A marchadora Ana Cabecinha assumiu o entusiasmo por competir no primeiro dia dos Mundiais de atletismo, em Eugene, nos Estados Unidos, nos 20 quilómetros marcha, juntamente com as compatriotas Inês Henriques e Carolina Costa.
“Sinto-me muito feliz por sermos as primeiras a competir. Para mim, nos últimos anos, ser das últimas a ter prova era horrível. Por vezes, a ansiedade e os nervos atrapalhavam”, reconheceu a marchadora algarvia, em declarações à agência Lusa.
Ana Cabecinha chega aos campeonatos do mundo com a 20.ª melhor marca do ano (01:31.21), longe das 01:27.46 horas, do recorde nacional alcançados nos Jogos Olímpicos Pequim2008, ou das 01:29.29 que lhe valeram o quarto lugar no Mundial2015, também na capital chinesa.
“Já estou numa fase em que não posso exigir de mim melhorar resultados dos Mundiais anteriores. A marcha evolui muito em muitos países e agendarem a prova dos 20 quilómetros para as 13:10 locais [21:10 em Lisboa], o calor não vai ajudar para que se consigam grandes marcas”, advertiu a atleta do CO Pechão.
Mesmo assim, Ana Cabecinha volta a uma grande competição, aos seus quartos Mundiais, entusiasmada, depois de “meses muito complicados” antes dos Jogos Olímpicos Tóquio2020, disputados em 2021.
“Em janeiro, tomámos a decisão de investir na época a sério. Fizemos estágio de altitude e voltou a motivação, que aumentou, em abril, quando fiz mínimos para os Europeus – há dois anos que não fazia marcas na casa das 01:31 horas”, recordou.
Recentemente recuperada da infeção pelo coronavírus que provoca a covid-19, Ana Cabecinha prometeu “ser prudente, partir com calma, para estar na luta pelo melhor”.
“Irei dar o meu melhor, lutar até ao fim. Isso é a única coisa que posso garantir”, vincou.
Na sexta-feira, na inauguração lusa dos 18.ªs Mundiais, Ana Cabecinha vai ter a companhia à partida da veterana Inês Henriques e da jovem Carolina Costa, de 42 e 24 anos, respetivamente.
“É com muita alegria que este ano tenho as duas colegas na prova. Já sentia muitas saudades de ter companhia portuguesa. É sempre bom ter a Inês comigo nos grandes campeonatos, a última vez foi nos Jogos de 2016, já a Carolina é com enorme felicidade e orgulho até porque a conheço desde pequenina mesma ainda ela era uma bebé quase, foi minha colega de treino por muitos anos e sinto que ela estar aqui que fiz um pouco parte dessa conquista. Será sempre a ‘minha’ menina”, sublinhou.
A marcha portuguesa volta a fazer o pleno das vagas femininas nos 20 quilómetros, quebrando um ciclo de representante único desde os Europeus2018 – quando Inês Henriques venceu os 50 e Cabecinha disputou a distância mais curta com Edna Barros –, algo para manter, de acordo com a recordista nacional.
“Tivemos anos de ouro na marcha em Portugal, pusemos a fasquia muito alta para a juventude que aí vem, mas não comparar a atualidade com o passado, isso só iria pressionar as novas atletas que temos. Temos de as apoiar e esperar que a Federação Portuguesa de Atletismo e os clubes continuem a investir, para não perdermos o pouco que temos”, concluiu.
Ana Cabecinha, 20.ª classificada em Tóquio2020, vai disputar os Mundiais pela sexta vez, depois de ter sido quarta em Pequim2015, quinta em Daegu2011, sexta em Moscovo2013 e Londres2017 e nona em Doha2019.
Depois da prova de estrada, programa dos portugueses nos Mundiais prossegue no estádio Hayward Field, com as qualificações no lançamento do peso, feminino, com Auriol Dongmo e Jessica Inchude, às 17:05 locais (01:05 de sábado, em Lisboa), e masculino, com Tsanko Arnaudov, depois das 18:55 (02:55), e das eliminatórias dos 1.500 metros femininos, com Marta Pen, a partir das 18:10 (02:10).
Comentários