Lisboa, Champions, ação
Em agosto, Lisboa recebia a inédita 'final a 8' da Liga dos Campeões, competição que regressou quase cinco meses depois da paragem devido à pandemia da COVID-19. Leipzig, PSG, Barcelona, Bayern Munique, Atlético Madrid, Lyon, Manchester City e Real Madrid rumaram até à capital portuguesa para disputarem a fase final da liga milionária.
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O troféu acabou por ser levantado pelo Bayern, após o triunfo sobre o Paris Saint-Germain no Estádio da Luz. Um golo do francês Kingsley Coman, aos 59 minutos, foi o suficiente para os bávaros arrebatarem o seu sexto troféu na competição, juntando-o aos conquistados em 1974, 1975, 1976, 2001 e 2013.
Com este triunfo, a equipa de Hans-Dieter Flick conseguiu algo que nenhum emblema alcançou na história da competição: ser campeão vencendo todos os jogos disputados: seis na fase de grupos (Olympiacos, Tottenham e Estrela Vermelha) e cinco na fase a eliminar. Robert Lewandowski ficou-se pelo 15 golos na Champions, a dois do recordista Cristiano Ronaldo, que lidera com 17 golos na prova numa só temporada.
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A caminhada do Bayern em Lisboa fica também marcada pela goleada histórica (8-2) sobre o Barcelona, também no Estádio da Luz. Muller (2), Perisic, Gnabry, Kimmich, Lewandowski e Philippe Coutinho (2) foram os autores da 'destruição' bávara. Alaba, na própria baliza, e Suárez apontaram os dois tentos dos catalães.
A derrota acabou por ter grande impacto no Barcelona, que dias depois viria a afastar Quique Setién do comando técnico, com Ronaldo Koeman a assumir o cargo. Mas a grande 'novela' prendeu-se com a possível saída de Lionel Messi. O internacional argentino comunicou ao Barcelona a intenção de rescindir unilateralmente, ao abrigo de uma cláusula que consta do seu contrato. Já o emblema catalão exigia que o jogador pagasse 700 milhões de euros pela rescisão. Seguiram-se dias de incerteza, que se prolongaram até ao mês seguinte, com Messi a anunciar que continuava em Camp Nou.
No futebol feminino foram as francesas do Lyon a sagrarem-se pentacampeãs europeias, depois de vencerem as alemãs do Wolfsburgo por 3-1, na final da Liga dos Campeões, em San Sebastián, Espanha. O Lyon, que não contou na ficha de jogo com a portuguesa Jéssica Silva, alcançou assim a quinta Champions consecutiva e a sétima da sua história – é a equipa com mais títulos europeus no palmarés.
Já o Sevilha conquistou a sexta Liga Europa da sua história, ao vencer o Inter por 3-2, na final disputada em Colónia. Os italianos adiantaram-se no marcador logo aos cinco minutos, através de Romelu Lukaku, mas os espanhóis deram a volta ao marcador, com um 'bis' de Luuk de Jong, aos 12 e 33. O central uruguaio Diego Godin, aos 36, voltou a igualar a contenda. O lance decisivo da partida surgiu aos 74 minutos, num lance em que Diego Carlos tentou um pontapé de bicicleta, tendo Lukaku, com um desvio infeliz, introduzido a bola na baliza.
A equipa orientada por Julen Lopetegui, arrebatava assim o sexto troféu, em seis finais, da segunda competição europeia de clubes, depois das conquistas em 2005/06, 2006/07, 2013/14, 2014/15 e 2015/16.
Bruno Fernandes foi o melhor marcador da prova, com oito tentos. O internacional português marcou cinco golos na fase de grupos com a camisola do Sporting e mais dois pelo Manchester United na fase a eliminar. Romelu Lukaku ficou na segunda posição, com sete golos, e Diogo Jota (na altura no Wolverhampton) na terceira, com seis.
'Dobradinha' à moda do FC Porto
O FC Porto juntou a Taça de Portugal à conquista do título de campeão nacional, ao vencer o Benfica por 2-1. Os 'dragões' até ficaram reduzidos a dez homens logo aos 38 minutos, por expulsão de Luis Díaz, mas foram sempre mais fortes e na segunda parte chegaram ao 2-0, com dois golos de Mbemba.
O Benfica ainda reduziu na reta final, por Vinícius, de penálti, mas não conseguiu impedir a vitória dos 'azuis e brancos', que assim conquistaram a sua 17.ª Taça de Portugal, a segunda em dez finais disputadas com o Benfica.
A conquista da Taça de Portugal por parte do FC Porto fica ainda marcada pela entrega do troféu, que foi levantado por Iker Casillas ao lado de Danilo e de Sérgio Conceição. Três dias depois, o guarda-redes espanhol, de 39 anos, confirmou o adeus definitivo à carreira de futebolista profissional. Também neste mês, o FC Porto viu a UEFA manter as restrições de carácter financeiro e desportivo na temporada 2020/21.
Sérgio Conceição venceu o prémio de melhor treinador da época de 19/20 da Liga, enquanto Corona foi eleito o melhor jogador. Zé Luís foi o autor do melhor golo.
Apresentação de Jorge Jesus, mercado e uma novela chamada Cavani
Dois dias depois da final da Taça, Jorge Jesus foi oficialmente apresentado como treinador do Benfica. Se em 2009 o técnico afirmou que a equipa iria jogar o dobro, agora prometeu "o triplo" com uma garantia: "vamos arrasar". Dizendo que vem para unir também os benfiquistas, Jesus prometeu não fazer qualquer revolução, mas admitiu trazer bons jogadores para formar um grande plantel.
Veja o discurso do técnico português na íntegra durante a apresentação no Seixal
Jorge Jesus, de 66 anos, já tinha sido confirmado como novo técnico dos ‘encarnados’ a 17 de julho, dia em que rescindiu com o Flamengo, tendo assinado contrato por dois anos, até ao final da temporada 2021/22.
Também neste mês, vários clubes da I Liga anunciaram mudanças no comando técnico: Mário Silva foi oficializado no Rio Ave; Lito Vidigal deixou o Vitória de Setúbal e assinou pelo Marítimo; Rui Almeida sucedeu a Vítor Oliveira no Gil Vicente; e Pako Ayestarán assumiu o leme do Tondela. Lá fora, destaque para o despedimento de Jesualdo Ferreira do Santos e para a saída de Paulo Sousa do Bordéus.
Em agosto começaram também a ser conhecido os primeiros reforços na I Liga, cujo arranque estava apontado para 20 de setembro. Além do regresso de alguns nomes conhecidos ao futebol português (Nico Gaitán e Javi Garvia), o FC Porto anunciou as contratações de Carraça, Cláudio Ramos, Zaidu e Taremi; o Sporting oficializou as chegadas de Antunes, Pedro Porro, Pedro Gonçalves, Feddal, Adán e Nuno Santos, e despediu-se de Battaglia (Alavés), Francisco Geraldes e Gelson Dala (ambos no Rio Ave); o Benfica confirmou Pedrinho, Gilberto, Helton Leite, Cebolinha, Vertonghen e Waldschmidt, tendo ainda rescindido contrato com Zivkovic.
Mas o nome mais ouvido durante o mês de agosto, no que toca ao mercado de transferências, foi o de Edinson Cavani. A imprensa chegou a dar o negócio entre o avançado urugaio e o Benfica como fechado, sendo que o jogador chegou mesmo a admitir que ficaria "encantado" com uma possível mudança para a Luz. No entanto, o elevado o elevado salário exigido por Cavani fez com que o Luís Filipe Vieira deixasse cair o negócio. Como alternativa, os 'encarnados' mudaram o foco para Darwin Núñez.
Este mês fica igualmente marcado pela terceira derrota do Benfica na final da UEFA Youth League. Um golo de Pablo Rodríguez, à passagem do minuto 26, e um autogolo de Jocu perto do intervalo levaram o Real Madrid com uma vantagem confortável para o intervalo. O Benfica reagiu no segundo tempo, até marcou por duas vezes, com Gonçalo Ramos a bisar na partida e Tiago Dantas a falhar uma grande penalidade, mas os 'merengues' marcaram mais um golo, pelo meio, e acabaram mesmo por conquistar a prova, sucedendo ao FC Porto.
Destaque ainda para Rui Pinto, criador do Football Leaks, que estava em prisão domiciliária, que foi posto em liberdade, com a obrigação de apresentações semanais à Polícia Judiciária (PJ).
Lá fora, Francisco Trincão foi apresentado no Barcelona, o Arsenal conquistou a Taça e a Supertaça de Inglaterra (Chelsea e Liverpool foram os finalistas derrotados, respetivamente), o Cluj sagrou-se tricampeão na Roménia com Mário Camora e Luís Aurélio em campo, e Ciro Immobile venceu a luta pela Bota de Ouro, prémio relativo ao melhor marcador de todas as ligas europeias, com Ronaldo no pódio.
O primeiro triunfo do Falcão no MotoGP e o título mundial de Félix da Costa
Agosto foi um mês de grandes conquistas no desporto motorizado, a começar pela primeira vitória de sempre de um português em MotoGP. Miguel Oliveira venceu o Grande Prémio de Estíria, no circuito de Spielberg, naquela que foi a corrida 900 da prova rainha do motociclismo.
O piloto da Tech3 (segunda equipa da KTM) parecia destinado a terminar a prova no terceiro lugar, mas Pol Espargaró e Jack Miller, o duo que lutava pela vitória, alargaram a trajetória à entrada da reta da meta e Miguel Oliveira, que seguia na roda, passou para a frente.
"Fizemos história para Portugal", disse o português logo após a chegada às boxes. Foi, de facto, um triunfo histórico que aconteceu no mesmo mês em que foi confirmado que Portimão também iria receber, além da Fórmula 1, a 14.ª e última prova do campeonato do mundo de MotoGP.
Com duas corridas ainda por disputar, António Félix da Costa tornou-se no quinto piloto a sagrar-se campeão mundial de Fórmula E, competição que teve o seu início em 2014. O piloto da DS Techeetah garantiu o título depois de ter sido segundo classificado na oitava jornada da competição, em Berlim. Foi a primeira vez que um português venceu o campeonato do mundo da modalidade.
Destaque ainda para Filipe Albuquerque, que neste mês consolidou a liderança das European Le Mans Series, depois de vencer as 4 Horas de Le Castellet, em França - já tinha ganho em Spa-Francorchamps (Bélgica), no início de agosto.
Em agosto houve também boicotes a várias competições (NBA, MLS, MLB) nos Estados Unidos, em protesto contra a injustiça racial, após mais uma morte de um cidadão afro-americano às mãos das autoridades; o US Open arrancou com várias ausências de peso devido à pandemia, nomeadamente de Rafael Nadal; a Volta a França em bicicleta também arrancou no final de um mês atribulado, na sequência das graves quedas de Fabio Jakobsen (Volta à Polónia) e Remco Evenepoel; e Ronnie O'Sullivan conquistou o título mundial de snooker pela sexta vez.
Em Portugal, o Sporting, em femininos, e o Benfica, em masculinos, sagraram-se campeões nacionais de atletismo pela 10.ª vez seguida; João Ribeiro conquistou os títulos nacionais de velocidade em K1 200 e 500 metros, distância na qual venceu Fernando Pimenta, que revalidou o título nos 1.000 metros; Rui Costa arrebatou pela segunda vez o título português de ciclismo de fundo, ao impor-se ao ‘sprint’ a Daniel Mestre (W52/FC Porto), enquanto Ivo Oliveira venceu no contrarrelógio.
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