O português Nelson Évora, campeão do triplo salto em Pequim2008, despediu-se hoje de edições de Jogos Olímpicos à sua quarta participação, rejeitando dar por terminada a carreira no atletismo.
“É o adeus aos Jogos Olímpicos. À carreira, não está em cima da mesa ainda. Aos Jogos é, sem dúvida. Tenho 37 anos e acho que tenho de fazer já um percurso de saída”, sublinhou Nelson Évora, na zona mista do Estádio Olímpico.
Nelson Évora tinha acabado de ficar afastado da final do concurso que venceu há 13 anos, após se ter lesionado no primeiro salto e conseguido depois 15,39 metros, que o deixaram no 27.º e último lugar.
“Não tenho nada a provar. Queria divertir-me, o que me deixou mais emocionado foi que logo o primeiro ensaio correr como correu e não poder desfrutar da prova”, lamentou.
Terminado o concurso, iniciou as despedidas, com amigos e rivais, na pista nipónica, num reconhecimento que Évora assinalou: “Todos os atletas presentes foram muito respeitosos e muitos aprenderam a saltar com vídeos meus, como eu aprendi com outros mais velhos. Isso vale mais do que qualquer medalha”.
“As medalhas dão estatuto, mas o respeito de todos para mim foi muito reconfortante. [Will Claye] É um superatleta, supertalentoso. Temos os nossos piques nas provas, respeitamo-nos todos. O desporto não é uma guerra, é uma competição. É contra nós mesmos, respeitando adversário, depois das provas somos todos amigos, uns mais que outros. O Claye deu-me um abraço muito forte [enquanto é abraçado por um atleta francês que se despede com a expressão ‘champion’].
Questionado sobre se o também português Pedro Pablo Pichardo, que terminou a qualificação no primeiro lugar, com 17,71 metros, o cumprimentaria se estivesse na pista na altura, Évora garantiu que não.
“Não sei porquê, não por mim, mas não teria de ser eu a abraçá-lo. O Pichardo há-de aprender com a vida. Espero que tudo lhe corra muito bem”, concluiu.
Aos 37 anos, e três meses depois de ter sido operado ao joelho esquerdo, Nelson Évora não foi além de 15,39 e dois saltos nulos, falhando a qualificação para a final, reservada para quem saltasse, pelo menos, 17,05 metros ou para os 12 melhores.
Nelson Évora chegou aos seus quartos Jogos Olímpicos, depois do ouro em Pequim2008, do sexto lugar no Rio2016 e do 40.º posto em Atenas2004, tendo 15,93 metros como melhor marca do ano.
O campeão da Europa em pista coberta, em 2015 e 2017, e ao ar livre, em 2018, tem como recorde pessoal 17,74 metros, alcançados em Osaka, no Japão, onde se sagrou campeão do mundo, em 2007.
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