O primeiro mês de 2019 abriu com uma mudança no Benfica que viria a inverter por completo o rumo do campeonato e fechou com o Sporting a conquistar pela segunda vez consecutiva a Taça da Liga, numa final-four marcada por muita polémica.
Pelo meio, a queda do avião do futebolista Emiliano Sala deu muito que falar, tal como a detenção do hacker Rui Pinto, criador do Football Leaks. Calmo, em janeiro, só mesmo o mercado de transferências.
Lage chega ao Benfica e tudo muda
A 2 de janeiro, o Benfica, ainda treinado por Rui Vitória, caía com estrondo em Portimão. Uma derrota por 2-0 – com dois autogolos – que deixava as ‘águias’ a sete pontos da liderança da I Liga e levava Luís Filipe Vieira, que um mês e meio antes tinha segurado Rui Vitória ao “ver uma luz’, a avançar mesmo para a saída do técnico.
No dia seguinte o Benfica confirmava então oficialmente a saída de Rui Vitória à CMVM, deixando um vídeo de agradecimento ao treinador, e confirmava Bruno Lage como treinador interino.
Abel, Jorge Jesus, Paulo Fonseca, Luís Castro e até José Mourinho. Todos chegaram a ser apontados ao banco dos 'encarnados' mas, com Bruno Lage a dar desde cedo boa conta de si, estreando-se com uma notável reviravolta caseira num triunfo por 4-2 sobre o Rio Ave, começavam a surgir rumores de que o novo treinador poderia ficar mesmo até ao fim da época. A 14 de janeiro chegava a confirmação: Vieira ia mesmo segurar Lage até ao final da época e pedia títulos.
O resto, como se costuma dizer, ‘é História…’
Sporting volta a erguer uma Taça da Liga meio ‘aVARiada’
Janeiro é sinónimo de decisões na Taça da Liga. Em 2019, a final four voltou a ser disputada em Braga, tal como havia sucedido no ano anterior. E, tal como tinha acontecido então, o Sporting foi o grande vencedor, superiorizando-se no desempate por penalties em todos os seus jogos. Precisamente como ocorrera em 2018...
Mas, mais do que pelo troféu erguido pelos ‘leões’, a prova ficou marcada pelas críticas ao VAR.
Na primeira meia-final, o FC Porto bateu o Benfica por 3-1 e um golo anulado a Pizzi ainda na primeira parte, por fora-de-jogo, deu muito que falar, com Luís Filipe Vieira a afirmar que “era fácil penalizar o Benfica”.
Na outra meia-final, triunfo do Sporting sobre o anfitrião Sp. Braga nos penalties, com mais um golo anulado – desta feita ao bracarense João Novais – a dar aso a inúmeros protestos. Abel, treinador da turma minhota, protagonizaria uma conferência de imprensa que se viria a tornar viral, e o presidente António Salvador afirmava: “O árbitro deste jogo é muito mau, não vale nada”.
Três dias depois, na final, a polémica foi outra. Fernando Andrade abriu o ativo para o FC Porto, um golo ao cair do pano apontado, de penalty, de Bas Dost, levou a decisão para o desempate por pontapés da marca de grande penalidade e aí, com Renan em grande na baliza, o Sporting foi, uma vez mais, ‘rei e senhor’. Os jogadores do FC Porto, contudo, não ficaram para ver os adversários erguer o troféu. Nada que incomodasse os jogadores do Sporting, que fizeram a festa.
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Primeira Liga deu a volta com o Porto a virar na frente
Antes das incidências da final four da Taça da Liga já a primeira volta da Liga portuguesa tinha chegado ao fim, terminando com um insípido nulo entre Sporting e FC Porto em Alvalade.
Os 'dragões' lideravam a tabela, igualando mesmo um recorde de vitórias consecutivas (em todas as competições) de uma equipa portuguesa, com 18 triunfos. O segundo classificado, o Benfica, surgia a cinco pontos, o Sporting de Braga a seis e o Sporting, que entretanto caíra para quarto com uma derrota em Tondela, estava a oito.
Uma hierarquia bem diferente daquela que se viria, depois, a assistir no final da prova, mas com o Benfica a mostrar já sinais de retoma, desde a entrada de Bruno Lage, e com João Félix a começar a despontar definitivamente.
Já na Taça de Portugal, o alinhamento ficava completo com o apuramento dos quatro da frente da I Liga, que também figuravam nas meias-finais da Taça da Liga: Benfica e Sporting mediriam forças num derby lisboeta, Porto e Braga travariam duelo a norte.
O mundo do futebol a chorar por Emiliano Sala
A 22 de Janeiro, uma tragédia. O avião que transportava o jogador do Cardiff Emiliano Sala desaparecia e havia poucas esperanças de encontrar alguém com vida.
O futebolista argentino, que até já tinha passado por Portugal, tinha acabado de assinar pelo Cardiff City e era esperado no País de Gales quando o avião que transportava desapareceu dos radares. Familiares e amigos desesperados, buscas infrutíferas paradas e retomadas várias vezes, muitas perguntas sem resposta e uma onda de solidariedade no mundo do futebol que juntou 250 mil euros para que as buscas não parassem.
Aos poucos, porém, a esperança foi-se perdendo. A confirmação do trágico destino do jogador surgiria depois já no início de Fevereiro.
A detenção do 'hacker' mais procurado do futebol português
Rui Pinto. Era este o nome do 'hacker' que todos procuravam, criador do site "Football Leaks". Suspeito de roubar e-mails confidenciais ao Benfica, foi detido na Hungria, a 16 de janeiro.
As 'águias' congratularam-se, desde logo, com detenção, esperando que tal constituísse "um passo para a verdade", admitindo mesmo um perdão parcelar caso Rui Pinto revelasse quem lhe teria pago.
O FC Porto, por seu lado, vinha garantir que a sua única ligação ao caso era "apenas a de denunciante e vítima", enquanto o Sporting estranhava a falta de esclarecimentos por parte do Benfica. Outras vozes levantaram-se em defesa de Rui Pinto, acima de todas a da eurodeputada Ana Gomes, que afirmou que este teria prestado um tremendo serviço à comunidade. Os advogados do Benfica, contrapunham, afirmando que "é estúpido e perigoso admitir bondade em atos criminosos de pirataria informática".
Mercado de transferências não animou
A reabertura de mercado de transferências foi bem calma. Em Portugal o Sporting este, ainda assim, ativo, com as entradas de nomes como Tiago Ilori, Cristián Borja, Idrissa Doumbia e Gonzalo Plata.
Ao FC Porto chegaram Pepe, Fernando Andrade, Wilson Manafá e Loum, enquanto no Benfica a notícia foram as saídas, de forma a ‘emagrecer’ a folha salarial: Alfa Semedo, Ferreyra, Castillo, Bruno Varela e Cristian Lema deixaram, todos, o Estádio da Luz.
Lá por fora também não houve nenhum negócio a abalar o mercado. Higuaín foi emprestado ao Chelsea, Piatek foi para o Milan, o português Cédric Soares rumou ao Inter de Milão e ao Mónaco chegava, vindo do Rio Ave, Carlos Vinícius, de quem se iria ouvir falar bastante mais à frente no ano.
Ronaldo a fazer história e a pagar ao fisco
Ronaldo também esteve na ordem do dia em janeiro. O astro português conquistou o seu primeiro título em Itália (a Super Taça italiana), quebrou mais um recorde ao marcar à Lázio, tornando-se no primeiro jogador da era moderna da Serie A a marcar em oito jogos consecutivos fora de casa, figurou pela 13ª vez na equipa do ano da UEFA para os adeptos e foi eleito para a equipa do 'Onze' do ano de 2018 do L'Équipe.
Mas nem tudo foram boas notícias para CR7, que pagou uma multa de 18,8 milhões de euros para encerrar a questão que o envolvia com o Fisco espanhol, sendo depois alvo de críticas por uma selfie tirada logo de seguida dentro do seu avião privado.
Djokovic vence Autralian Open, mas João Sousa também brilha
O primeiro Grand Slam da temporada de ténis terminou, no lado masculino, com o triunfo de Novak Djokovic. Na final, com uma exibição de enorme classe, o sérvio derrotou o rival Rafael Nadal em apenas três sets e tornou-se no primeiro tenista a conquistar por sete vezes a prova. Nas mulheres, a japonesa Naomi Osaka ergueu o troféu.
João Sousa também esteve em grande na Austrália. Em singulares chegou à terceira ronda, afastado por Kei Nishikori, e em pares, ao lado de Leonardo Mayer, fez história ao atingir as meias-finais. Foi a primeira vez que um jogador português disputou um encontro de meias-finais de um torneio do Grand Slam.
Elisabete Jacinto rainha dos camiões no Africa Eco Race
Também Elisabete Jacinto fez história em janeiro. A piloto nacional conquistou pela primeira vez na sua carreira desportiva a vitória na categoria camião do Africa Eco Race. Um momento histórico para o desporto motorizado internacional, visto ter sido a primeira vez que uma mulher venceu uma longa maratona de todo-o-terreno ao volante de um camião.
Final da aventura de Jorge Jesus nas arábias a fechar o mês
Janeiro estava quase a terminar quando, da Arábia, chegava a notícia da saída de Jorge Jesus do Al-Hilal. Já na semana anterior tinham surgido rumores de que o técnico português tinha sido despedido, rumores esses que tinham sido, então, negados. Mas, tantas vezes acontece no futebol, o que hoje é verdade amanhã é mentira e, a 30 de Janeiro, Jorge Jesus viu mesmo confirmado o fim da sua aventura na Arábia Saudita.
Arábia Saudita onde, duas semanas antes, Rui Vitória tinha sido confirmado como novo treinador do Al Nassr.
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