O BE pediu terça-feira a audição do secretário de Estado da Juventude e do Desporto, do Instituto Português do Desporto e Juventude e dos judocas que escreveram uma carta aberta sobre os problemas entre a federação e os atletas.
Os requerimentos para estas audições foram divulgados pelos bloquistas na sequência do conflito aberto entre sete judocas, seis que estiveram nos Jogos Olímpicos, e a Federação Portuguesa de Judo (FPJ).
“Faltam menos de dois anos para os Jogos Olímpicos de Paris, e sucessivas notícias alertam para programas graves ao nível do relacionamento da Federação Portuguesa de Judo com os atletas do projeto olímpico”, alertam.
Por isso, os bloquistas querem ouvir no parlamento o secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Correia, bem como Instituto Português do Desporto e Juventude e os subscritores da Carta Aberta de sete judocas portugueses do projeto olímpico.
O BE recorda que em agosto, “um grupo de judocas nacionais escreveu uma carta aberta onde denunciava publicamente o que chamou de ‘clima insustentável e tóxico que envolve, neste momento, o Judo português’ e apelaram ‘à intervenção da Secretaria de Estado do Desporto, do Instituto Português do Desporto e Juventude e do Comité Olímpico de Portugal’”.
“A carta reportava desde situações de relativas à retenção de verbas das suas bolsas olímpicas para despesas que deveriam ser da própria Federação, passando por desajustes no número e no funcionamento dos estágios, até situações de discriminação e de falta de respeito”, relata.
Segundo os bloquistas, de acordo com novas informações vindas a público “o problema agravou-se ao nível da relação do presidente da Federação com os atletas”, referindo-se à denuncia feita por Telma Monteiro de que a selecionadora Ana Hormigo foi demitida por email na passada segunda-feira, “sem a equipa ou a própria saber de forma antecipada” e na véspera da viagem para uma competição de apuramento olímpico.
Também o PSD pediu a audição do secretário de Estado da Juventude e do Desporto sobre as divergências públicas entre atletas e a Federação Portuguesa de Judo, considerando que a situação tem “contornos muito graves”.
Num requerimento assinado pelo vice-presidente da bancada e líder da JSD Alexandre Poço, os sociais-democratas justificam o pedido depois de ter sido noticiado que a Federação Portuguesa de Judo despediu a selecionadora Ana Hormigo, a um dia de a seleção portuguesa viajar para competir no Grand Slam de Abu Dhabi, uma competição de apuramento para os Jogos Olímpicos 2024.
“Na sequência deste despedimento, Telma Monteiro, a judoca portuguesa mais medalhada de sempre, avançou com fortes críticas à Federação e à gestão dessa instituição presidida por Jorge Fernandes”, aponta ainda o PSD, recordando que esta atleta já tinha acusado, em conjunto com outras, o dirigente de opressão e discriminação no seio da Federação.
O PSD salienta que, em paralelo, foi noticiado que a Federação Portuguesa de Judo “terá comunicado a dois atletas a falta de verba, inviabilizando-lhes a preparação e a presença nos Jogos Olímpicos 2024”.
“Facto este que contrasta com o reforço de financiamento para o Projeto Olímpico 2024 anunciado pelo senhor secretário de Estado, tendo os respetivos contratos programa sido assinados no passado dia 14 de outubro”, sublinha o partido.
O Grupo Parlamentar do PSD “considera ser necessário e urgente esclarecer esta situação de contornos muito graves”, justificando o pedido de uma audição parlamentar do secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Correia.
Na segunda-feira, o governante lamentou as divergências entre atletas e a Federação Portuguesa de Judo, considerando que há situações na modalidade que “têm de ser esclarecidas”.
“Lamento que não tenha imperado o bom senso na modalidade, e face às acusações que são feitas por um conjunto de atletas relativamente à Federação, importa esclarecer algumas situações”, disse João Paulo Correia, à margem de uma visita às instalações do Paços de Ferreira, clube da I Liga de futebol.
João Paulo Correia identificou duas vertentes do problema, uma relacionada “com transparência e rigor na despesa da preparação olímpica dos atletas da modalidade”, que considera “terá de ser o Comité Olímpico de Portugal (COP) a esclarecer com a Federação” e uma outra englobando o facto de “alguns atletas dizerem que a federação lhes comunicou não havia mais verbas para a sua preparação [olímpica]”.
O governante, que anteriormente já tinha mediado algumas divergências entre atletas e federação, disse "não poder fingir que não há um desentendimento grave na modalidade”, mas acredita que "pode ser resolvido".
“Estamos numa fase de procurar as respostas às acusações feitas e a seu tempo a situação será esclarecida. Já a 15 de agosto foi possível promover um acordo entre a federação e um conjunto de atletas”, lembrou João Paulo Correia.
No verão, atletas como Telma Monteiro, Catarina Costa, Patrícia Sampaio, Rochele Nunes, Bárbara Timo, Anri Egutidze e Rodrigo Lopes escreveram uma carta, na qual acusavam o presidente de Federação Portuguesa de Judo, Jorge Fernandes, de opressão, discriminação e ameaças, lamentando o “clima insustentável e tóxico”.
O dirigente federativo contrapôs, dizendo que os atletas têm direitos e deveres e não podem “denegrir a imagem das pessoas”, recusando novamente as acusações que lhe foram feitas na carta aberta, lembrando que em relação às verbas do projeto olímpico “não existe dinheiro para tudo”.
Na segunda-feira, Telma Monteiro denunciou que Federação Portuguesa de Judo despediu a selecionadora Ana Hormigo, a um dia de a equipa viajar para competir no Grand Slam de Abu Dhabi, de apuramento para os Jogos Olímpicos.
O presidente de federação contrapôs, dizendo que Ana Hormigo não foi despedida, mas sim afastada das seleções, explicando em declarações à Lusa que o caso está entregue aos advogados do organismo.
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