O presidente do Comité Olímpico do Brasil (COB) indicou hoje à Lusa que a "eficiência" de Portugal no combate à COVID-19 foi essencial na escolha do país para acolher atletas brasileiros, acrescentando que deverão ocorrer treinos conjuntos entre os países.
"Dentro deste cenário [de pandemia mundial], Portugal destaca-se no mundo pela condição eficiente de combater o vírus. Portugal é um país irmão do Brasil e possui uma estrutura desportiva bastante interessante. Já visitámos diversas vezes o país com as nossas equipas, temos uma relação profissional e de amizade muito boa com todos, o que nos permitiu seguir esse plano", afirmou o presidente da COB, Paulo Wanderley Teixeira.
Após várias consultas a centros de treino em território nacional, Paulo Wanderley Teixeira indicou que recebeu do seu homólogo do Comité Olímpico de Portugal, José Manuel Constantino, "total abertura e boa vontade com os atletas brasileiros", para um trabalho conjunto entre as delegações dos dois países.
"A nossa ideia é que a ida dos brasileiros pudesse também ajudar os atletas de Portugal num processo de retoma e preparação. Essa é a nossa intenção. Retomar a prática do desporto de alto rendimento e fazer treinos em conjunto com Portugal, que sejam positivos para os dois países, dentro das condições de segurança e das limitações ainda existentes, impostas pela COVID-19", afirmou à lusa o brasileiro.
Portugal foi o primeiro país europeu escolhido para acolher estágios de atletas olímpicos brasileiros, impedidos de treinar nas melhores condições no seu país devido à pandemia de COVID-19, segundo anunciou o COB na segunda-feira.
Questionado se os atletas brasileiros irão cumprir quarentena na chegada a Portugal, Paulo Wanderley Teixeira frisou que estes estão dispostos a cumprir as determinações de cada cidade e de cada centro de treino que os acolher.
"Cumpriremos todos os requisitos que forem estabelecidos. Vamos avaliar o que temos de fazer ainda dentro do Brasil para dar garantia a Portugal de que os atletas estão saudáveis, em boas condições. Quando chegarmos a Portugal, realizaremos todos os processos internos que permitam que tenhamos a mesma liberdade que os atletas portugueses terão para cumprir os seus treinos", reforçou.
Desde que a pandemia chegou ao país sul-americano, no final de fevereiro, o COB delineou uma série de estratégias de orientação para que os atletas pudessem continuar a realizar atividades físicas, tendo sido distribuídos manuais com orientações, além de gravações de vídeos e de equipamentos para que os desportistas pudessem treinar nas suas casas ou em locais seguros.
Em relação às modalidades envolvidas nos treinos na Europa, o COB indicou que o processo ainda não está fechado, mas que será dada prioridade aos atletas que já estão classificados para os próximos Jogos Olímpicos, que irão decorrer em Tóquio, no verão de 2021.
"Neste momento, estamos a reunir-nos com os dirigentes desportivos brasileiros. [...] O Brasil atualmente tem 177 atletas classificados para os Jogos de Tóquio e a nossa previsão é ter uma delegação em torno de 250 a 300. A nossa prioridade agora é retomar a nossa condição de preparação para os atletas que já estão qualificados ou em processo de qualificação", explicou Wanderley Teixeira.
"Nas próximas duas semanas, finalizaremos o processo logístico da ida das modalidades e aí poderemos divulgar quem está indo na primeira leva", acrescentou.
Além de Portugal, o COB está em conversações com outros países para o acolhimento dos seus atletas. Contudo, o processo ainda não foi concluído, porque está a ser avaliado o controlo da pandemia nesses países, assim como a sua capacidade para receber os desportistas estrangeiros.
"Vários desportos brasileiros têm tradição de realizar treinos em países da Europa. [...] Algumas, poucas, modalidades não devem ir para Portugal, em virtude de alguma situação especial, de um acordo estabelecido no passado, ou experiências positivas que já tivemos. Depende muito da capacidade de trânsito dos atletas na Europa e da política de contenção do vírus nestes países", informou o dirigente, sem mencionar as modalidades e as nações em causa.
O COB será responsável por arcar com as despesas de todo o processo, como voos, hospedagem e alimentação da delegação, num investimento que será coberto pelos 15 milhões de reais (2,6 milhões de euros) previstos no orçamento da entidade para este ano.
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