Edy Tavares, que milita no Real Madrid, revelou à agência Lusa que pretende erguer em julho uma escola de basquetebol na ilha do Maio, no sota-vento de Cabo Verde, onde foi descoberto para a modalidade.
"Estou a tentar recolher apoios para construir a minha fundação e lançar uma escola de basquetebol em julho, quando estiver de férias na ilha do Maio. Só não tenho datas exatas, uma vez que ainda não sei bem quando terminará a época em Espanha", apontou o internacional cabo-verdiano.
Sendo o basquetebol, a par do andebol, a segunda modalidade mais praticada no país, logo atrás do futebol, Walter Tavares, conhecido pela alcunha de ‘Edy', acredita que haver locais a despontar no estrangeiro em pleno desporto de alta competição tem despertado as gerações mais jovens.
"A intenção é que as pessoas se acostumem a jogar basquetebol e ganhem amor pela modalidade. Há que cultivar a prática desde infância, para que os miúdos possam decidir se querem fazer do desporto a sua vida, seja no basquetebol ou noutras modalidades", referiu, reforçando o comprometimento com o futuro manifestado pela Federação Cabo-verdiana de Basquetebol (FCBB).
Em colaboração com o jogador ‘merengue', a entidade criou em janeiro a Liga Mini-basket Edy Tavares - Malta+, iniciativa destinada às crianças até 12 anos, cuja primeira fase envolveu 14 escolas da ilha de Santiago, onde está localizada a cidade da Praia, capital de Cabo Verde. Algumas semanas depois, a FCBB entregou àqueles centros educativos um conjunto de equipamentos e materiais de treino oferecidos pelo basquetebolista natural do Maio.
"Mais do ser uma referência, quero fazer tudo o que estiver ao meu alcance para que os miúdos cabo-verdianos desfrutem de melhores condições e mais oportunidades para se divertirem e chegarem longe", sustentou.
Como qualquer criança naquela nação insular, Edy queria ser futebolista enquanto estudava e ajudava a mãe a vender peixe e leite, mas o destino trocou-lhe as voltas e o improvável tornou-se possível. Sem nunca ter pegado numa bola de basquetebol até aos 17 anos, os 2,21 metros de altura do poste impressionaram um turista alemão, que o recomendou a um responsável pelas camadas jovens do Gran Canaria, da principal liga espanhola.
"Não sabia muito de basquetebol, só do Michael Jordan e do Magic Johnson. Começar a jogar tarde foi uma desvantagem, pois não tive uma formação completa. Acabei por chegar onde cheguei por causa de treinadores e companheiros que me deram todo o conforto para que me esforçasse ao máximo, aprendesse as regras e pudesse ganhar um pão no final de cada dia", recordou, admitindo que a estatura foi "uma ajuda decisiva" nessa adaptação.
Dentro dessa lógica, Walter construiu um perfil "enérgico, intenso e agressivo" no setor defensivo, que o guiou aos palcos da Liga Norte-americana de Basquetebol (NBA) e à seleção nacional de Cabo Verde, 91.ª no ‘ranking' mundial, pela qual deixou de atuar em 2013, quando alcançou o sexto lugar no Afrobasket.
"Quis focar na minha carreira no estrangeiro. Foi uma decisão difícil de tomar, mas concordaram comigo", recordou o poste, que sente "muitas saudades" e aventou a "disponibilidade" de tornar a vestir as cores nacionais.
Longe dos tempos em que usava roupas de familiares tão altos como ele e caminhava descalço ou com uns chinelos que lhe deixavam de fora metade do pé tamanho 54, Edy denota um misto de "felicidade, orgulho e responsabilidade" sempre que é recebido em casa após meses de ausência.
"Os cabo-verdianos costumam estar atentos aos meus jogos e perguntam várias vezes quando irei montar um campo de basquetebol. Sei que é difícil, mas vamos tentar fazer alguma coisa por eles", afiançou.
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