Caster Semenya garante que não vai desistir na sua luta pela igualdade e de poder voltar a correr os 800 metros. A sul-africana não poderá revalidar o seu título olímpico em Tóquio este verão devido a uma norma da Federação Internacional de Atletismo sobre hiperandroginismo. As atletas com um nível de testosterona superior a 5 nanomoles por litro de sangue durante um período de seis meses, no mínimo, não podem competir nas provas entre os 400 metros e a milha (1600 metros), a não ser que se sujeitem a medicação para baixar os níveis de testosterona.

Semenya, que tem hiperandrogenia, tem mantido um 'braço de ferro' sobro o assunto com a World Athletics desde 2009 e promete não desistir.

A 08 de setembro de 2020, a sul-africana perdeu o recurso apresentado perante o Supremo Tribunal Federal Suíço, com base no qual pretendia competir sem ter de passar por um tratamento hormonal. A decisão  rejeita em nome da "equidade desportiva" a pretensão de Semenya, que assim continua obrigada a fazer tratamento hormonal para baixar a taxa de testosterona, isto se quiser competir como atleta em competições oficiais.

Depois de ver o Tribunal Arbitral do Desporto negar-lhe razão no recurso que apresentou contra a World Athletics, a sul-africana recorreu ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos em fevereiro de 20201 para que seja tratada como uma mulher normal. E promete recurso para todas as instituições nacionais e internacionais.

Numa entrevista ao jornal britânico 'The Guardian', Semenya admitiu que este caso está a destrui-la.

"Querem que destrua o meu próprio sistema. Não estou doente, não preciso de drogas", garantiu.

A sul-africana recusa a medicar-se para baixar os níveis de testosterona por entender que as suas conquistas advém do seu árduo trabalho: "Treinei como uma escrava para ser a melhor. Vi Usain Bolt a treinar e os seus treinos são impressionantes, tal como os meus. Nasci com altos níveis de testosterona mas tive de trabalhar para ser a melhor. É aí que entra a formação e o conhecimento".

Para justificar a sua recusa em medicar-se, Caster Semenya deu o exemplo de grandes atletas que tiveram sucesso graças ao seu físico.

"Os braços de Michael Phellps são largos o suficiente para ele fazer o que quiser, os pulmões dos nadadores são diferentes de uma pessoa normal. Os jogadores de basquetebol, como LeBron James, são altos. Se se proibisse os jogadores altos de jogarem, o basquetebol seria o mesmo? O Usain Bolt tem músculos incríveis, também vão impedi-lo de correr? Os meus órgãos são diferentes e posso até ter a voz grossa, mas sou uma mulher", declarou ao 'The Guardian'.

Na mesma entrevista, a sul-africana, duas vezes campeã olímpica nos 800 metros, garante que está a lutar pelas 'Caster Semenyas' de amanhã.

"Estão a matar o desporto. As pessoas querem ver atuações extraordinárias. Eu, se fosse um líder, daria às pessoas o que querem. Sebastian Coe [presidente da Federação Internacional de Atletismo] tem de atuar no interesse de todos os desportistas mas neste momento quer é categorizar-nos", atirou.

Neste momento, está a tentar apurar-se para os Jogos Olímpicos nos 1500 metros. Este ano sagrou-se campeã nacional da África do Sul nos 1500 metros mas com o tempo de 15:52.00, 42 segundos mais que a marca olímpica exigida (15:10.)

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