A Runporto vai desclassificar pela segunda edição seguida os atletas que cruzarem a meta sem terem percorrido os 42,195 quilómetros da 17.ª edição da maratona do Porto, assegurou hoje à agência Lusa o diretor-geral Jorge Teixeira.

“Obviamente que sim, porque, na nossa perspetiva, não faz sentido estar a classificar pessoas que não completaram a maratona em prejuízo das que fizeram. Não afeta nada nas classificações da frente da corrida, mas é, sobretudo, uma questão moral”, vincou o dirigente, à margem da apresentação da tradicionalmente mais participada maratona nacional, prevista para 07 de novembro, no Salão Árabe do Palácio da Bolsa, no Porto.

Em dezembro de 2019, a Runporto excluiu 128 corredores aquando da homologação dos resultados, entre os quais 94 federados, 18 estrangeiros e 11 com um tempo de ‘chip’ [aferido pelo dispositivo que atesta as passagens de cada atleta] abaixo das três horas.

A melhor marca duvidosa era de 2:46.20 horas, mais 37.12 minutos do que o vencedor, o etíope Deso Gelmisa, que gastou 02:09.08 e ficou a apenas três segundos de igualar o recorde da maratona do Porto, na posse do ugandês Robert Chemonges desde 2018.

Entre alguns exemplos, constitui desclassificação correr abaixo dos 42,195 quilómetros regulamentares para favorecer marcas pessoais, repartir a distância olímpica por vários estafetas ou usar dorsais e ‘chips’ alheios em prol do desempenho num escalão etário.

À parte dessas atitudes premeditadas, são frequentes outras irregularidades não intencionais, como quem desiste e passa na meta para registar um tempo, além de quem procura ajudar colegas de treino durante a prova sem envergar o dorsal oficial da corrida.

Esse lote de infratores, descoberto através das câmaras de vigilância instaladas em 14 pontos intermédios de controlo, motivou uma medida pioneira em Portugal, mas quase insignificante perante 5.490 atletas inscritos e 3.762 finalizadores na edição de 2019.

Na altura, Jorge Teixeira revelou à agência Lusa que a organização estava a equacionar banir e instaurar processos-crime, caso “configure um crime de fraude”, aos atletas desclassificados que atalharem caminho nas próximas edições da maratona do Porto.

Cancelado em 2020 devido à pandemia, o evento irá desta vez dispersar o percurso de 42,195 quilómetros pela frente atlântica das cidades de Porto e Matosinhos, já que as obras no tabuleiro inferior da Ponte D. Luís I limitam a passagem por Vila Nova de Gaia.

“A travessia da ponte originava muito esse tipo de cortes. Já não iam à outra margem do rio Douro ou, quando vinham de lá, não iam à Ponte do Freixo e cortavam logo. Agora é diferente, porque não há essa chance. Estando avisados desse pressuposto de que estaremos a vigiar, acredito que isso não voltará a acontecer”, agregou Jorge Teixeira.

Outra alteração consiste no regresso do local de chegada à Avenida do Parque, junto ao Parque da Cidade, devido à instalação do centro de vacinação e testagem à covid-19 no Queimódromo, que, desde 2016, acolhia a meta da maratona e das provas associadas.

O evento começa às 09:00, junto ao Sea Life, na via do Castelo do Queijo, onde iniciam em simultâneo uma corrida solidária, este ano reduzida de 15 para 10 quilómetros, e uma caminhada de 6.000 metros, sem fins competitivos e destinada a todas as faixas etárias.