O maior desejo dos jogadores do mini-basquetebol do Barreirense é retomar a competição, mas ainda vão ter de esperar até junho, pelo menos, disseram, na segunda-feira, os responsáveis do clube.
Um a um, os jogadores do escalão sub-12 iam chegando ao ginásio da sede do Barreirense para a retoma dos treinos coletivos da modalidade, considerada de risco médio de transmissão da covid-19, mas, apesar de cumprirem todas as regras de segurança ainda exigidas, não deixaram de pedir mais.
“Jogar muito, aprender mais ‘basket’ e isso”, foi o desejo expressado de imediato pelo pequeno Gonçalo Manaia, de 11 anos, quando questionado sobre o que esperava para os próximos tempos, assim como o companheiro de escalão, Gonçalo Nóbrega, de 10 anos, que quer “jogar contra clubes, jogar fora”.
Ambos já tinham passado pelo controlo da entrada, onde à chegada de cada um dos 16 jovens foi medida e registada a temperatura corporal e onde, instintivamente, e sem que ninguém precisasse de o indicar, praticamente todos lançavam de imediato as mãos ao distribuidor de álcool em gel para desinfetar as mãos.
Sinais de uma ‘nova normalidade’ que mantém o futuro incerto para todos os clubes do distrito, onde a Associação de Basquetebol de Setúbal (ABS) “está à espera que os clubes respondam quantos miúdos retomaram os treinos”, antes de avaliar a possibilidade de haver competições, explicou o coordenador do mini-basquetebol, Jaime Brito Torre.
Ainda assim, o Barreirense planeia levar avante o torneio Neemias Queta e tem duas datas em cima da mesa: 12 e 13 de junho é a primeira opção, mas, se houver constrangimentos pandémicos, a competição passará para 10 e 11 de julho. Até porque, neste momento, ninguém tem certezas sobre o futuro.
“Não tenho a certeza. Isto, crenças… Eu gostava muito que não houvesse mais paragens. Vamos ver, isso depende do desenvolvimento da pandemia. Esperemos que não haja”, disse o coordenador que também exerce a profissão de médico.
Também por isso, o vice-presidente para o basquetebol do Barreirense considera que “nem tão cedo vai ser possível” retomar as competições, pelo menos, até a situação “estabilizar em termos da vacinação”, mas mantém a esperança na realização do torneio apadrinhado pelo jogador formado no clube, que este ano se apresenta ao ‘draft’ da NBA.
“Estamos a falar de um torneio que será em junho. Temos a esperança de que as coisas também estejam mais calmas. Já tivemos o ‘OK’ da Federação [Portuguesa de Basquetebol], mas depois temos de ver se será possível ou não. Temos duas datas, junho e julho, se for permitido. Senão, teremos de ver”, explicou Alexandre Almeida.
Para já, a preocupação passa por perceber quantos jovens atletas poderão ter sido ‘perdidos’ devido à interrupção que durou desde janeiro, apesar de, conforme sublinhou o dirigente, os treinadores terem tido a preocupação de estar “sempre em contacto e com treinos através do Zoom”, uma plataforma de videoconferência que permite múltiplos utilizadores.
A missão, aparentemente, foi bem-sucedida e o coordenador do ‘mini basket’ do Barreirense acredita que podem ter apenas “perdido três ou quatro” de cerca de 50 crianças que o clube movimenta nos escalões mais jovens.
“Este é o primeiro trino de sub-12. Apesar de estarem aqui só 12 jogadores, os outros oito são miúdos que hoje [segunda-feira], normalmente, não podem vir. Vamos ver, desses oito que faltam, se perdi um ou dois destes sub-12. Dos outros, temos de esperar, porque não há nada como ver mesmo quem é que vem aos treinos, ainda é cedo para ver”, disse Jaime Brito da Torre, enquanto ‘varria’ o pavilhão com o olhar.
Pelo menos, quatro dos jovens que faltavam não foram “perdidos” e juntaram-se ao treino já depois de o coordenador ter falado com a Lusa, entre os quais Caetano Machado, que tem também um irmão nos sub-16, revelou o pai à porta do pavilhão, já depois de assinar, à chegada, a folha que reconfirma a tomada de conhecimento das normas covid-19 em vigor e que o seu descendente não teve sintomatologia da doença desde a última presença.
Ricardo Machado esforçou-se, durante a paragem que durou desde janeiro, para “arranjar alguma alternativa” aos treinos por Zoom, levando os filhos "até a algum campo ao ar livre", mas admitiu que “foi complicado” manter a motivação.
“Os miúdos estavam ansiosos por este regresso” e a atividade física, “ainda por cima de um desporto coletivo”, é também “muito importante para a formação deles”, disse à agência Lusa.
Quanto à segurança, o encarregado de educação não teve dúvidas em concluir que os treinos de basquetebol são seguros, “se calhar até mais do que com a escola”.
“Se fizermos o comparativo com as escolas, eu acho que aqui as condições são melhores. É um número limitado de miúdos, o espaço é arejado e grande. Eles também não fazem treino de contacto, para já, fazem treino individual, portanto sinto-me seguro”, garantiu Ricardo Machado.
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