O presidente da Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) lamentou hoje, “mais do que o quantitativo, o valor simbólico” do corte no financiamento decidido pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), alertando para o “subfinanciamento crónico do desporto”.

“Mais do que o quantitativo, o valor simbólico é que é preocupante para muitas federações envolvidas neste hipotético corte. Representa uma desvalorização para o desporto”, observou Jorge Vieira, em declarações à agência Lusa, considerando que a decisão é mais gravosa por ter sido tomada em ano pré-olímpico.

O presidente da FPA ainda espera que esta seja revertida, mas lamentou que, “mais uma vez, perante as dificuldades de gestão de dinheiros da Santa Casa”, seja o setor do desporto, “pelo seu valor reduzido, a arcar com estes cortes”.

“Mas é bom, e julgo que isso já está a acontecer, que o Governo tome uma posição neste campo e que dialogue com a Santa Casa e as federações sobre o que é por muitos de nós considerado um subfinanciamento crónico do desporto”, assinalou.

O secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Correia, anunciou hoje que vai pedir “uma reunião urgente” com a provedora da SCML, Ana Jorge, que informou as federações desportivas da necessidade de rever o plano de patrocínios, a um ano de Paris2024.

“Trata-se de uma política de apoio que cumpre na íntegra a missão da SCML, assente no relevante papel social do Desporto. Por outro lado, esta decisão é anunciada a menos de um ano dos jogos Olímpicos e Paralímpicos, provocando maiores impactos ao setor”, notou João Paulo Correia, numa publicação na rede social Twitter.

O líder federativo recusou revelar o valor do corte à FPA, que foi justificado com “a conjuntura económico-social”, que conferiu “novas exigências sociais e financeiras à SCML no que diz respeito ao apoio das populações mais vulneráveis”.

“O que posso dizer é que os valores não são significativos. São valores importantes, mas sem grande significado percentual, muito menos no caso da federação de atletismo, dada a sua natureza multidesportiva. O que me preocupa é o valor simbólico deste corte”, reforçou Jorge Vieira.