As incertezas quanto aos processos operacionais relacionados com a covid-19 têm sido um “pesadelo” para Tóquio2020 e para a Nelo, que assume como fasquia conquistar “duas em cada três medalhas” nos 12 eventos nos quais terá barcos seus.
“Realmente, não tem sido fácil, pois o protocolo e as regras mudam numa base diária, e em relação a vários aspetos. Nunca houve uns Jogos assim e a barreira linguística dos japoneses só vem complicar ainda mais”, disse à Lusa André Santos, diretor-geral da Nelo, empresa portuguesa líder mundial na construção de caiaques de competição.
O projeto de Manuel Ramos, ‘Nelo’, com sede em Vila do Conde, conquistou 27 medalhas das 36 possíveis no Rio2016, sendo que agora, no Japão, “o objetivo é ter duas das três em cada um dos eventos, algo já de si bem difícil”.
“Ter a maior parte dos barcos no pódio de todas as regatas, com mais de 20 países a ganhar medalhas não é fácil. E queremos estar consistentes nisso, tal como os atletas que apoiamos, com os nossos barcos e o enquadramento certo ao seu desempenho”, disse o dirigente.
O maior desafio para um bom desempenho destes portugueses no Japão tem a ver com “as incertezas em tudo”, desde o protocolo da utilização das instalações, datas de acesso aos locais das provas e os moldes em que vão ser feitos, como vai decorrer o trabalho em ‘bolha’ de segurança, os locais da alimentação, a dificuldade de não poder escolher hotel, nem poder ter viaturas próprias, “obstáculos difíceis de contornar quando tudo muda a toda a hora”.
André Santos, com experiência em vários Jogos Olímpicos e em cerca de duas dezenas de mundiais e europeus de pista, entende que não haja “a mesma liberdade de movimentos em virtude da pandemia”, mas deseja que as regras “fiquem definidas de uma vez por todas”.
“O nosso trabalho depende de terceiros que, ainda por cima, não têm uma imagem muito clara sobre como as coisas se vão desenrolar. A incerteza tem sido o pior, mas não altera em nada o nosso compromisso de fazermos o nosso melhor pelo sucesso dos atletas”, vincou.
Quanto à barreira linguista, o projeto luso já garantiu a presença “em permanência” na equipa de dois tradutores, “para que as dificuldades não sejam amplificadas por problemas de comunicação”.
A Nelo vai estar representada com uma equipa de oito elementos, seis a dar apoio nas regatas em linha e dois no slalom, sendo a única empresa a fazê-lo nesta especialidade: nos Jogos Paralímpicos o grupo deve ser reduzido a metade.
“Na pista, assumimos também a responsabilidade de dar apoio aos competidores de todas as marcas que não vão estar representadas com equipas de manutenção”, concluiu o responsável.
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