O secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Correia, desmentiu hoje “cabalmente” o que considera serem “falsidades” do ex-presidente da Federação de Judo (FPJ), Jorge Fernandes, que hoje pediu a demissão do governante.
“Desminto cabalmente as acusações. São falsidades de Jorge Fernandes relativamente às conversas que teve comigo. O Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) atuou sempre com a autonomia que lhe é conferida na lei como entidade fiscalizadora da FPJ”, explicou João Paulo Correia, em declarações à Lusa.
O governante lembrou que em 03 de janeiro recebeu os órgãos sociais da FPJ, que lhe pediram audiência, “no sentido de intervir nas questões processuais” relativas às eleições, e que este recusou, por não lhe caber “atropelar a autonomia do IPDJ”.
“A minha preocupação foi sempre, desde a primeira hora e dentro do quadro legal, garantir o financiamento à modalidade para que não saísse prejudicada, o que está a acontecer. O senhor Jorge Fernandes interpreta à sua maneira a sentença do tribunal”, apontou.
João Paulo Correia sublinhou ainda as declarações do antigo líder federativo sobre a eventual falta de idoneidade impeditiva de uma não-recandidatura, uma questão que Fernandes rechaça, por considerar que o motivo da destituição foram irregularidades.
O financiamento da modalidade, quer no quadro olímpico e paralímpico quer na atividade em si, está “sempre garantido, dentro do quadro legal, a não ser que surja, por resultado de uma auditoria que está em curso ou outra manifestação, alguma má gestão”.
“Gostaria muito que os problemas que têm assolado a federação estivessem já resolvidos e ultrapassados, mas isso depende do bom senso dos seus dirigentes. O Governo, o IPDJ, os Comités olímpico e paralímpico fazem a sua parte, mas contávamos com bom senso dos ex-dirigentes e atuais dirigentes para que esse imbróglio se ultrapasse rapidamente”, rematou.
Jorge Fernandes apelou hoje à demissão do secretário de Estado e do presidente do IPDJ, Vítor Pataco, por considerar que tanto a secretaria como aquele instituto se imiscuiram no processo em curso em torno das eleições naquele órgão federativo.
O dirigente, que foi destituído em 18 de dezembro do cargo, devido a incompatibilidades ao abrigo do artigo 51 do Regime Jurídico das Federações Desportivas, comentou a decisão de 17 de fevereiro do Tribunal de Loures, com um juiz a desconvocar o ato eleitoral para o domingo seguinte, de 19 de fevereiro, ressalvando que a eleição deveria ser apenas para o cargo de presidente, o único órgão destituído.
"De cada vez que dizia que era candidato, era ameaçado com um processo. Quer o secretário de Estado, quer o IPDJ. Telefonavam-me. Perguntavam ‘Jorge, mas você vai mesmo ser candidato?’ Eu dizia, vou. ‘Mas sabe que vai haver mais um inquérito? Que vai ter mais um processo?’ Eu pergunto: onde estão esses inquéritos e processos?", revelou.
A decisão do Tribunal de Loures em desconvocar as eleições de 19 de fevereiro levou já a Mesa da Assembleia Geral da FPJ a marcar novo ato eleitoral, a realizar em 29 de abril e apenas para o cargo de presidente.
"Em cumprimento da referida sentença, foram desconvocadas as respetivas eleições para os Órgãos Sociais da FPJ, impondo-se ora, na linha do nosso entendimento original, proceder à convocação de eleições apenas para o órgão presidente", pode ler-se no site oficial da federação.
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