Desde esse ano (1993) que a seleção não falhou uma grande prova, primeiro de dois em dois anos e depois anualmente, e conseguiu sempre colocar judocas em lugares de honra, até ao sétimo lugar, ou com medalhas, muitas das quais aos ‘ombros’ de Telma Monteiro.

A judoca do Benfica, de 37 anos, que em Doha foi eliminada logo na estreia em -57 kg, é mesmo assim quem acumula mais medalhas da história do judo português, pertencendo-lhe cinco (quatro de prata e uma de bronze), mais de um terço das 14 conquistadas.

Entre o último ano, em Tashkent, e os Mundiais de 1993, em Hamilton, no Canadá, não existe comparável aos resultados de Doha, em que a seleção, que contou com 11 judocas em prova – oito eliminados na estreia -, sai sem conseguir estar nos lugares de decisão.

Depois do sétimo lugar de Justina Pinheiro em 1993, a seleção teve vários sétimos e quintos lugares, mas também lugares de pódio, que Portugal alcançou pela primeira vez em Chiba, em 1995, quando Filipa Cavalleri conquistou o bronze em -56 kg.

Depois disso também Guilherme Bentes, que hoje esteve nas bancadas de Doha a apoiar Patrícia Sampaio, foi bronze em Paris em 1997, bem como Catarina Rodrigues, atual quadro da União Europeia de Judo, em 2001, e João Neto em 2003.

Quando não houve medalhas, que Telma Monteiro assegurou em cinco ocasiões (2014, 2010, 2009, 2007 e 2005), foram alguns os lugares até ao sétimo, ora por Leandra Freitas, Célio Dias, Joana Ramos (também quinta), Yahima Ramirez (quinta), Catarina Costa (quinta) ou Jorge Fonseca (quinto).

Em 2019, foi Jorge Fonseca que recolocou a seleção no caminho do êxito, com um inédito título mundial, que revalidou em 2021, em dois Mundiais consecutivos em que a seleção alcançou também uma medalha de prata por Bárbara Timo (2019) e um bronze por Anri Egutidze (2021).

Já nos últimos Mundiais, depois de descer da categoria de -70 kg para -63 kg, Timo repetiu a subida ao pódio, sendo a única que o conseguiu fazer, a par de Jorge Fonseca e Telma Monteiro, mas desta vez a alcançar o bronze.

Nos Mundiais em Doha, Jorge Fonseca (-100 kg) e Rochele Nunes (+78 kg) foram baixa de peso para a seleção, num momento em que ambos recuperam de lesões.

A competição no Qatar, que teve na estreante absoluta Raquel Brito (-48 kg) o melhor desempenho da seleção lusa, com três combates efetuados, seguiu-se a largos meses de conflito na modalidade, nomeadamente entre alguns judocas e o ex-presidente.

Um contexto que levou a uma queixa associativa, por incompatibilidades no cargo e em última instância, após inquérito, à destituição de Jorge Fernandes, que desde 2017 liderava a Federação e esteve nos melhores resultados de sempre.