A nadadora Victoria Kaminskaya manifestou-se hoje “triste e irritada” por não poder participar nos Jogos Olímpicos Tóquio2020 com mínimos B, e deixou críticas à federação portuguesa da modalidade, que levaram o organismo a decidir levantar-lhe um processo de inquérito.
Nas suas páginas nas redes sociais, a nadadora admite “não ter conseguido fazer mínimo A, por cerca de um décimo”, mas lembra que a FINA [Federação Internacional de Natação], com base nos ‘rankings’, pode selecionar atletas com mínimo B, através de vagas, para preencher determinadas provas”.
“Acontece que hoje, uma atleta que estava atrás de mim no ‘ranking’ foi selecionada e eu não. Tudo porque a federação portuguesa de natação decidiu que este ano não levava ninguém por ranking e comunicou isso à FINA. Eu não estou a dizer que isto é uma novidade para mim, a federação avisou que não ia levar ninguém por ranking, mas isto foi dito antes da covid-19, em 2019. (Engraçado que isto não está documentado nem oficializado em lado nenhum, apenas palavras de uma reunião)”, refere a nadadora do Benfica.
Em declarações à agência Lusa, o presidente da Federação Portuguesa de Natação (FPN) garante que os mínimos para participação nos Jogos Tóquio2020 “estão previstos, há dois anos, no Plano de Alto Rendimento (PAR) acordado com o Comité Olímpico de Portugal (COP) e foram comunicados em várias reuniões, com treinadores e nadadores, das quais há atas”.
“A única responsabilidade de não participação nos Jogos Olímpicos deve-se à não obtenção da marca que estava prevista pela FPN e pelo COP na sua prova de referência que é os 200 bruços”, disse António José Silva, garantindo que a FPN “se solidariza com a frustração decorrente da não obtenção de mínimos”.
Kaminskaya lembra que a pandemia de covid-19 teve uma influência negativa na preparação e deixa críticas à FPN: “As circunstâncias mudaram, tivemos menos provas, estivemos dois meses parados, para não falar que as duas competições organizadas em Portugal pela federação, este ano, para a realização de mínimos olímpicos foram um completo fracasso, vergonha e falta de respeito para os atletas e treinadores que ainda estavam a tentar fazer mínimos e fizeram de tudo para treinar, voltar mais fortes e contornar as consequências da quarentena”.
Na sequência desta publicação a FPN decidiu, de acordo com o seu presidente, levantar um processo à nadadora, que marcou presença nos Jogos Olímpicos Rio2016.
“Face à gravidade das declarações difamatórias e falsas da atleta, aludindo a factos que não correspondem nem à verdade, nem ao princípio subjacente à construção dos mínimos olímpicos definidos pela federação e pelo COP, será levantado um processo inquérito, conducente a processo disciplinar à nadadora”, afirmou António José Silva.
O presidente da FPN disse esperar que “a exemplo do que aconteceu com Diana Durães, que não foi aos Jogos Rio2016 tendo mínimo B, e agora vai a Tóquio com mínimo A, a nadadora prossiga os treinos e consiga marcar presença em futuras edições”.
António José Silva referiu ainda que entre os sete atletas de natação pura que vão representar Portugal em Tóquio2020, há dois – José Paulo Lopes e Francisco Santos - que irão participar em provas com mínimo B, explicando que tal só acontece “porque têm mínimos A para outras provas e porque o regulamento da FINA o permite”.
Além de sete representantes na natação pura, Portugal vai estar representado por dois nadadores na competição de águas abertas dos Jogos Olímpicos Tóquio2020, que decorrerão entre 23 de julho e 08 de agosto.
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