O balanço da participação do atletismo português nos Jogos Olímpicos Tóquio2020 é “extraordinário”, avaliou hoje à Lusa o líder da comitiva, o vice-presidente da Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) Paulo Bernardo.
“O balanço é extraordinário. Tivemos uma prestação muito boa dos nossos atletas, conquistámos duas das quatro medalhas que Portugal ganhou. Foram uns Jogos muito especiais, com grande dificuldade na preparação dos atletas, um esforço enorme do país para receber a competição. Os nossos atletas portaram-se extraordinariamente bem”, destacou, em declarações à Lusa.
Além dos ‘metais’, o ‘vice’ da FPA destaca também “vários finalistas mesmo à ‘beirinha’ da medalha”, como o quarto lugar de Auriol Dongmo no lançamento do peso ou “o azar da Liliana Cá”, que caiu na final do lançamento do disco e acabou no quinto lugar, mesmo posto de João Vieira nos 50 quilómetros marcha.
“Todos tiveram prestações muito boas. Aqui vêm os melhores atletas de todo o mundo. É muito, muito complicado atingir o sucesso no atletismo”, acrescenta.
Quanto aos medalhados, o resultado de Mamona “é extraordinário”, ao ultrapassar os 15 metros, um feito “simplesmente fabuloso”, e de Pichardo é “muito o resultado do talento e do trabalho”.
Paulo Bernardo não quis individualizar qualquer resultado abaixo do esperado entre os 20 participantes lusos na modalidade, até porque “mesmo quem ganhou a medalha de ouro não estava completamente satisfeito”, depois de Pichardo ter manifestado esse sentimento.
“Há sempre uma luta enorme consigo próprios em terem o melhor resultado aqui. É onde todos estão atentos ao que é feito, passamos três ou quatro anos a treinar e competir e muitos resultados passam despercebidos. Nos Jogos, está cá toda a gente para avaliar. Alguns atletas podiam ter feito melhor, todos queriam, mas a nossa sensação é que os resultados são extraordinários”, reforça.
Para Paris2024, explica, a constante expectativa alta sobre o atletismo, de onde saíram os cinco campeões olímpicos do país, leva a que seja necessário deixar claro que “não é linear a participação e uma conquista de medalha”.
Se no Rio2016 “não correu tão bem”, e desta vez houve casos de superação, nos próximos Jogos a expectativa “é que estes atletas se mantenham ao nível que apresentaram” e que muitos possam “melhorar”. “Ambicionamos resultados muito bons”, atira.
Sem promessa fica um regresso às provas de meio fundo e fundo no masculino, depois de a maratona ter apenas três portuguesas em Tóquio2020, com Carla Salomé Rocha no melhor lugar, em 30.º.
“Temos trabalhado para inverter esta tendência que se tem verificado nos últimos anos. É um processo complicado, em Portugal temos milhares de praticantes de corrida informal, e é necessário trazer esses corredores informais para a modalidade, federar e dar as melhores condições para desenvolver as suas capacidades. Daí, há de surgir um talento e atletas que tenham capacidade e ambição para chegar ao topo mundial”, comenta.
Nesta categoria, diz, “há muitos praticantes” em todo o mundo e o acesso às grandes competições “é mais restrito”, pelo que Portugal tem tentado aumentar o número de atletas federados e apostado em formação específica para treinadores “que incide muito nas questões do meio fundo”.
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