A portuguesa Marta Pen conformou-se hoje com a celebração pela a sua melhor marca do ano nos 1.500 metros e o sexto lugar nos Europeus de atletismo ‘indoor’, em Istambul, na Turquia, enquanto sonha com a medalha.
“Nós, atletas de alta competição, muitas vezes, somos tão ambiciosos que acabamos por ver o copo meio cheio e uma das coisas que eu tenho investido muito nos últimos anos é aprender a beber o que está no copo e hoje é o sexto lugar. Por isso, vou celebrar isso. É difícil, mas prometo que hoje não vou chorar, porque a medalha é um sonho, ou um objetivo”, afirmou a atleta do Benfica.
Marta Pen, de 29 anos, foi hoje sexta classificada na final dos 1.500 metros, em 04.07,95 minutos, melhorando a sua melhor marca do ano, que lhe “alimenta” o sonho e a “mantém na luta”.
“O meu grande objetivo era sair daqui com uma medalha e com o recorde nacional. Eram duas coisas que eu gostava muito de estar aqui a celebrar com vocês”, partilhou com os jornalistas na zona mista da Ataköy Arena, em Istambul.
O melhor resultado português nos 1.500 metros femininos dos Europeus ‘indoor’ foi a vitória alcançada em Estocolmo1996 por Carla Sacramento, que detém o recorde nacional (04.04,11), desde 25 de fevereiro de 2001.
“Espero continuar a passar nestas zonas mistas e poder celebrar uma coisa boa para mim e para os portugueses”, prosseguiu a atleta do Benfica, que tem 04.06,94 como recorde pessoal, desde 2020.
Na final, vencida pela britânica Laura Muir, em 04.03,40 minutos, Marta Pen admitiu ter sentido algumas dificuldades no início da corrida.
“Os 1.500 metros são um puzzle em movimento. Temos todas cartas, mas todas temos fraquezas e pontos fortes, mas nunca sabemos. Normalmente, nestes campeonatos, as provas são lançadas. Ao ler a corrida, tentei manter a calma e procurar a oportunidade certa, mas, no final, as atletas da frente foram melhores e eu estava longe do pelotão quando tentei fechar a prova”, explicou.
E, foi nas primeiras das sete voltas e meia à pista, que Marta Pen diz ter sentido escapar o sonho: “Perdi a minha oportunidade de concretizar este grande objetivo, que era ganhar uma medalha para Portugal”.
“Sinceramente, a parte inicial acabou por destruir um bocadinho a minha corrida, porque a outra hipótese era gastar muita energia na parte inicial e, depois, na parte final não teria tanta, portanto, tive de saber ter calma e tentar esperar por uma boa oportunidade. Infelizmente, essa oportunidade chegou quando o pelotão da frente já estava bastante longe”, lamentou.
Segundo Pen, a concretização dos sonhos e dos objetivos de um atleta depende de “trabalho, talento, uma oportunidade, um bocadinho de sorte e muita confiança”.
“Obviamente ser sexta é melhor do que ser sétima, mas, para mim, as finais são para disputar as medalhas e eu achava que poderia fazer um bocadinho melhor. Eu e, de certeza, as outras nove atletas que saíram daqui sem uma medalha”, vincou.
Apesar da desilusão, o sexto lugar melhorou o 13.º alcançado em Torun2021 e confere a Pen o alento de que está “no caminho certo para atingir o objetivo”
“Este objetivo, [a medalha] eu quero manter e espero um dia concretizá-lo, mas a verdade é que, no desporto, nunca sabemos se esse momento vai chegar. E estes dias, das finais, são dias de alguma expectativa e emocionalmente duros”, concluiu.
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