O FC Porto venceu o Fabril do Barreiro por 2-0. Passou à 4ª eliminatória da Taça de Portugal. No Barreiro, frente ao Fabril, outrora a mítica CUF, viveu uma tarde tranquila, sem grandes sobressaltos, como se esperava e como precisava. Tudo correu normalmente, portanto. Mas, ao contrário do que Sérgio Conceição afirmou no final da partida, a atuação dos 'dragões' esteve longe de ser brilhante.
A vitória, alcançada com um golo (e que golo) a fechar a primeira parte e outro logo a abrir a segunda, assinados por dois reforços de ataque trazidos para o clube esta temporada, não foi mais do que o uma mera formalidade - estranho seria se assim não fosse - conseguida através do cumprimento de 'serviços mínimos' pelos 'dragões' diante de um adversário que, dada a diferença de valias entre os dois conjuntos, nunca importunou, mas resistiu o quanto conseguiu, com o FC Porto a levar até mais tempo do que devia até conseguir quebrar essa resistência.
O jogo: Uma dupla de avançados a justificar aposta e a exigir mais minutos
Num jogo de grau de exigência menor, frente a um adversário que milita no terceiro escalão do futebol português e de mesmo aí ocupar o penúltimo lugar da sua série, mas com a exigência de ter de ganhar na entrada em cena numa prova onde defende o título, Sérgio Conceição procedeu a várias mexidas em relação àquele que tem vindo a ser o seu onze habitual.
Com muitos jogadores acabados de regressar das seleções e com a visita a Marselha, para a Liga dos Campeões, marcada já para quarta-feira, o técnico dos 'dragões' mexeu em todos os setores do terreno de jogo, poupando nomes como Marchesin, Mbemba, Sérgio Oliveira, Uribe, Luiz Diáz, Corona ou Marega. Em contrapartida aproveitou para dar oportunidade a jogadores como Diogo Costa, Carraça (estreia absoluta), Loum, Romário Baró, Nakajima, Filipe Anderson, Taremi (primeiro jogo como titular) e Toni Martínez.
E se uns terão correspondido mais do que outros, os dois últimos, aposta para a frente de ataque, cedo mostraram ao que vinham. Foram deles (duas para cada um) as quatro primeiras ocasiões de golo criadas pelo FC Porto nos primeiros 20 minutos de jogo. A eficácia não foi aí, contudo, a melhor e o já não muito acentuado ritmo que o conjunto azul e branco vinha impondo no encontro, aos poucos, desacelorou ainda mais. Ao ponto de o Fabril até se aventurar pelo meio campo contrário, numa ou outra incursão rumo à grande área azul e branca, ainda que sem nunca assustar Diogo Costa.
Só que, quando se pensava que a resistência da turma da casa iria durar até ao intervalo, surgiu o primeiro golo da partida, numa altura em que a pressão do FC Porto até nem era tão acentuada como já o fora. Decorria o período de descontos do primeiro tempo quando Otávio descobriu Toni Martínez na grande área do Fabril. Com um gesto técnico notável, o espanhol assinou o seu primeiro golo 'de dragão ao peito'.
E se um dos avançados que Conceição contemplou com a titularidade correspondeu a fechar o primeiro tempo, o outro correspondeu a abrir o segundo. Assistido por Filipe Andreson (outra das novidades no 'onze'), Taremi assinalou o seu primeiro jogo como titular com um golo, o seu segundo nos últimos dois jogos, depois do tento que havia já apontado frente ao Portimonense, para a I Liga.
Pensou-se que o FC Porto poderia partir para uma goleada, face a uma eventual quebra anímica do Fabril, mas nem uma coisa nem outra sucedeu. Sérgio Conceição aproveitou para fazer mais algumas mexidas, até lançou alguns habituais titulares, para lhes dar algum ritmo de jogo antes da Champions, mas a bola não voltou a entrar. Não fazia mal. Os serviços mínimos estavam cumpridos por um conjunto de 'funcionários' menos utilizados, mas que acabaram por estar à altura do que se lhes era exigido, mesmo que alguns não tenham deslumbrado.
Momento-chave: Bicicleta de Martínez abre caminho da vitória
O intervalo aproximava-se. Decorria já o primeiro minuto do período de descontos. Otávio viu a desmarcação de Toni Martínez e levantou a bola para a grande área do Fabril. O avançado espanhol, com um gesto técnico verdadeiramente brilhante, desferiu um remate acrobático, em jeito de pontapé de bicicleta, que deixou o guarda-redes contrário pregado ao solo. Que maneira de se estrear a marcar de 'dragão ao peito'...
O Melhor: 'segundas linhas' dão garantias
Foram muitos os jogadores que Sérgio Conceição lançou para a titularidade e que tinham tido poucas (ou nenhumas) oportunidades até aqui. Nenhum comprometeu (face à diferença de valias entre as duas equipas é natural que assim tenha sido), mas houve quem aproveitasse para se destacar e mostrar que pode ser alternativa, se o técnico assim o entender. Romário Baró esteve sempre muito ativo no meio campo, Filipe Anderson mostrou classe na assistência para o segundo golo e Taremi e Toni Martínez responderam com golos.
O Pior: 'Festa' sem público não é festa
A expressão 'a festa da Taça' foi (originalmente) criada para jogos como este. Quando um 'grande' visita o terreno de uma equipa de um escalão inferior, há sempre um encanto especial para os adeptos dessas formações. Ainda para mais num encontro que levava o FC Porto a visitar um emblema histórico do futebol português, a antiga CUF, agora Fabril do Barreiro. Mas desta vez, e face às condicionantes ditadas pela COVID-19, não houve público e não houve festa. Houve só mais um jogo de futebol, onde o mais forte acabou por levar a melhor com naturalidade.
Estatísticas e curiosidades
- Atual detentor do troféu, o FC Porto somou o 15.º jogo seguido sem perder na Taça de Portugal (excluindo derrotas por pontapés da marca de grande penalidade).
- Mehdi Taremi marcou pelo segundo jogo consecutivo pelos 'dragões'
- Carraça estreou-se oficialmente com a camisola do FC Porto. Foi o 28º jogador usado por Sérgio Conceição esta temporada.
Reações
Sérgio Conceição, treinador do FC Porto: "Tivemos alguns momentos de brilhantismo"
João Marreiros, guarda-redes do Fabril: "Caímos com dignidade"
Toni Martínez, avançado do FC Porto: "Nem pensei, foi instinto"
Comentários