey, em apoio aos manifestantes pró-democracia de Hong Kong.