Superliga Europeia, uma morte anunciada
Foi o tema quente do mês de abril. Confirmando os rumores que vinham de trás, 12 clubes anunciaram a sua intenção de criar uma nova competição europeia, chamada Superliga. AC Milan, Arsenal, Atlético de Madrid, Chelsea, Barcelona, Inter de Milão, Liverpool, Manchester City, Real Madrid e Tottenham integravam a lista de clubes fundadores.
As reações de contestação não tardaram a surgir, um pouco por toda a parte. A UEFA reafirmou a intenção de excluir os clubes que integrem uma eventual Superliga europeia, e que tomará "todas as medidas necessárias, a nível judicial e desportivo" para inviabilizar a criação de um "projeto cínico".
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Figuras políticas como Boris Johnson e Emmanuel Macron ou entidades como a FIFA e a Associação Europeia de Clubes (ECA) também se juntaram às vozes críticas, antes assumidas pelas instituições desportivas de Inglaterra, Itália e França, e também em Portugal pelo presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, Pedro Proença. No seguimento desse anúncio, Andrea Agnelli, presidente da Juventus, deixou a liderança da Associação Europeia de Clubes, sendo depois substituído por Nasser Al-Khelaifi, líder do PSG.
Entre discursos emotivos, apelos e ameaças, a maioria dos fundadores não resistiu à pressão e acabou por abandonar o projeto. Tudo isto em menos de três dias.
Na mesma altura, a UEFA aprovava um novo formato para as competições de clubes, a ser implementado a partir da época 2024/25. Uma das principais novidades passa por um aumento do número total de equipas de 32 para 36 na Liga dos Campeões. Tal implicará a transformação da fase de grupos tradicional para uma única fase de Liga que incluirá todos os participantes.
Mais um despedimento para Mourinho e Pedro Martins campeão na Grécia
Praticamente um mês após a surpreendente eliminação da Liga Europa, o Tottenham anunciava a demissão de José Mourinho do comando técnico. Este era mais um episódio de insucesso do técnico português, depois de ter sido despedido do Manchester United, Chelsea e Real Madrid. Mourinho deixava os 'spurs' na sétima posição da Premier League e a menos de uma semana da final da Taça da Liga Inglesa.
Ryan Mason, ex-jogador do clube, ocupou o lugar de José Mourinho de forma interina até ao final da presente época, acabando por sair derrotado da final da Taça da Liga inglesa, diante do Manchester City. Rúben Dias e Cancelo foram titulares nos 'citizens', Bernardo Silva entrou perto do fim e Ayméric Laporte apontou o único golo da partida disputada em Wembley. Também em abril, Chelsea e Leicester garantiam a presença na final da Taça de Inglaterra.
Em sentido inverso, Pedro Martins revalidou o título de campeão da Grécia para o Olympiacos, assim como os jogadores José Sá, Rúben Semedo, Tiago Silva e Bruma. Um título que chegou a sete rondas do final da prova, tornando-se este Olympiacos o campeão mais rápido da Grécia. O anterior recorde estava na posse de Marco Silva, outro técnico português campeão pelo emblema do Pireu em 2015/16, a seis rondas do fim da Liga Grega.
Renato Paiva conduziu o Independiente del Valle a uma heroica qualificação para a Taça Libertadores, ao eliminar o Grémio; o Legia Varsóvia de André Martins e Rafael Lopes sagrou-se campeão da Polónia, tal como o Dínamo Kiev na Ucrânia e o Young Boys na Suíça; e o FK Panevezys, dos treinadores portugueses João Luís e Luís Olim (adjunto) e do lateral esquerdo Rafael Floro conquistou a Supertaça da Lituânia.
Por outro lado, foi um mês para esquecer para Abel Ferreira, que viu o Palmeiras perder a Supertaça Sul-americana para os argentinos do Defensa y Justicia, bem como a Supertaça do Brasil para o Flamengo, ambas no desempate por grandes penalidades. Já Jorge Simão não conseguiu evitar a despromoção do Mouscron na Bélgica.
Ainda no que toca a títulos, o mês de abril teve dois vencedores da Taça do Rei em Espanha, com o Athletic Bilbao a perder ambas as finais: o Barcelona venceu a edição deste ano, ao golear o Athletic com quatro golos em 12 minutos; e a Real Sociedad ergueu o troféu na final referente à temporada transata, que tinha sido adiada devido à COVID-19. Nos Países Baixos, foi o Ajax a levantar a taça.
Emoção na reta final da I Liga, FC Porto eliminado da Champions
No mês em que a Liga portuguesa anunciou a mudança de nome para as próximas temporadas, o Sporting conseguiu segurar a liderança do campeonato, apesar de uma ligeira quebra (empates com Moreirense, Famalicão e Belenenses SAD), tendo ultrapassado um importante teste em Braga.
Na mesma jornada, o FC Porto tropeçava em Moreira de Cónegos (1-1), mas o que deu que falar foi a agressão a um repórter de imagem por parte de Pedro Pinho, empresário de futebol, numa altura em que Pinto da Costa se dirigia aos restantes repórteres de imagens presentes no local. O caso resultou na abertura de um processo disciplinar a Pedro Pinho, que ficou ainda com a licença de agente suspensa preventivamente.
Veja as imagens que marcaram o mês de abril
Ainda no que diz respeito ao campeonato, João Henriques protagonizou a 14.ª chicotada na prova ao deixar o comando técnico do Vitória de Guimarães, tendo sido substituído por Bino, que orientava a equipa B dos vimaranenses. Lá fora, José Gomes abandonou os espanhóis do Almería, enquanto Horácio Gonçalves foi anunciado como o novo selecionador de Moçambique.
Na Liga dos Campeões, o FC Porto foi eliminado pelo Chelsea mesmo vencendo (1-0) na segunda mão dos quartos de final, com um golaço de 'bicicleta' de Taremi - tinha perdido por 2-0 na semana anterior. Na soma das partidas, ambas disputadas em Sevilha, os londrinos mostraram-se mais competentes e 'expulsaram' a única equipa portuguesa das prova europeias, marcando encontro com o Real Madrid nas 'meias'. PSG e Manchester City foram os outros semifinalistas.
Já a Roma de Paulo Fonseca avançava para as meias-finais da Liga Europa após eliminar o Ajax, tendo pela frente o Manchester United de Bruno Fernandes e Diogo Dalot, que afastou o Granada de Domingos Duarte, Rui Silva e Domingos Quina. O outro duelo das meias-finais opunha o Arsenal ao Villarreal.
De destacar, ainda, a dupla nomeação de Artur Soares Dias para arbitrar no Euro'2020 e nos Jogos Olímpicos de Tóquio, bem como a subida da Seleção feminina de futebol ao 29.º lugar do ‘ranking’ da FIFA. Era a melhor classificação de sempre da equipa das ‘quinas’, apesar de ter ficado de fora do Campeonato da Europa de 2022. Edite Fernandes despediu-se da carreira de jogadora, aos 41 anos, no mesmo mês em que o Estoril sagrou-se campeão da Liga Revelação e a Liga 3 foi oficialmente apresentada.
Ouro para Telma Monteiro e MotoGP de novo em Portugal
Telma Monteiro foi outra grande figura do mês de abril, graças à medalha de ouro conquistada nos Europeus de Judo, que se realizaram em Lisboa. A atleta portuguesa venceu o duelo com a eslovena Kaja Kajzer por 'ippon', na categoria de -57kg, somando o sexto ouro em Campeonatos Europeus, depois das vitórias em 2006, 2007, 2009, 2012 e 2015. João Crisóstomo, Bárbara Timo e Rochele Nunes conquistaram a medalha de bronze, o mesmo resultado alcançado por Rui Bragança nos Europeus de taekwondo.
O mês de abril fica ainda marcado por dois apuramentos para Campeonatos da Europa: a seleção portuguesa de futsal, campeã em título, qualificou-se para o Europeu de 2022, nos Países Baixos, ao assegurar o triunfo no Grupo 8 de apuramento com uma goleada por 7-1 face à Noruega; e a seleção de andebol, que já tinha garantido o apuramento para os Jogos Olímpicos, garantiu presença no Europeu de 2022 após bater a seleção de Israel por 41-29, em jogo da quinta jornada de apuramento. Em sentido inverso, a seleção feminina de andebol falhou o apuramento para o Mundial, o que levou à saída do treinador Ulisses Pereira.
Abril foi particularmente feliz para o hóquei português, com quatro equipas lusas a marcarem presença na 'final four' da Liga Europeia: Benfica, Oliveirense, FC Porto e Sporting. No futsal, o Sporting apurou-se para as meias-finais da Liga dos Campeões, ao vencer os russos do KPRF Moscovo por 3-2, na Croácia, enquanto o Benfica caiu nos quartos de final ao perder por 6-2, após prolongamento, com os cazaques do Kairat Almaty. Ainda assim, houve festa na Luz para a equipa de futsal feminino, que festejou o tetracampeonato a três jornadas do fim.
Os 'encarnados' também triunfaram no voleibol, com a conquista do nono título de campeão nacional, o segundo consecutivo, ao somarem o terceiro triunfo na final frente ao Fonte do Bastardo. Em femininos, o título foi para o AJM/FC Porto. Já o Sporting ergueu a Taça de Portugal de basquetebol, depois de há poucos meses ter também conquistado a edição 2019/20 da prova, adiada em virtude da pandemia da COVID-19, e conquistou a quarta Supertaça de râguebi feminino.
Filipa Martins esteve em destaque nos Campeonatos da Europa de ginástica artística, apurando-se para as finais do 'all-around' (11.ª) e das paralelas assimétricas (8.ª). A ginasta portuguesa fez história ao apresentar um novo elemento técnico que será incluído no código de pontuação internacional e que será batizado com o seu nome.
Neste mês, vários atletas confirmaram presença nos Jogos Olímpicos de Tóquio. A saber: Sara Moreira (maratona), Fernando Pimenta (canoagem), Teresa Portela (canoagem), Pedro Fraga e Afonso Costa (remo) e Carolina João (vela). No surf, António Laureano candidatava-se ao Guinness World Record com uma onda de 30,9 metros, surfada seis meses antes na Nazaré.
Para terminar, Portugal voltou a receber o Mundial de MotoGP, numa corrida em que Miguel Oliveira, vencedor do ano passado, foi último após uma queda à sexta volta. Fabio Quartararo foi o vencedor em Portimão, com direito a um festejo inspirado em Cristiano Ronaldo.
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