Os cinco velejadores portugueses partiram na segunda-feira rumo a Tóquio com muita motivação e alguma ansiedade para a estreia nos Jogos Olímpicos, além da confiança nos treinos de preparação e adaptação para o clima japonês.
No aeroporto da Portela, onde há um espaço dedicado para a partida dos atletas olímpicos, Carolina João (classe laser radial), Diogo Costa e Pedro Costa (classe 470) e Jorge Lima e José Costa (classe 49er) despediram-se das suas famílias para uma experiência olímpica inédita para os três primeiros e com sabor a regresso para a experiente dupla de 49er.
“Não quero prometer resultados, mas prometo que vou dar o meu melhor e espero trazer para Portugal o melhor resultado possível. Espero aprender muito nestes Jogos e encarar já como uma preparação para os próximos”, disse a velejadora, que assegurou o apuramento em abril na qualificação olímpica europeia disputada em Vilamoura.
Para a atleta natural da Amadora, de 24 anos, os últimos meses ficaram marcados por uma preparação intensa, na qual se destacou o processo de treino em condições similares às que vai encontrar em Tóquio2020 ao nível de temperatura e humidade. “Acho que vai ser essencial, estivemos a treinar bicicleta em condições muito exigentes, com 35 graus e 90% de humidade, em que até custa a respirar. Acho que se vai notar e que esses treinos vão compensar”, frisou.
Igualmente a fazer a sua estreia estão os irmãos Pedro e Diogo Costa, que partem com o estatuto de vice-campeões do mundo na sua classe, mas sem esconder já alguma ansiedade e, sobretudo, “um sentimento muito especial” para a primeira participação em algo “completamente diferente”.
“Esta partida, só por si, já é diferente. É um sentimento muito bom, de responsabilidade também, porque nota-se o quão importante isto é, mas também o sentimento de querer fazer o que sabemos e o melhor possível”, assumiu Diogo Costa.
Paralelamente, o irmão Pedro realçou o trabalho em Coimbra com o professor Amândio Santos para o trabalho de aclimatização, no sentido de “continuar a elevar a performance” para permitir o máximo em “condições muito mais difíceis do que em Portugal”, segundo o velejador, que relativizou ainda as circunstâncias únicas em torno destes Jogos Olímpicos por causa da pandemia de covid-19.
“Não conhecemos outra realidade, mas, para nós, não é diferente, porque somos estreantes. Claro que sabemos que vai haver muitas restrições e que temos de ter um nível de paciência se calhar superior, mas fomos avisados e vamos tentar fazer o nosso melhor com as condições que houver. Não vamos transformar isso num problema”, asseverou.
Mais habituados a estas águas olímpicas estão José Costa e Jorge Lima, que competem juntos há já vários anos e foram dos primeiros a garantir a qualificação para Tóquio2020. De acordo com o primeiro, “as expectativas são boas”, até porque a pandemia veio dar mais tempo para afinar algumas coisas.
“Julgo que este adiamento foi favorável. Tivemos possibilidade, tempo e meios para trabalhar alguns aspetos técnicos que nos eram deficitários de alguma forma. Estamos extremamente motivados, alegres e com vontade de dar boas emoções a quem fica no nosso país a vibrar connosco”, confidenciou o velejador, enquanto Jorge Lima realçou que “há sempre nervosismo”, mesmo quando se vai já para a terceira experiência.
“Vou já com outra serenidade, uma confiança alta e a acreditar que o trabalho que fizemos vai dar frutos. Há um sentido de responsabilidade em que a competição é tão especial e acontece tão poucas vezes [na carreira de um atleta] que há sempre uma tensão, mas que é saudável e que leva a transcendermo-nos”, resumiu o elemento mais experiente da dupla, que começa a competir no dia 27 em Enoshima.
Portugal vai estar representado por 92 atletas, em 17 modalidades, nos Jogos Olímpicos Tóquio2020, que vão ser disputados entre 23 de julho e 08 de agosto, depois do adiamento por um ano, devido à pandemia de covid-19.
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