A pandemia de COVID-19 é uma “grande oportunidade para repensar o atletismo” português e a federação (FPA) está a preparar um “plano audaz” para desenvolver a modalidade, disse hoje o presidente do organismo num debate por videoconferência.

Jorge Vieira apontou para a próxima semana a apresentação de um documento que está a ser preparado pelo organismo para “desenvolver a modalidade”, um projeto que pretende desenvolver um atletismo diferente, mas “sem descaracterizar a modalidade”.

“Não queremos fechar as portas da modalidade como já vimos outras a anunciar radicalmente, mas tudo o que estamos a preparar são condições para que os atletas retomem os treinos com muito cuidado, prudência, distância social e desinfeção”, explicou o dirigente no decorrer de um debate organizado pela Associação de Atletismo de Aveiro.

O líder da FPA referiu, ainda, que “é impossível calendarizar o futuro” e explicou que quando se aponta o regresso das competições para o verão se está a “navegar à vista” e lembrou que a FPA tem a responsabilidade de “zelar pela imagem” da modalidade.

Por isso, deixou “uma pista” relativamente ao plano que está a ser elaborado pela FPA, que pretende reformular um quadro competitivo que tem “quase um século”.

“Queremos ter uma grande competição de corta-mato estrada e pista para fazer um ranking de clubes e atletas. Será uma forma de voltar a estimular o meio-fundo, disciplina que tão bons resultados teve no passado”, desvendou.

Quanto aos planos para retomar as competições, Jorge Vieira sublinhou que a FPA tem “intenção de fazer provas antes do final do ano”, mas apontou para formas alternativas às competições tradicionais.

“Podemos fazer, por exemplo, duelos entre atletas, que podem animar a modalidade, antes de transitar para provas mais formais, com distanciamento, até poder voltar à normalidade”, apontou.

A finalizar, Jorge Vieira lembrou ainda que o facto de outras modalidades estarem a encerrar a atividade de forma taxativa pode ser “mais uma oportunidade” para cativar novos praticantes, se o atletismo for capaz de manter a atividade e aplicar os planos alternativos que preconizou.

Após a declaração de pandemia, em 11 de março, as competições desportivas de quase todas as modalidades foram disputadas sem público, adiadas – Jogos Olímpicos Tóquio2020, Euro2020 e Copa América -, suspensas, nos casos dos campeonatos nacionais e provas internacionais, ou mesmo canceladas.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 304 mil mortos e infetou perto de 4,5 milhões de pessoas em 196 países e territórios.

Em Portugal, morreram 1.190 pessoas das 28.583 confirmadas como infetadas, e há 3.328 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.