Samuel Barata mostrou-se hoje radiante por ter realizado um “objetivo de carreira” que perseguia “há muitos anos”, ao renovar o recorde nacional da meia maratona com o estatuto de primeiro luso de sempre a baixar da hora.
“Houve momentos em que duvidei e outros em que percebi que estava mais perto, mas acreditei sempre e as coisas tornaram-se realidade esta manhã. Estou supersatisfeito. É uma sensação incrível. Para ser sincero, ainda nem caí bem na realidade, porque isto foi tudo rápido. Acabei a prova há pouco e tenho o meu telemóvel a receber mensagens de parabéns. Significa que o trabalho tem sido bem feito”, contou à agência Lusa o fundista.
Samuel Barata, de 30 anos, correu os 21,097 quilómetros da meia maratona de Valência, Espanha, em 59.40 minutos e tirou mais de um minuto à anterior melhor marca nacional, detida por Luís Jesus desde 1997, quando logrou 1:00.56 horas, em Kosice, Eslováquia.
“Na verdade, já tinha havido um atleta português que baixou da hora, mas a marca não é válida. Foi António Pinto, que fez 59,43 numa meia maratona de Lisboa nos anos 90 [em 1998]. Ou seja, tecnicamente fui o segundo atleta a fazer isso, mas, a nível oficial, sou o primeiro. Sinceramente, não estava à espera de baixar da hora. Sabia que era possível baixar de 01:01 e o meu estado de forma apontava para 01:00.30 ou 01:00.40”, estimou.
O atleta do Benfica finalizou a meia maratona valenciana na 14.ª posição, a dois minutos do queniano Kibiwott Kandie, que repetiu o êxito do ano passado, com 57.40, e bateu por um segundo os etíopes Yomif Kejelcha, segundo colocado, e Hagos Gebrhiwet, terceiro.
“A prova tem excelentes atletas, comboios e organização e um percurso espetacular, no qual se corre rápido. Juntei o útil ao agradável e parti com ambições de correr rápido. Fiz uma boa passagem aos primeiros 10 quilómetros, de 28.12 minutos. Não tive quebra na parte final, porque também fiquei num segundo/terceiro grupo, com os europeus Carlos Mayo e Pietro Riva. Houve um trabalho excelente de entreajuda entre os três”, valorizou.
Em 01 de outubro, nos Mundiais de meia maratona, em Riga, Samuel Barata tinha feito a então segunda melhor marca lusa de sempre, com 1:01.29 horas, ao passo que, no mês anterior, em Brasov, na Roménia, erros de medição impossibilitaram a homologação pela World Athletics de novos máximos nacionais de estrada nos 5.000 e nos 10.000 metros.
Esses últimos resultados atestam a ambição do atleta natural da Covilhã em se qualificar pela primeira vez para a maratona nos Jogos Olímpicos Paris2024, meta que vai implicar mais alguns momentos competitivos de preparação, que serão desvendados “em breve”.
“Nesta altura, estou dentro do ranking, mas ainda não tenho a classificação direta. Posso bater os recordes todos, mas, se não for aos Jogos, isto não tem sentido nenhum. O meu objetivo de carreira é chegar lá e estar competitivo”, afiançou, acautelando a sua “pouca experiência” numa distância em que tem 2:10.13 horas como recorde pessoal, fixado em abril, em Hamburgo, Alemanha, e a marca de qualificação olímpica se cifra nas 2:08.10.
Comentários