A obra da rota Eurovelo 1 – um projeto da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra (CIM/RC) que se integra na rota europeia da Costa Atlântica – hoje consignada, é um investimento de 2,3 milhões de euros (1,5 milhões financiados pelo Turismo de Portugal), com um prazo de execução de 18 meses.

Consta de 83 quilómetros (km) entre o sul do concelho da Figueira da Foz e o norte do município de Mira, atravessando, pelo litoral, o município contíguo de Cantanhede e passando por locais como o Museu Etnográfico da Praia de Mira, as Matas Nacionais e as lagoas aí existentes, o Cabo Mondego, estuário do Mondego ou o Mosteiro de Seiça, entre outros.

Fora desta empreitada, mas integrada no percurso da Eurovelo 1, está a nova ponte sobre o rio Mondego, a leste da Figueira da Foz, entre as freguesias de Vila Verde, na margem direita, e Alqueidão, na margem esquerda, com uma faixa de rodagem para automóveis e via ciclável e pedonal, cujo concurso será lançado este mês, num investimento de mais de quatro milhões de euros, disse hoje o presidente da Câmara Municipal, Carlos Monteiro (PS).

“Sem ponte não há Eurovelo”, disse à agência Lusa Carlos Monteiro, aludindo à necessidade da nova ciclovia atravessar o rio Mondego naquela localização, estendendo-se, depois, para sul, até à freguesia da Marinha das Ondas, cumprindo assim 83 km desde o norte do concelho de Mira.

A nova ponte, que terá também um prazo de construção de 18 meses, tinha, em março, um custo total estimado de 3,4 milhões de euros: “Hoje, com o custo de materiais e a falta de materiais, já vai em mais de quatro milhões”, referiu.

Já na sua intervenção na sessão de assinatura do auto de consignação da obra, o autarca lembrou os “muitos meses” que mediaram entre a assinatura do contrato e a autorização do Tribunal de Contas “porque a obra é plurianual”.

“E, nos tempos que correm, com os preços a aumentar, não deve ter sido benéfico para a Civibérica”, frisou Carlos Monteiro, agradecendo a “paciência” da empresa responsável pela obra, bem como o “trabalho difícil e muito moroso” dos técnicos da CIM/RC.

O autarca destacou as vantagens da ciclovia e das bicicletas que nelas transitam, por um lado como contribuição para a redução de gases de efeito de estufa e, por outro, no caso da Eurovelo 1, que acompanha “toda a costa litoral do território da CIM”, porque “reforça a coesão territorial” entre três concelhos “próximos e confinantes”.

Esse reforço, explicou Carlos Monteiro, passa pela requalificação das estradas florestais existentes que atravessam as matas nacionais dos três municípios, há anos sem intervenção e com troços perfeitamente intransitáveis, e que agora vão ser intervencionadas para receber a via ciclável.

“Não vamos impermeabilizar mais território, vamos sim recuperar aquele que já estava impermeabilizado”, adiantou o presidente da Câmara da Figueira da Foz, alegando que a recuperação do piso das vias florestais “era muito desejada por todos”, nomeadamente os residentes nas zonas por onde passará a nova ciclovia.

Para além do piso recuperado das estradas florestais, a nova via ciclável terá troços “compactados” (em terra batida) e outros pavimentados, e, “além da componente funcional, tem uma forte componente turística”, indicou.

O presidente da Câmara de Mira, Raul Almeida, do PSD, notou o tempo que o processo da via ciclável demorou, lembrando que em junho de 2017, há mais de quatro anos, acompanhado dos anteriores presidentes da Figueira da Foz e Cantanhede, esteve em Lisboa, no Turismo de Portugal e ficou a saber que a obra iria ser financiada.

“Passaram quatro anos para começar a obra”, sublinhou Raul Almeida, lembrando o longo percurso”, com vários pareceres de diversas entidades e o visto do Tribunal de Contas, que “demorou seis meses”.

“Isto deixa-me bastante preocupado. Estamos a acabar o Portugal 2020, estamos a começar o Portugal 2030, o PRR [Plano de Recuperação e Resiliência], este é um projeto estruturante e levou quatro anos (…) Vem aí uma ‘bazuca’ de dinheiro, vem aí uma pipa de massa, mas depois não conseguimos executar, não temos tempo de o executar. Há que agilizar processos, agilizar procedimentos, para que consigamos aplicar o dinheiro para bem das nossas gentes e dos nossos territórios”, avisou o autarca.

Presente na sessão, a secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, agradeceu o contributo dos municípios “para o turismo no território”, argumentando que a Entidade Regional de Turismo do Centro “pouco ou nada pode fazer, se não tiver a matéria-prima” que são as infraestruturas no terreno.

“Com a ambição da infraestruturação dos territórios, podemos responder com a parte mais fácil, que é o financiamento, em boa verdade. Grande parte do trabalho, a força motriz, está do lado dos territórios e estou grata com todo o trabalho que tem sido desenvolvido”, enfatizou a governante.