Procuradores brasileiros denunciaram hoje desvios e subornos ligados à eleição do Rio de Janeiro como anfitrião dos Jogos Olímpicos de 2016, acusando o Presidente do Comité Olímpico Brasileiro (COB) de participação neste esquema.
Numa conferência de imprensa, os promotores brasileiros disseram que Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB, fez a vinculação de empresários, políticos e gerentes do Comité Olímpico Internacional (COI) no suposto esquema compra dos votos que ajudou a eleger a cidade brasileira como sede dos Jogos Olímpicos de 2016.
A procuradora Fabiana Schneider afirmou que Carlos Arthur Nuzman foi muito ativo na campanha em favor da eleição do Rio de Janeiro como sede dos Jogos e que era notório que "era um elemento central que ligava empresários e representantes do COI".
A procuradora pediu que os bens de Carlos Arthur Nuzman fossem apreendidos e seu passaporte retirado para impedir que ele deixasse o país.
A operação realizada hoje e chamada de "Unfair Play" é o resultado de uma investigação levada a cabo por procuradores brasileiros e franceses.
As primeiras denúncias sobre compra de votos na escolha da sede dos Jogos Olímpicos surgiram em França numa reportagem do jornal Le Monde.
Depois de o caso ter sido divulgado, procuradores franceses que já investigavam o envolvimento de Papa Massata Diack, filho de Lamine Diack, presidente da Federação Internacional de Atletismo, num esquema de encobrimento de doping de atletas da Rússia acabaram por descobrir que ele e a sua família também estariam envolvidos no esquema de venda de votos em favor da candidatura da cidade do Rio de Janeiro.
Segundo os investigadores brasileiros, o voto de Lamine Diack foi comprado pelo empresário brasileiro Arthur César de Menezes Soares Filho, ligado ao ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, que teria depositado em favor de Papa Massata Diack um total de 1,5 milhões de dólares (1,3 milhões de euros) em contas na Rússia e no Senegal, em 29 de setembro de 2009.
A transferência aconteceu três dias antes da votação que definiu o Rio como sede dos Jogos Olímpicos.
Menezes Soares Filho é próximo do ex-governador Sérgio Cabral e em troca do pagamento teria vencido e mantido inúmeros contratos sobrefaturados com o estado do Rio de Janeiro.
Na conferência de imprensa, a procuradora Fabiana Schneider também fez questão de frisar que o ex-governador do Rio de Janeiro Sergio Cabral, preso e condenado por corrupção, e a sua organização criminosa "efetivamente compraram o voto" para sediar os Jogos Olímpicos.
A procuradora também disse que em 2009, quando foi anunciada a escolha, a ideia divulgada para a população era de que os Jogos Olímpicos trariam desenvolvimento para o Rio de Janeiro, mas na realidade elas foram usadas como "trampolim" para a realização de atos de corrupção.
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