O presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Fernando Gomes, defendeu hoje a necessidade de cooperação estreita com as autoridades policiais, judiciais e políticas no combate à manipulação dos resultados desportivos.
Numa intervenção na Conferência de Sensibilização ao Combate à Manipulação Desportiva, realizada na sede da Polícia Judiciária (PJ), em Lisboa, o líder federativo apontou este fenómeno como “um flagelo que pode não só destruir o futebol, mas também a sociedade” portuguesa e vincou que o desafio vai muito além da salvaguarda da verdade desportiva.
“Impõe-se como um instrumento de perseguição à corrupção, ao branqueamento de capitais, à criminalidade internacional organizada, à luta contra organizações terroristas ou o tráfico de drogas”, disse o presidente da FPF, lançando um apelo perante o diretor da PJ, Luís Neves: “Precisamos da vossa ajuda para perseguir e punir atos criminosos que têm o potencial de destruir o futebol e o desporto nacional”.
Fernando Gomes fez questão de recordar o trabalho desenvolvido nos últimos anos pela FPF, enumerando a apresentação de legislação sobre combate à corrupção desportiva, que levou a alterações à Lei 50/2007, a colocação do combate ao ‘match-fixing’ como prioridade, a monitorização desde 2016 das provas desportivas nacionais objeto de apostas e a criação de um programa de sensibilização e de um canal direto de denúncia no site do organismo.
“Sabemos que este caminho de rigor e transparência só será possível com a ajuda e união de todo o movimento desportivo, autoridades policiais e judiciais, parlamento e governo”, observou, acrescentando: “Juntos poderemos garantir um futebol justo, limpo e sem batota. Juntos poderemos assegurar uma sociedade mais segura e próspera”.
A dimensão cada vez maior dos fluxos financeiros movimentados pelas apostas desportivas foi, igualmente, enfatizada pelo líder da FPF, que revelou que em Portugal ascende a 35 milhões de euros por dia e a cerca de 13 mil milhões por ano, verba que seria “suficiente para financiar todo o funcionamento do Serviço Nacional de Saúde durante um ano” e da qual 80% do dinheiro é proveniente do mercado asiático.
Fernando Gomes alertou ainda para os riscos colocados pelas apostas online ilegais e para o investimento em sociedades desportivas com intuitos não desportivos, frisando que a FPF e as autoridades têm de “alargar competências” de forma a conhecer “a fundo os investidores” no futebol, diferenciando “quem o quer fazer para desenvolver o desporto e quem o quer fazer com intuitos criminosos”.
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