As participantes na conferência “O papel do atleta fora do terreno de jogo” comungaram hoje na opinião de que a ‘voz’ dos desportistas é crucial para o bom funcionamento das instituições olímpicas ou ligas profissionais.

Organizada no âmbito das comemorações dos 20 anos da Comissão de Atletas Olímpicos (CAO), a conferência esmiuçou o papel desempenhado por desportistas e ex-desportistas no setor, com Emma Terho a notar que, graças aos ‘inputs’ dos atletas, “os comités nacionais podem tomar melhores decisões”.

“Isto acontece porque estes representantes estão mais próximos da realidade vivida pelos desportistas”, completou a presidente da Comissão de Atletas do Comité Olímpico Internacional (COI), já depois de elogiar a CAO e a cooperação que tem estabelecido com a organização a que preside.

A antiga atleta olímpica finlandesa de hóquei no gelo acredita que muito mudou na última década, mas que o papel dos desportistas nas organizações será ainda mais importante no futuro, uma vez que estes estão mais conscientes daquilo que os rodeia.

“O mais importante é tentar que as organizações estejam dispostas a ouvir os atletas, o que nem sempre acontece em ligas movidas pelo dinheiro. O mais importante é termos uma voz e que nos ouçam”, alertou Ticha Penicheiro.

Se a antiga basquetebolista portuguesa, campeã da Liga norte-americana em 2005 e designada uma das 25 melhores jogadoras de sempre da WNBA, apelou à abertura ao diálogo por parte das entidades desportivas, vincando que os atletas são o ‘coração’ do desporto, Karen Dolphin recordou que estes detêm “uma posição única” nas mesmas.

“É preciso guiar estas organizações no caminho certo para a satisfação das necessidades dos atletas”, nomeadamente potenciando as informações recolhidas pelas comissões nacionais em todo o mundo, completou a representante do Departamento do Atleta do COI.

Para a antiga karateca irlandesa, “os representantes dos atletas podem elevar a voz dos demais atletas nas instituições” e “incorporá-la em todos os níveis de decisão”.

A conferência, que decorreu no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, foi o pretexto ideal para recordar os 20 anos da CAO, com uma cerimónia de homenagem aos antigos membros, e também para o atual presidente manifestar o desejo de ver a comissão portuguesa a ter “um papel cada vez mais interventivo”, para “fomentar uma cultura de desporto a nível nacional”.

“Termino agradecendo profundamente aos atletas que desbravaram o caminho, que não terá sido fácil no início. Foi no fundo quebrar dogmas e instituir uma nova forma de cooperação”, afirmou João Rodrigues, o atleta português com mais presenças olímpicas (sete).

Presente na cerimónia, José Manuel Constantino evidenciou o “momento particularmente importante para os atletas, nomeadamente para aqueles que representaram esta comissão”, destacando a importância de “ter um interlocutor perto que possa ajudar a qualificar” a intervenção do Comité Olímpico de Portugal (COP).

“Tenho tido o privilégio nestes dois mandatos de ter uma relação de muita proximidade com as comissões de atletas”, assumiu o presidente do COP, considerando que as diferenças lideranças da CAO têm trazido pontos de vista que ajudam o organismo ao qual preside.

Para José Manuel Constantino, “a voz dos atletas foi sempre uma voz qualificada, autorizada, mas sobretudo, respeitada”.

“Podem orgulhar-se de ter uma comissão tão útil” ao olimpismo, concluiu.