A reconquista do Benfica
Maio é sinónimo de festejos no desporto. Muitos festejos. A começar pelo Benfica, que conquistou o seu 37.º título de campeão nacional, um ano depois de falhar o penta. A caminhada dos encarnados fica marcada por uma segunda volta memorável, depois uma troca de treinadores quase a meio da temporada.
No início de janeiro, Rui Vitória deu lugar a Bruno Lage, nome pouco conhecido dos adeptos benfiquistas, mas que acabou por revolucionar o futebol da equipa, dando início a uma recuperação em que poucos acreditavam. As goleadas tornaram-se uma constante e o Benfica foi subindo na tabela até ultrapassar o FC Porto no primeiro lugar, em pleno Estádio do Dragão.
Com uma vantagem de dois pontos sobre o FC Porto (venceu o clássico com o Sporting), a equipa de Bruno Lage goleou o Santa Clara por 4-1, na última jornada, o que permitiu aos encarnados terminarem o campeonato com 103 golos, igualando um recorde dos tempos de Eusébio.
Os jogadores e equipa técnica do Benfica deram então início às celebrações em pleno relvado da Luz. Bruno Lage homenageou Jaime Graça, Eliseu apareceu 'montado' na célebre lambreta da conquista do 'tetra' e Jardel ergueu, finalmente, a Taça da reconquista.
Veja tudo sobre o Benfica campeão 2018/19 no especial feito pelo SAPO Desporto.
A comitiva encarnada seguiu num autocarro panorâmico rumo ao Marquês de Pombal onde se concentravam mais de 500 mil adeptos para receber a equipa. A festa prolongou-se noite dentro e continuou na segunda-feira seguinte, com os campeões nacionais a serem recebidos por Fernando Medina na Câmara Municipal de Lisboa.
Foi em clima de festa que o Benfica prolongou o contrato com dois nomes fundamentais na campanha rumo ao 37: Samaris e Pizzi, ambos até 2023. Foi também neste mês que Jonas chegou ao golo 300 da carreira.
No futebol feminino, foi o SC Braga a sagrar-se pela primeira vez campeão nacional, ao empatar na receção ao Sporting 0-0, em jogo da 21.ª e penúltima jornada do campeonato. Já a equipa feminina do Benfica, que carimbou a subida ao principal escalão no primeiro ano da sua criação, ergueu a Taça de Portugal, depois de bater o Valadares Gaia por 4-0.
Sporting conquista Taça de Portugal, um ano depois de um dos seus dias mais negros
Um ano depois da derrota com o Aves, consequência imediata da invasão à Academia de Alcochete dias antes, o Sporting redenção no anfiteatro do Jamor, conquistando a 17.ª Taça de Portugal da sua história. Tal como sucedera na Taça da Liga, a vitória sobre o FC Porto chegou nos penáltis, após o 2-2 registado no prolongamento.
Soares adiantou os ‘dragões’, aos 40 minutos, mas o Sporting chegou ao empate aos 45’, com um autogolo de Danilo, que desviou um remate de Bruno Fernandes para a própria baliza e fixou o resultado que prevaleceu até aos 90 minutos. No prolongamento, Bas Dost deu vantagem aos ‘leões’, aos 101 minutos, antes de Felipe repor a igualdade, aos 120+1’, forçando o desempate por penáltis.
Nos remates da marca dos 11 metros, o Sporting desperdiçou apenas um, enquanto Pepe e Fernando Andrade falharam para os ‘dragões’. Coube a Luiz Phellype, o goleador inesperado que veio da segunda divisão, marcar o 12.º e último penálti, que permitiu a Bruno Fernandes erguer a Taça de Portugal, um ano depois de um dos seus dias mais negros.
Mathieu foi eleito o homem do jogo e Sérgio Conceição era o rosto da desilusão portista, depois de voltar a perder nos penáltis frente ao mesmo adversário. O treinador portista recusou cumprimentar Frederico Varandas na tribuna presidencial do Estádio do Jamor, num momento que foi ‘apanhado’ pelas câmaras.
A festa do Sporting seguiu do Jamor para Alvalade, onde a comitiva sportinguista exibiu a Taça aos adeptos, num momento que ficou manchado por alguma tensão. A polícia de intervenção foi obrigada a carregar sobre um setor das bancadas do estádio, de forma a impedir a tentativa de invasão do relvado por parte de alguns adeptos. Na segunda-feira seguinte, os leões foram recebidos na Câmara Municipal de Lisboa.
O mês do Sporting fica ainda marcado pela contratação de Luciano Vietto, avançado que estava contratualmente ligado ao Atlético de Madrid, pelo acordo com o clube ‘colchonero’ por Gelson Martins, e pela renovação de Mathieu por mais uma temporada. No lado do FC Porto, destaque para a saída de Felipe, que assinou pelo Atlético Madrid por três épocas.
O susto de Casillas
O mês de maio arrancou com uma notícia que deixou o mundo do desporto em sobressalto. Iker Casillas, de 37 anos, sofreu um enfarte agudo do miocárdio durante um treino do FC Porto, no Olival. O guardião espanhol deu entrada no Hospital CUF Porto e foi submetido a um cateterismo cardíaco, acabando por receber alta cinco dias depois. Rapidamente surgiram mensagens de apoio um pouco por toda a parte, nomeadamente dos clubes rivais.
O FC Porto também não perdeu tempo e emitiu um comunicado oficial dando conta do problema de saúde do atleta e que o mesmo estava “bem, estável e com o problema cardíaco resolvido". Horas depois naquele dia, foi o próprio Casillas a tranquilizar publicamente os seus seguidores. Na conta de Twitter, o guarda-redes partilhou uma fotografia onde surgia acamado, de polegar levantado e sorriso no rosto: “Tudo controlado por aqui, um susto grande, mas com as forças intactas.”
Casillas acabaria por deixar o hospital cinco dias depois de ter sido internado. "Tive um episódio que pode acontecer a qualquer um e tocou-me a mim. É difícil falar, mas tenho de estar agradecido a todos os que se preocuparam comigo e me fizeram sentir apoiado. Sei que todos querem saber o que vai suceder, mas vamos ter de esperar. Não sei o que será o futuro. O mais importante era estar aqui e poder falar de forma tranquila", disse o guardião à saída do hospital. Casillas tem vindo a partilhar cada passo da sua recuperação, mas o futuro permanece uma incógnita.
Mas maio foi um mês feliz para um jogador do campeonato português. Depois de vencer o linfoma que lhe fora diagnosticado em dezembro, Nuno Pinto regressou ao Bonfim para fazer o último encontro da temporada pelo V. Setúbal, a sua ‘casa’ desde 2015/16. O defesa, de 32 anos, foi titular frente ao Rio Ave e acabou substituído ao minuto oito, sob um enorme aplauso.
Chelsea vence Liga Europa, duas meias-finais épicas e muitos campeões lá fora
Maio foi pródigo em festejos também lá fora. O Chelsea conquistou a Liga Europa, ao vencer na final o Arsenal por 4-1. Os golos do triunfo dos ‘blues’ foram marcados por Olivier Giroud (49 minutos), Pedro Rodríguez (60’) e Eden Hazard (65’, de penálti, e 72’), com Alex Iwobi (69’) a reduzir para os ‘gunners’.
A equipa de Maurizio Sarri só não chegou a uma goleada histórica porque Petr Cech, que pôs fim à carreira, o evitou com um punhado de grandes defesas. Este jogo foi também o último de Eden Hazard, que acabou por assinar pelo Real Madrid nove dias depois. De realçar, ainda, que João Félix e Grimaldo integraram a lista dos 18 melhores jogadores da edição 2018/19 da prova.
O mês fica também marcado por duas meias-finais da Liga dos Campeões absolutamente épicas. Primeiro foi o Liverpool a eliminar o Barcelona, ao vencer por 4-0 em Anfield, depois de na semana anterior ter perdido por 3-0 em Camp Nou (Messi chegou ao golo 600 neste jogo). Já o Tottenham garantiu presença na final ao vencer por 3-2 o Ajax, em Amesterdão (holandeses tinham vencido em Londres por 1-0), com Lucas Moura a marcar o golo da vitória aos 96 minutos.
Em femininos, o Lyon conquistou a quarta Liga dos Campeões consecutiva, após golear o Barcelona, por 4-1, na final disputada m Budapeste, na Hungria, num jogo em que Ada Hegerberg fez um ‘hat-trick’.
Em Inglaterra, o Manchester City de Bernardo Silva sagrou-se bicampeão na Premier League. A equipa de Pep Guardiola venceu por 4-1 no estádio do Brighton, em jogo da 34.ª e última jornada, e somou o sexto título da sua história. Os ‘citizens’ voltaram a festejar poucos dias depois, com a conquista da Taça de Inglaterra, após goleada por 6-0 sobre o Watford, acabando a época com quatro troféus (Supertaça e Taça da Liga).
Depois de ter perdido o prémio de melhor jogador da Premier League para Van Dijk, Bernardo foi eleito jogador do ano dos ‘citizens’, e Kompany despediu-se do clube para se tornar treinador-jogador do Anderlecht. O triunfo do Manchester City permitiu o acesso da armada portuguesa do Wolverhampton (terminou em sétimo lugar) às pré-eliminatórias da Liga Europa.
Na Alemanha, o título foi disputado até à última, com o Bayern Munique a sagrar-se campeão pela sétima vez consecutiva. Em dia de despedida de Robben e Ribéry, as duas lendas marcaram na goleada sobre o Eintracht Frankfurt, por 5-1 – Renato Sanches também ‘faturou’. Os bávaros não ficaram por aqui e conquistaram a Taça da Alemanha, a 19.ª do seu palmarés, depois de vencerem o Leipzig por 3-0, na final disputada no Estádio Olímpico de Berlim.
Em Espanha, o Valência conquistou a Taça do Rei de Espanha, após bater o campeão Barcelona, por 2-1. Lionel Messi confirmou a sexta Bota de Ouro da carreira, terceira consecutiva, finalizando a Liga espanhola com um total de 36 golos, contra 33 de Mbappé.
Em Itália, a Lazio venceu a Atalanta, por 2-0, e conquistou a sétima Taça de Itália, no Estádio Olímpico de Roma, sucedendo à Juventus como detentora do troféu. Cristiano Ronaldo fechou a temporada com o título de melhor jogador da Serie A. O jogador português apontou 22 golos e fez 11 assistências em 33 partidas do campeonato.
No mês em que Leonardo Jardim conseguiu salvar o Mónaco da despromoção, destaque também para Paulo Fonseca, que levou o Shakhtar Donestsk a sagrar-se tricampeão da Ucrânia, tendo ainda conquistado a Taça. Rui Vitória foi campeão na Arábia Saudita com o Al Hilal, enquanto Pedro Emanuel conquistou a Taça saudita com o Al-Taawon (Paulo Sérgio foi posteriormente contratado para o seu lugar). Por sua vez, Rui Faria conquistou o primeiro título no Al Duhail ao vencer a Taça do Qatar, jogo que marcou a despedida de Xavi Hernández (Al Saad), aos 39 anos.
Mas houve mais equipas a sagrarem-se campeãs nos respetivos países: Zenit, de Luís Neto, na Rússia (Lokomotiv venceu a Taça), Ajax na Holanda, Genk na Bélgica, Galatasaray na Turquia, Celtic na Escócia, Copenhaga na Dinamarca, APOEL Nicosia, de Nuno Morais, no Chipre, 1.º de Agosto em Angola (também venceu a Taça). Já o Partizan conquistou a Taça da Sérvia pela quarta vez seguida, e o PAOK fez a ‘dobradinha’ ao levantar a Taça da Grécia.
Maio sinónimo de mudança
Terminada a temporada, chegou a hora de fazer balanços e, quiçá, mudanças. Foi o que aconteceu neste mês. Em Portugal, Vítor Oliveira confirmou ter assinado pelo Gil Vicente, depois de se sagrar campeão da II Liga com o Paços de Ferreira, que por sua vez contratou Filó. Carlos Carvalhal foi anunciado como novo treinador do Rio Ave, sucedendo a Daniel Ramos e Vítor Campelos foi oficializado no Moreirense. Carlos Pinto levou o Famalicão à I Liga mas acabou por ser rendido por João Pedro Sousa.
Em sentido inverso, o Tondela confirmou a saída de Pepa, depois de este garantir a permanência na I Liga, enquanto Petit deixou o Marítimo. Por sua vez, o presidente do Vitória de Guimarães, Júlio Mendes, e a restante direção apresentaram a demissão dos órgãos sociais devido ao clima de guerrilha que dizem existir no clube minhoto.
Nacional, Chaves e Feirense desceram à II Liga, enquanto Vitória de Guimarães B, SC Braga B e Arouca foram despromovidos ao Campeonato de Portugal. O momento delicado do Arouca, que teria avançado com um pedido de insolvência, com os jogadores a encontrarem as instalações fechadas, levou a direção do clube e a administração da sociedade gestora do futebol, ambas lideradas por Carlos Pinho, a apresentarem a demissão.
Lá fora, André Villas-Boas foi anunciado como novo treinador do Marselha até junho de 2021, Miguel Cardoso assinou pelos gregos do AEK, e por esta altura começaram a surgir os primeiros rumores de uma possível mudança de Jorge Jesus para o futebol brasileiro, com o treinador português a confirmar uma reunião com o presidente do Flamengo.
A primeira edição da Liga Revelação terminou com o Aves como vencedor. O conjunto de Santo Tirso empatou com o SC Braga a uma bola e terminou a fase de apuramento do campeão desta prova de sub-23 com 43 pontos, mais um que o Sporting, 2.º e mais dois que o Rio Ave, 3.º. Os avenses fizeram a 'dobradinha' com a conquista da Taça Revelação.
Depois de conquistar a UEFA Youth League em abril, o FC Porto sagrou-se campeão nacional de juniores, depois de vencer o SC Braga, por 2-0, numa partida relativa à 14.ª e última jornada da prova. Angel Yesid e Romário Baró carimbaram os golos que deram a vitória aos 'dragões'. Este é o 23.º título do FC Porto neste escalão, ficando com menos um troféu do que o recordista Benfica.
Também em maio, Fernando Santos anunciou os convocados para a primeira edição da Liga das Nações, disputada no início de junho, e que Portugal viria a conquistar. A seleção de sub-20 passou de favorita a eliminada precocemente no Mundial da categoria, ao empatar 1-1 com a África do Sul na fase de grupos, falhando assim a passagem aos oitavos de final da prova. Já os sub-17 foram eliminados nos quartos de final do Europeu, conquistado pela Holanda, enquanto a seleção feminina de sub-17 caiu de pé frente à Alemanha (campeã) nas meias-finais do Euro.
Ainda no plano futebolístico, os mexicanos do Monterrey, onde alinha Miguel Layún, conquistaram a Liga dos Campeões da CONCACAF pela quarta vez, ao empatarem 1-1 na receção ao Tigres, em jogo da segunda mão da final (tinha vencido 1-0 na primeira mão), enquanto o River Plate venceu a Supertaça sul-americana com três golos na receção ao Atlético Paranaense.
Veja as melhores imagens do mês de maio
Sporting campeão europeu no hóquei, Estoril Open e Pimenta de ouro
Maio foi um mês agitado também nas outras modalidades. Num ano memorável para o hóquei português, o Sporting conquistou, 42 anos depois, o seu segundo título de campeão europeu, ao bater na final o FC Porto por 5-2, numa ‘final four’ disputada no Pavilhão João Rocha. Toni Pérez, Vítor Hugo, Ferran Font (2) e Gonzalo Romero marcaram os tentos do conjunto ‘leonino’, que já vencia por 4-1 ao intervalo e repetiu o título de 1976/77, na sua terceira presença na final.
No entanto, foi o FC Porto a sagrar-se pela 23.ª vez campeão português de hóquei em patins, enquanto o Benfica venceu em femininos. Os 'dragões' já tinham festejado, um dia antes, a conquista do campeonato de andebol, pela 21.ª vez. O Colégio Gaia foi o campeão feminino.
Ainda neste mês, o Sporting sagrou-se vice-campeão feminino na Taça Campeões Europeus de pista, campeão nacional de râguebi feminino (Agronomia venceu em masculinos) e campeão nacional feminino de ténis de mesa. Já o Benfica sagrou-se tricampeão de futsal feminino e triunfou pela primeira vez no pólo aquático feminino. Por esta altura disputava-se a final do 'playoff' de futsal masculino, entre Benfica e Sporting, e a final da Liga de Basquetebol, entre Benfica e Oliveirense. Lá fora, os Toronto Raptors venciam os Golden State Warriors no primeiro jogo da final da NBA.
Maio é sinónimo também de Estoril Open, com a vitória sorrir a Stefanos Tsitsipas. O tenista grego, primeiro cabeça de série, venceu o uruguaio Pablo Cuevas em dois sets, pelos parciais de 6-3 e 7-6 (7-4), e sucedeu a João Sousa como campeão do Estoril Open. O português, recorde-se, foi eliminado nos oitavos de final por David Goffin.
Destaque ainda para Fernando Pimenta, que conquistou duas medalhas de ouro na Taça do Mundo de canoagem de Poznan, na Polónia. O canoísta português foi o melhor na prova de K1 500 metros e de K1 1000 metros. Já Emanuel Silva, João Ribeiro, Messias Batista e David Varela arrebataram a medalha de bronze com o K4 500 masculino. No remo, Pedro Fraga e Afonso Costa ficaram com o 'bronze', na classe LM2x ('double scull'), em Plovdiv, na Bulgária.
Num mês particularmente bem-sucedido para os atletas portugueses, Marta Paço conquistou a medalha de ouro no primeiro europeu de surf adaptado, João Vieira foi 'bronze' nos 50 km na Taça da Europa de Marcha, assim como Inês Henriques na prova feminina, e Rui Bragança venceu a medalha de bronze nos Mundiais de taekwondo.
Noutro âmbito, o português Miguel Oliveira renovou com a KTM até 2020, Fernando Alonso deu o título mundial de Resistência à Toyota e a morte de Niki Lauda deixou a Fórmula 1 de luto. Por sua vez, o inglês Judd Trump sagrou-se campeão mundial de snooker pela primeira vez, sucedendo ao galês Mark Williams.
Comentários