“Fico muito contente com este resultado, um quinto lugar não é qualquer atleta que consegue e eu vim aqui lutar com todas as minhas forças. Consegui um lugar de finalista o que é muito bom para a minha carreira desportiva, que já vai longa, podem ser os meus últimos Jogos e assim cumpri o meu dever”, afirmou o atleta do Sporting, de 45 anos, em declarações à agência Lusa.
João Vieira chegou a Tóquio2020 como vice-campeão do mundo da distância, tendo terminado a prova em 03:51.28 horas, o seu melhor registo da temporada, a 01.20 minutos do novo campeão olímpico, o polaco Dawid Tomala, que tomou a dianteira da corrida antes dos 30 quilómetros.
Tomala chegou a ter uma vantagem de quase três minutos sobre o primeiro grupo, que contou sempre com João Vieira até às últimas duas voltas, quando ‘descolou’ do alemão Jonathan Hilbert e do canadiano Evan Dunfee, segundo e terceiro classificados, a 36 e 51 segundos do vencedor, respetivamente.
“Quando faltavam duas voltas, conversaram entre eles e decidiram atacar. Eu já não tive pernas, as minhas pulsações já estavam a disparar”, admitiu o marchador de Rio Maior.
A ‘quebra’ de João Vieira ainda permitiu que o espanhol Marc Tur alcançasse o quarto lugar, a um minuto de Tomala e com uma vantagem de 20 segundos sobre o português.
“Arrisquei e se calhar arrisquei demais, na parte final ia morrendo na praia. Sabemos que, aos 40 quilómetros, vamos encontrar o ‘muro’, mas senti-me bem, felizmente, eu só o encontrei a duas voltas do final e só tenho de ficar satisfeito pelo desempenho que tive hoje”, explicou.
João Vieira conseguiu a sua melhor classificação em seis presenças em Jogos Olímpicos, melhorando o 10.º lugar nos 20 quilómetros marcha de Atenas2004, tendo também concluído pela primeira vez a mais longa distância percorrida em provas olímpicas, à terceira tentativa.
“Foi bom, arrisquei e saiu o quinto lugar, estou contente. É o topo da carreira. Apesar de não ter sido uma medalha, um quinto lugar é muito bom, depois da medalha de vice-campeão, só tenho de estar satisfeito”, assumiu o marchador do Sporting, que soma 59 títulos nacionais absolutos na especialidade.
João Vieira, que se isolou no segundo lugar de portugueses com mais presenças olímpicas (seis), só atrás do antigo velejador João Rodrigues, até teve uma estreia negativa em Jogos, ao não poder alinhar em Sydney2000 devido a uma doença.
Seguiu-se Atenas2004 e o seu melhor resultado até hoje, o 10.º nos 20 km, distância em que foi 35.º em Pequim2008, 11.º em Londres2012 e 31.º no Rio2016. Nas últimas duas edições tentou os 50 km mas não terminou nenhuma das corridas.
A cerca de 800 quilómetros da capital nipónica, em Sapporo, onde estão a ser disputadas as provas de atletismo de estrada de Tóquio2020, a prova de hoje ficou marcada pelo ‘ataque’ inicial do chinês Yadong Luo, que durou 15 quilómetros e teve, durante a parte inicial, a companhia do francês Yohann Diniz, recordista mundial da distância (03:32.33 horas).
Depois de animar a corrida, ficando para trás duas vezes e retomando a dianteira, Diniz terminou ingloriamente a carreira, sem a desejada medalha olímpica, ao desistir após 27 quilómetros, devido a problemas físicos, pouco antes do ‘ataque’ de Tomala.
Já no Rio2016 o neto de um português tinha protagonizado a corrida. Acometido por dores intestinais enquanto seguia isolado na frente, desmaiou e levantou-se várias vezes para terminar em oitavo, totalmente debilitado.
Diniz, campeão do mundo em 2017 e campeão da Europa em 2006, 2010 e 2014, despede-se do atletismo no dia em que os 50 quilómetros marcha se despedem do programa olímpico
"Foi uma competição a mais, uns Jogos Olímpicos a mais. Não saí muito rápido, estava com dor de estômago, parei, depois tive de recuperar o atraso, voltei para o grupo da frente, mas fiquei logo cansado, não tinha pernas, tinha dores nos adutores, nas costas, não me sentia bem e tinha dificuldade para respirar. Fisicamente, o meu corpo não respondia”, lamentou Diniz, em declarações aos jornalistas, em Sapporo.
As corridas de estrada foram transferidas para esta cidade do norte do Japão, para evitar o calor e a humidade de Tóquio, tendo a prova de marcha começado às 05:30 locais (21:30 em Lisboa) com uma temperatura de 26º celsius e 85% de humidade e terminado com 32º.
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