O Kremlin rejeitou hoje o apelo “infundado” do diretor da Agência Antidopagem da Rússia (Rusada), Yuri Ganous, a Vladimir Putin, para que interviesse no sentido de fazer cumprir as ordens dos organismos internacionais e evitar novas sanções.
“O diretor (da Rusada), infelizmente, não está plenamente consciente do trabalho em curso entre representantes russos e da Agência Mundial Antidoping, que vieram a Moscovo”, disse aos jornalistas o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
Numa carta aberta publicada na quinta-feira, o diretor da Rusada, Yuri Ganous, apelou a Vladimir Putin para intervir no sentido de permitir à Agência Mundial Antidopagem (AMA) o acesso aos dados do antigo laboratório moscovita antes do final do ano, caso contrário, a agência russa corre o risco de novas sanções.
“Estamos perto do fim, e peço-lhe que defenda o presente e o futuro de um desporto limpo na Rússia”, afirmou Yuri Ganous, num vídeo enviado a Vladimir Putin e publicado no sítio da Internet da Rusada.
Em setembro, a AMA levantou a suspensão do laboratório russo, decretada no final de 2015, mas para que a decisão seja efetiva, precisa de receber os dados de controlos antidoping efetuados por Moscovo entre 2011 e 2015, com o prazo a terminar em 31 de dezembro.
O caso remonta ao escândalo levantado pelas revelações do relatório do jurista canadiano Richard McLaren, que descobriu uma rede destinada a forjar resultados de controlos que envolvia membros do Estado russo.
“Ele (Yuri Ganous) simplesmente não conhece os detalhes”, referiu Dmitry Peskov, acrescentando que muitas das preocupações levantadas na carta aberta difundida na quinta-feira “são infundadas”.
Ganous pede “uma solução urgente” para uma situação que pode levar a que a Rússia “fique isolada no desporto”, depois de o caso já ter levado à exclusão de atletas de pista nos Jogos do Rio2016 e nos Mundiais de atletismo de 2017, além da participação de russos sob bandeira neutra nos Jogos de Inverno PyeongChang2018.
Se as amostras não forem entregues até ao final deste ano, as sanções da AMA podem ir até à proibição de atletas russos em novos Jogos Olímpicos, desta feita em 2020, no Japão.
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