Inês Henriques sagrou-se campeã da Europa de 50 km marcha, em Berlim, dominando totalmente a prova que se estreou no programa oficial dos campeonatos, para juntar este título ao de campeã mundial obtido no ano passado.
A portuguesa chegou ao ouro numa prova muito dura, o calor pôs em risco o seu final, pois os juízes estavam a monitorizar as temperaturas e, quando se atingiram as 27ºC, pensou-se nas indicações médicas que recomendavam paragem da prova se se chegasse aos 29ºC.
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Desde muito cedo que Inês Henriques se destacou das restantes e juntou-se a num grupo de homens, mas estes sentiram-se 'ameaçados' e aumentaram rapidamente o ritmo, o que deixou a atleta de Rio Maior numa corrida solitária, que granjeou uma enorme vantagem sobre as restantes, o que lhe permitiu gerir a prova depois de ter passado por dificuldades.
Terminando com 4:09.21 horas, que estabelece o primeiro recorde dos Campeonatos, Inês deixou a segunda, ucraniana Alina Tsvilyi, a mais de três minutos (4:12.44), com a espanhola Julia Takacs a subir na parte final para chegar ao pódio, com 4:15.22 horas.
"Inicialmente seguia muito bem, mas a temperatura foi subindo ao longo da prova, e, por volta dos 30 km, senti dificuldades, e a perna cedeu um pouco. Felizmente tinha uma grande vantagem e controlei a prova. Assim, juntei ao título de campeã do mundo o de campeã da Europa", afirmou Inês Henriques.
A atleta de Rio Maior, de 38 anos de idade, andou a ritmo de recorde do mundo até aos 30 quilómetros, onde passou com 2:25.18, mais de um minuto melhor do no Mundial de Londres (2:26.35), mas já estava em quebra. "Pretendia bater o recorde do Mundo, mas com as dificuldades não foi possível, mas o principal objetivo era ser campeã da Europa", disse a ribatejana.
Já com o treinador ao lado, Inês levou um 'raspanete': "Não devias ter ido com os homens, mais uma vez desobedeceste", disse Jorge Miguel. Inês pediu desculpa e acrescentou que a vantagem sobre a segunda foi bem grande, "mas poderia ter sido muito maior, se tivesse sentido uma temperatura mais agradável", frisando que agora aparecerão mais atletas e com melhores registos, o que implicará "obedecer cegamente às indicações do treinador".
Confiante, Inês Henriques já acenava para a bancada aos 18 km, e antes o seu momento de dança antes da partida, descontraída, não passou despercebido na transmissão televisiva. "Foi um momento brilhante, sim. O meu treinador disse para me divertir e foi o que eu fiz, estava tão contente que só pensei em deixar-me embalar com o ritmo", afirmou.
Ao mesmo tempo, decorria a final dos 50 km marcha, onde os portugueses ficaram aquém dos seus objetivos, com Pedro Isidro a ser o único a terminar a prova, em 24.º lugar, com a marca de 4.11.44, mas em grandes dificuldades, com queixas do tendão de Aquiles.
João Vieira, o outro português presente, desistiu aos 28 km e estava muito pesaroso no final da competição. "Preparámos muito bem estes Campeonatos, mas há coisas que nos ultrapassam. Eu seguia muito bem, mas comecei a ter fortes dores nos gémeos e tive que parar, já não chegaria a nenhum resultado. Foi perder o sonho que tinha", disse.
O vencedor foi o ucraniano Maryan Zakalnystkyy (3.46,32 horas), que geriu melhor a prova do que o eslovaco Matej Toth, campeão mundial em 2015 e campeão olímpico em 2016, que chegou a andar na frente, mas também quebrou bastante na fase final.
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