A secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Rosa Monteiro, defendeu hoje a introdução de quotas no setor desportivo para promover a paridade de género tanto no número de praticantes como em outros cargos.
Durante o debate virtual "Mulher, Desporto e Igualdade", promovido pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF), a governante acentuou a importância da educação, da capacitação, da informação, da formação e de dar maior visibilidade ao desporto no feminino, para que aumentem os exemplos de mulheres que possam servir de inspiração para as mais jovens, mas realçou que "não podemos confiar apenas nos mecanismos de autorregulação".
Rosa Monteiro deu o exemplo do que aconteceu no mundo da política e das empresas, onde foram implementadas "medidas de ação afirmativa, de ação positiva", que não se resumem às quotas e que fizeram Portugal subir 13 lugares no ‘ranking’ internacional de acesso a cargos de liderança no que toca à igualdade de género.
"Temos de ter intervenções multissetoriais, mas não ter receio de ferramentas que já estão testadas e que comprovaram serem eficazes, como é o caso dos limites de paridade e de representação equilibrada, as ditas quotas, sendo que quotas são sempre para minorias e as mulheres não são minoria", referiu a secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade.
Rosa Monteiro considerou que essa é uma das ferramentas para "vencer esses vários obstáculos no mundo do desporto" relativos à disparidade de género.
A governante salientou que a desigualdade de género "tem raízes históricas profundas e a mudança não se faz de um dia para o outro", mas existem formas de acelerar essa transformação.
Presente também no debate, o secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo, vincou a existência do Plano Estratégico Mulheres no Desporto do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) e mencionou os efeitos positivos de algumas medidas adotadas com vista a aumentar o número de mulheres praticantes de desporto e também nos cargos de liderança.
João Paulo Rebelo frisou que os contratos-programa assinados com os clubes e associações, assim como o financiamento das federações, têm prevista a majoração de projetos "que promovam a igualdade de género".
Segundo o governante, o Programa Nacional de Desporto para Todos (PNDpT) aumentou a verba para três milhões de euros.
"Triplicámos um programa que tem dado excelentes resultados nesta lógica da criação de oportunidades e da igualdade de género", sublinhou.
João Paulo Rebelo destacou que todas as atividades promovidas no âmbito do PNDpT registaram uma participação feminina na ordem dos 45 %, "um número que positivamente contrasta com a média de 30 % de participação feminina que temos nas federações olímpicas".
O Plano Estratégico Mulheres no Desporto, elencou o secretário de Estado da tutela, prevê "aumentar a participação desportiva das mulheres e raparigas; investir em espaços e locais que promovam a oferta desportiva para as mulheres; aumentar o número de mulheres na liderança; aumentar a cobertura mediática e maximizar os investimentos das entidades públicas e mesmo das empresas do setor privado de todo o setor do desporto".
João Paulo Rebelo aplaudiu ainda o anúncio da FPF de criar a plataforma Futebol Para Tod@s, de denúncia de situações de discriminação.
Rosa Monteiro enalteceu também a iniciativa, que considerou importante para "a consciencialização" dessas situações, uma forma de "facilitar a denúncia", um mecanismo que poderá ter "um efeito pedagógico" e uma forma de transformar "a realidade".
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