Aquilo que parecia impensável aconteceu, a judoca Telma Monteiro (-57 kg), principal candidata às medalhas entre os portugueses nos Jogos Olímpicos Londres2012, foi eliminada no primeiro combate e a maior esperança lusa acabou em lágrimas.
De seguida, João Pina (-73 kg), campeão europeu em 2009 e 2010, também não passou do combate inicial e deixou o judo português sem qualquer vitória em dois dias de competição, restando agora Yahima Ramirez (-78 kg), a judoca portuguesa sobre a qual recaíam as menores expectativas à partida.
Terceira no "ranking" mundial e segunda cabeça de série, Telma Monteiro ganhou os três combates anteriores com Marti Malloy, mas hoje o seu judo foi controlado pela norte-americana, que venceu por yuko, no ponto de ouro, depois de o tempo regulamentar do combate ter terminado sem vantagens.
«Sabia que ia ser combate equilibrado, era a quarta vez que nos encontrávamos e das outras vezes não foi fácil. Quando um combate é equilibrado, as coisas podem pender para os dois lados. Eu ia encarar este combate como uma final e foi o que fiz, mas a determinado momento pendeu para o lado dela, e depois já não havia volta a dar», explicou.
E não havia mesmo. Depois de cinco minutos em que as judocas se anularam com ataques ineficazes, o “golden score” trouxe novamente equilíbrio e foi num detalhe que se decidiu o combate, com uma projeção a 41 segundos do final que deixou Telma Monteiro fora dos Jogos, repetindo-se a desilusão de Pequim2008.
A “golden girl” americana repetiu também aquilo que o seu treinador, um descendente de portugueses de nome Jimmy Pedro, fez em Sydney2000 e Atenas2004, em que afastou Michel Almeida e João Neto do caminho das medalhas.
Esta “besta negra” dos portugueses também se atravessou no caminho de Telma Monteiro e deixou-a inconsolável. Sentada no chão e em lágrimas, longe das luzes do ExCel Centre, a judoca do Benfica, confortada, entre outros, pelo treinador, Rui Rosa, levou uns bons 20 minutos a recompor-se do desespero causado por uma realidade inesperada.
Quatro vezes campeã da Europa e três vezes vice-campeã do Mundo, a melhor judoca portuguesa de sempre vai continuar sem a medalha que lhe falta no currículo e terá talvez uma última oportunidade em 2016, no Rio de Janeiro, aos 30 anos, mas para já não quer pensar nisso.
«Agora, é um tempo de reflexão, tal como fiz a seguir a Pequim. Não me vou abater. O que não me mata torna-me mais forte e nos próximos quatro anos vou dar tudo e voltar às vitórias», disse Telma Monteiro.
Depois dela, os olhos viraram-se para João Pina, mas o atleta do Sporting também não conseguiu limitar a desilusão, caindo igualmente no primeiro combate, na segunda ronda, frente ao ucraniano Volodymyr Soroka, que ganhou por waza-ari, anulando de imediato qualquer expectativa de um bom resultado.
«Perder no primeiro combate não é uma boa prestação. Lutei bem, comecei a ganhar, mas a certa altura cometi um falso ataque e fui penalizado. Penso que essa situação me deixou pressionado para não levar mais castigos e para não deixar empatar o combate, porque faltava pouco tempo. Por isso, alterei um bocado a minha estratégia e fui projetado, sofrendo uma vantagem maior do que a minha, a 30 segundos do fim, que é pouco tempo para dar a volta», resumiu o português, de 30 anos.
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