Jorge Vieira, candidato à presidência do Comité Olímpico de Portugal, considerou hoje que a “aliança” entre Laurentino Dias e José Manuel Araújo sugere que os interesses individuais se sobrepuseram às convicções que fundamentavam cada uma das candidaturas.

“É relevante questionar os reais motivos subjacentes a esta “união”. Será que responde a uma genuína convergência de visões sobre o futuro do desporto ou é meramente uma solução pragmática para evitar um embate eleitoral? Esta “aliança” passa a ideia de que os interesses individuais se sobrepõem às convicções e propostas originais que fundamentavam cada uma das candidaturas”, defende.

Em comunicado enviado à agência Lusa, dois dias após a união das candidaturas de Laurentino Dias e José Manuel Araújo, o antigo presidente da Federação Portuguesa de Atletismo nota que “conquistar o poder a todo o custo parece superar a força das convicções”.

“Só o tempo determinará se esta fusão é um exemplo de união em prol de um objetivo comum ou um reflexo de interesses pessoais e conjunturais. Não nos parece que o movimento desportivo saia mais robustecido quando uma candidatura, de forma submissa, se verga a outra, nem quando a suposta dominante anula a mais fraca”, argumentou.

Laurentino Dias e José Manuel Araújo, atualmente secretário-geral do organismo olímpico, juntaram-se na terça-feira numa candidatura única à presidência do Comité Olímpico de Portugal, em que o antigo secretário de Estado do Desporto socialista encabeça a lista às eleições de 19 de março.

Segundo Jorge Vieira, nesta ‘fusão’ não são as convicções que ganham espaço, “mas apenas a aflição ou a ânsia de conquistar o poder a todo o custo”.

“Qual é o papel reservado para as equipas que já tinham sido anunciadas? Anulam-se? E as federações que, segundo as candidaturas, já teriam manifestado o seu apoio, mudam de candidato? Hoje apoiam um candidato a presidente, amanhã apoiam-no para a posição de vice-presidente noutra candidatura?”, interroga.

Para o candidato às eleições de 19 de março, “o desporto português merece lideranças sólidas, transparentes e orientadas para o futuro”.

“Pela nossa parte, julgamos que o caminho escolhido por estas duas candidaturas, inicialmente tão convictas dos seus propósitos e orientações programáticas, não é transparente nem dignifica todos aqueles que nelas investiram o seu apoio”, conclui.

Presidente da Federação Portuguesa de Atletismo durante 12 anos, Vieira é um dos candidatos à presidência do COP, juntamente com o presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes, e os antigos secretários de Estado do Desporto, Alexandre Mestre e Laurentino Dias.