O presidente do Comité Olímpico do Brasil (COB), Arthur Nuzman, hoje detido, só declarou as 16 barras de ouro que tinha na Suíça após a investigação aos casos de corrupção, segundo os procuradores brasileiros.
O Ministério Público brasileiro destacou que após a primeira fase da operação "Unfair Play", uma investigação sobre a compra de votos para que o Rio de Janeiro organizasse os Jogos Olímpicos de 2016, Nuzman declarou à Receita Federal brasileira que tinha dinheiro e 16 barras de ouro, de um quilograma cada, num cofre na Suíça.
O órgão de Justiça brasileiro destacou que o património não-declarado de Nuzman - nos últimos 10 dos 22 anos de presidência do COB - cresceu 457%, não havendo indicação clara de seus rendimentos.
"Ele [Nuzman] só veio a declarar a existência de 16 barras de ouro, um quilograma cada uma, que mantinha no exterior, à Receita Federal, por meio de retificação da DIRPF [Declaração e Imposto de Renda], na data de 20 de setembro deste ano, ou seja, após a deflagração da Operação ‘Unfair Play’", afirmaram as autoridades.
Os procuradores acrescentam que as ações de Nuzman, após a operação, demonstrou obstrução às investigações, com ocultação de património.
“Além disso, documentos apreendidos na residência de Nuzman demonstram que grande parte de suas contas é paga em espécie: um engendro característico do sistema de branqueamento de capitais", detalharam os procuradores.
Numa conferência de imprensa, a procuradora Fabiana Schneider avaliou que "enquanto os medalhados olímpicos procuram a sua tão sonhada medalha de ouro, dirigentes do Comité Olímpico [do Brasil] guardavam o seu ouro na Suíça".
Nuzman, que foi também presidente do comité organizador dos Jogos Rio2016, foi detido no início da manhã de hoje na sua casa, no Leblon, na zona sul do Rio de Janeiro.
Em setembro, as autoridades judiciais pediram a apreensão de mil milhões de reais (cerca de 271,2 milhões de euros ao câmbio atual) do património do empresário Arthur Cesar Soares de Menezes Filho, sócio de Nuzman, por implicação na compra votos no processo de eleição do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos.
De acordo com a investigação, o presidente do COB, de 75 anos, integrava "um esquema altamente sofisticado e de âmbito internacional", o que levou as autoridades brasileiras a pedirem a cooperação de outros países, designadamente, Antígua e Barbuda, França, Estados Unidos e Inglaterra".
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