A Associação de Paralisia Cerebral de Lisboa (APCL) contestou hoje que pessoas em cadeira de rodas estejam impedidas de participar na Meia Maratona de Lisboa, enquanto a organização lamenta o transtorno e justifica a exclusão por motivos de segurança.
Antes da prova disputada no domingo, várias pessoas em cadeira de rodas foram impedidas de atravessar a Ponte 25 de Abril, quando estavam à frente do pelotão popular, cuja partida decorreu no lado de Almada da travessia.
Em comunicado, a APCL contesta o sucedido no domingo, por participar “há muitos anos” no evento, com pessoas em cadeira de rodas.
“Para surpresa de todo o grupo que integrava a participação nesta edição, foi barrado o acesso, tendo sido impedidos de participar, com o argumento de que o regulamento não permite a participação de pessoas em cadeira de rodas”, lê-se na mensagem da APCL, recordando a Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência.
Igualmente em comunicado, a organização recorda que “a não participação de concorrentes em cadeiras de rodas, cadeiras de bebés e outros equipamentos nas provas deste domingo se deve exclusivamente a questões de segurança e em consequência de incidentes graves ocorridos em edições anteriores”.
“Não obstante, somos os primeiros a lamentar o transtorno causado aos participantes que se viram privados de participar. Já entrámos em contacto com a APCL e mostrámos a nossa disponibilidade para procurar em conjunto uma forma em que possamos contar com a participação dos seus associados, salvaguardando a segurança de todos os participantes”, concluiu a organização, recordando o pioneirismo, como promotora de 20 edições de provas para deficientes motores.
Em contraponto, a APCL reclama a “total ausência de inclusão”, na edição de 2023, considerando ofensivo o recurso ao regulamento da prova, que determina: “É expressamente proibida a participação de pessoas com animais de estimação, carrinho de bebé, patins, bem como qualquer outro acessório que não seja utilizado para este tipo de provas”.
A APCL considera que esta é “uma forma camuflada de exclusão das pessoas com mobilidade reduzida”, apelando a que “todas as entidades competentes pela defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência que tomem uma posição nesta matéria”.
Os etíopes Nibret Melak e Almaz Ayana foram os vencedores, entre a elite, da 32.ª edição da Meia Maratona de Lisboa, que, no domingo, contou com 11.158 finalistas da distância, 10 mil na prova de 10 quilómetros e cerca de 500 na de sete.
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