Os judocas neutros inscritos no Grand Prix de Portugal passaram por um processo de análise de currículo e passado para poderem inscrever-se em provas da Federação Internacional de Judo (FIJ), disse à Lusa o presidente da federação portuguesa.
Sérgio Pina reagia à denúncia da embaixada da Ucrânia em Portugal, que assinalou que “pelo menos 10” judocas russos com estatuto individual neutro que estão inscritos no evento, em Lisboa, são militares das Forças Armadas da Federação Russa.
“Estamos a viver algo que se passou recentemente no Mundial de juniores [em outubro de 2023, em Odivelas]. Esta lista de judocas é enviada para a FIJ, e a FIJ tem uma comissão que analisa criteriosamente todo o currículo e passado dos atletas. Só depois de comprovar que reúnem todas as condições para poderem participar na prova é que os deixa inscrever”, disse à Lusa Sérgio Pina.
Segundo o dirigente federativo, os judocas inscrevem-se na plataforma ‘Judo Base’ só depois dessa ratificação, e a partir daí é que são permitidos em “provas organizadas ou sob a égide da FIJ”.
As regras do desporto internacional fixadas mais recentemente permitem a participação de atletas russos e bielorrussos sob bandeira neutra, desde que não tenham estado afiliados com as forças armadas dos seus países ou manifestado apoio à invasão da Ucrânia, segundo as últimas diretrizes do Comité Olímpico Internacional.
Além disso, lembra Sérgio Pina, “se estão no país é porque reúnem as condições de visto de entrada”, pelo que “é pouco provável que algum destes atletas tenha um passado que passe pelas forças militares”.
Aquando do Mundial de juniores, a participação de atletas russos sob bandeira neutra motivou a saída da seleção ucraniana, que afirmava estar presente um militar da Rússia, uma postura que tem mantido no desporto, tendo também boicotado o Campeonato do Mundo de seniores, no Qatar.
“De acordo com o site da Federação Internacional de Judo, mais de 20 atletas russos em estatuto individual neutro vão participar no Grand Prix de Portugal de Judo, que será realizado na cidade de Odivelas de 26 a 28 de janeiro de 2024. O Ministério da Juventude e Desportos da Ucrânia sabe que, entre as pessoas especificadas, pelo menos 10 participantes são militares das Forças Armadas da Federação Russa”, refere a embaixada no seu sítio oficial.
Para a embaixada ucraniana, estes atletas “não têm lugar em eventos desportivos, cujo objetivo é promover a cooperação internacional e aprofundar a compreensão mútua através de competições pacíficas”.
Desta forma, a embaixada da Ucrânia apela à Comissão Executiva da FIJ e à Federação Portuguesa de Judo para “recusarem a participação de militares russos em competições desportivas e a não se tornarem cúmplices do agressor e do seu comportamento criminoso”.
O Grand Prix de Portugal, que decorre em Odivelas de sexta-feira a domingo, tem pré-inscritos 25 judocas neutros (Rússia e Bielorrússia), dos quais 10 são alegadamente atletas russos com ligações às forças militares da Federação Russa, com base na lista divulgada pelo ministério da Juventude e do Desporto da Ucrânia.
Sem identificar quais os judocas em questão, coincidem no lote que vai competir em Odivelas Yago Abuladze, David Karapetyan, Mansur Lorsanov, Arman Adamyan, Inal Tasaev e Tamerlan Bashaev, em masculinos, e Sabina Giliazova, Daria Kurbonmamadova, Kseniia Galitskaia e Daria Vladimirova, em femininos.
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