Portugal apurou-se pela primeira vez na sua história para os quartos de final do Mundial de andebol, em Oslo, na Noruega, mas Salvador Salvador e Ricardo Brandão defenderam hoje que a ambição passa por fazer ainda mais.

A Alemanha, medalha de prata nos Jogos Olímpicos Paris2024 e quarta no Euro2024, que terminou em segundo o Grupo I, atrás da campeã europeia e ‘vice’ mundial França, é o adversário nos quartos de final, a decorrer na quarta-feira, na Unity Arena, em Oslo.

A invicta seleção portuguesa terminou isolada em primeiro o Grupo III da ‘main round’, à frente do também estreante em quartos de final Brasil, deixando para trás a coanfitriã Noruega, a Suécia e a Espanha, com cinco triunfos e um empate nos jogos realizados.

Para se saber da dimensão do feito, a Suécia é crónica candidata ao título, que já conquistou por quatro vezes, para além de somar quatro medalhas de prata e quatro de bronze, e terminou na quarta posição o último Mundial, em 2023.

A Espanha, campeã mundial por duas vezes e medalha de bronze nas duas últimas edições, para além de bronze em Paris2024 e dos títulos europeus em 2018 e 2020, foi outra das seleções que Portugal superou na caminhada para os quartos de final.

A anfitriã Noruega, igualmente com presença assídua na luta pelas medalhas nas principais competições, tendo conquistado a prata nos Mundiais de 2017 e 2019, o bronze no Europeu de 2020, foi outro dos candidatos que caiu com os lusos.

“Tem sido histórico. As coisas têm corrido bastante bem, temos vindo a crescer ao longo do torneio e quando as coisas são assim, com o querer, a união, a ambição que a seleção tem vindo a ter, não podemos impor limites”, disse Salvador Salvador à agência Lusa.

Jogador em ascensão, Salvador Salvador tem sido uma peça fundamental na estratégia do treinador Paulo Pereira, não só para funções defensivas como ofensivas, tendo marcado já 17 golos, seis dos quais frente à Espanha (35-26) e cinco com a Noruega (31-28).

“Felizmente conseguimos o objetivo principal que foi a conquista de chegarmos aos quartos de final, mas não queremos ficar aqui. Queremos muito jogar este jogo dos quartos de final [com a Alemanha] e chegar às meias-finais”, disse o lateral do Sporting, de 23 anos.

Salvador Salvador recordou as contrariedades ocorridas à chegada a Oslo, nomeadamente a lesão de Alexandre Cavalcanti, que o retirou de competição sem jogar, e o caso de doping de Miguel Martins, que o retirou da prova na véspera da estreia.

“Desde que aqui chegámos as coisas foram estranhas, não sei se é a palavra certa, pois tivemos a perda do Miguel [Martins] e do [Alexandre] Cavalcanti, jogadores habituados a grande jogos e a estes torneios”, apontou Salvador Salvador.

O lateral reconhece que “a seleção acabou por perder dois jogadores importantíssimos”, apesar de terem vindo jovens para ajudar a colmatar essas ausências, mas com pouca experiência e pouco tempo de trabalho com o grupo.

“Iria ser sempre complicado, mas nós tentámos dar a volta por cima e felizmente foi assim que aconteceu. Unimo-nos em redor desses acontecimentos todos e conforme os jogos foram acontecendo fomos crescendo e fomos vibrando”, explicou.

Salvador Salvador reconheceu ainda que, “quando a alma e o querer se juntam a esta ambição tremenda de querer fazer algo que ainda não tinha sido feito, as coisas podem acontecer”.

O pivô Ricardo Brandão estreou-se a marcar em Mundiais, merecendo do treinador Paulo Pereira a confiança para somar cada vez mais minutos, concretizando cinco golos em cinco remates na vitória estrondosa por 46-28 frente ao Chile.

Este tornou-se no jogo com mais golos de Portugal numa fase final de um Mundial, superando o anterior registo (42-20), frente à Austrália, em 2003, quando a competição foi disputada em solo luso.

“Estamos bastante satisfeitos com o que temos feito até agora e concretizados com o que fizemos, mas queremos ainda mais”, disse o pivô do FC Porto Ricardo Brandão, de 20 anos, que tem a sua entrada na equipa dificultada por Luís Frade, do FC Barcelona, e pelo seu colega de equipa Victor Iturriza.

“Senti-me bastante bem com a minha prestação no jogo de ontem [domingo] e estou bastante satisfeito por, acima de tudo, poder ajudar a minha equipa, seja dentro de campo, fora de campo ou onde for preciso”, disse Ricardo Brandão.

O pivô afirmou que “todos os jogos foram importantes para construir na seleção um espírito de vitória e de acreditar”, mas reconheceu que o triunfo sobre a Noruega (31-28), na última jornada da fase preliminar, terá constituído o clique.

Portugal integra o top-8 do Mundial, que tem nos quartos de final os seguintes jogos: Croácia-Hungria e França-Egito, na terça-feira, em Zagreb, e Dinamarca-Brasil e Portugal-Alemanha, na quarta-feira, em Oslo,

O Mundial, numa organização conjunta da Croácia, Dinamarca e Noruega, decorre até 02 de fevereiro, com a final e o jogo de atribuição da medalha de bronze a decorrer em Oslo, que tem sido a casa da seleção portuguesa.