Com o pavilhão multiusos de novo acima da metade dos seus 12 mil lugares, ambiente parecido, porém menos intenso que nos quartos de final, a seleção angolana sénior feminina de andebol vivenciou segunda-feira alguma dificuldade com os Camarões (31-19) mas no fim o resultado foi "o de sempre".
No seu sexto encontro no 22º Africano de andebol que decorre no pavilhão Multiusos em Luanda, Angola voltou a marcar acima de 30 golos e sofreu menos de 20 e derrotou o adversário com margem acima de 10 golos.
Já tinha sido assim na primeira fase, no grupo A, com a Costa do Marfim (37-18), Senegal (31-18), Camarões (30-14), RDC (38-19) e também nos quartos de final diante da Argélia (42-19). Este foi, no entanto, o jogo com o menor saldo (12 golos).
Tratava-se de uma etapa especial, crucial para quem persegue o título. Técnicos experimentados dizem que é mais difícil jogar as meias finais que a final.
Estava em jogo um passe para a final e para o próximo campeonato do mundo. O jogo era em casa, fator favorável mas que pode tanto injetar motivação quanto pressão e esta dar lugar à perturbação.
Neste cenário, diante de um conhecido da 1ª fase, a seleção angolana experimentou momentos de falha de lucidez, muito por mérito do adversário, que associou o seu poder físico à ineficácia de Angola e conseguiu “manter-se em jogo” mais tempo do que perspetivado e era habitual.
Nada na segunda-feira lembrava o jogo da terceira ronda grupo A da primeira fase. Nem dentro, nem fora da quadra. No primeiro confronto, ao intervalo, Angola tinha uma vantagem de 11 golos (16-5) e só havia consentido cinco golos. Desta vez, ao cabo da primeira parte do jogo o placar assinalava 17-12; tinha marcado praticamente o mesmo, mas sofrera mais do que o dobro.
Em campo, ao contrário da primeira partida entre si, alguns momentos de falta de lucidez, sobretudo no primeiro tempo, marcaram a prestação da seleção angolana, porém sem consequências de maior porque o adversário não teve competência e acabou por perder por 12 golos.
A necessidade de travar oponentes mais possantes e a sua defesa muito ativa levou a que, em cinco minutos, Angola tivesse já três cartões amarelos e 3-0 no placar. Esta diferença de golos foi a tónica durante quase toda a primeira parte, mas aos 22 minutos a vantagem chegou a sete golos (14-7). O intervalo chegou com "estranhos" cinco golos de diferença (17-12) e certa apreensão do público. Mas foi sol de pouca dura.
No reatamento, eram decorridos cerca de cinco minutos e a vantagem já tinha subido para 10 golos (22-12), muito por "culpa" de sucessivas defesas de Teresa Bá. A partir daí, "foi tudo como antes", apesar da evidente perturbação nas ações ofensivas, devido à marcação individual sofrida pela capitã Natália Bernardo.
Nas bancadas, no dia 30 de novembro havia pouco mais de três mil pessoas num recinto para mais de 12 mil e com laivos de euforia. Já na noite de segunda-feira, mais de seis mil adeptos, incluindo os integrantes da Orquestra Sinfónica do Kapssoka (desta vez como espectadores apenas) acarinharam as Pérolas, ruidosa e festivamente durante todo o tempo, com direito a coreografias por iniciativa de um "maestro" voluntário.
Efetivamente, o famoso "Cowboy", líder da claque do 1º de Agosto, o clube com mais adeptos no país, mesmo sem a batuta, usou o seu carisma e experiência e contagiou a "orquestra" de adeptos da seleção angolana.
Ia de bancada em bancada, setor em setor, incitando o público com sugestões de coreografias, que resultou e deu ao recinto maior ambiente festivo, já que, no fundo e apesar dos pesares, na quadra haveria mais uma vez um "final feliz".
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