O Benfica bem pode agradecer a Rafa Silva a passagem à quinta eliminatória da Taça de Portugal. Um golo já nos descontos do segundo tempo do internacional português que entrou ao intervalo para o lugar de Krovinovic deu a vitória sofrida aos 'encarnados' numa partida complicada frente ao um adversário de escalão inferior, mas que deu uma boa réplica num Estádio da Luz que esteve muito longe das enchentes já registadas esta temporada - 16 454 espetadores assistiram ao encontro desta quinta-feira.

Depois de muitas críticas nas duas temporadas anteriores devido aos problemas de finalização, o extremo tem correspondido esta época e é um dos jogadores mais influentes da equipa, sendo até mesmo o melhor marcador do plantel principal com sete golos apontados em todas as competições.

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O Jogo: Exibição sofrível e com muitas dificuldades em criar oportunidades

No regresso a um esquema de 4x4x2, Rui Vitória apostou num 'onze' com sete alterações em relação ao último jogo, a vitória por 3-1 no campo do Tondela em 11 de novembro, mantendo Conti, Rúben Dias e Grimaldo na defesa, além de Jonas no ataque, enquanto Quim Machado utilizou os mesmos jogadores que iniciaram o embate com o Leixões (2-0).

No meio campo, o croata Krovinovic regressou à competição, após 10 meses e dois dias afastado por lesão, num jogo que começou sem oportunidades de monta no primeiro quarto de hora.

Este foi um jogo em que, como disse Rui Vitória na conferência após o encontro, o Benfica complicou e muito. Apesar de sido superior na maior parte da partida e ter tido mais posse de bola, os 'encarnados' complicaram uma partida que seria fácil contra um adversário de um patamar inferior, mas que se apresentou como se uma equipa de I Liga se tratasse.

O Benfica até começou pressionante no encontro com Zivkovic e Jonas a testaram Rui Vieira com remates à figura. Esta posição dominante empurrou a equipa arouquense para o seu último reduto que não conseguiu sair do seu meio-campo, mas isso não trouxe frutos. O clube da Luz sentia muitas dificuldades para entrar na área do Arouca, com os remates a saírem todos de meia-distância. A equipa de Quim Machado manteve-se atrás e e tentava explorar o adiantamento dos laterais do Benfica

Na primeira vez que o Arouca ultrapassou a linha de meio-campo, aos 19 minutos, surpreendeu a defesa 'encarnada' e inaugurou o marcador. Conti falhou no capítulo defensivo, Didi aproveitou o corte incompleto do defesa-central argentino e serviu o congolês Bukia que de trivela e sozinho perante Svilar atirou de pé esquerdo para o poste mais distante.

As 'águias' reagiram bem ao golo sofrido e Seferovic e Jonas, com duas oportunidades aos 21 minutos, podiam ter empatado a contenda, mas o Benfica sentiu sempre grandes dificuldades para criar desequilíbrios junto à área do Arouca

Praticamente em cima do apito para o intervalo, o Benfica iria conseguir empatar o encontro por intermédio de Jonas. Seferovic combinou com o avançado brasileiro de 34 anos e este só teve de atirar para o fundo das redes de Rui Vieira, aos 42 minutos. O golo surgiu numa boa altura, mas não apaga a pobre exibição da primeira parte em que os 'encarnados' atacaram muito, mas ficavam sem ideias quando chegava à altura da finalização.  O Benfica teve 72 por cento de posse de bola nos primeiros 45 minutos.

Para o segundo tempo, Rui Vitória decidiu mudar a estratégia e retirou de campo Krovinovic, ainda a ganhar ritmo de jogo depois de dez meses de paragem, e apostou na velocidade de Rafa Silva, também à procura de mais cruzamentos para a área adversária. O extremo português rematou logo no primeiro minuto do reatar da partida, antes de ficar perto do 2-1 aos 59, num remate em que tentou fazer um chapéu a Rui Vieira e que Massaia cortou quase em cima da linha de golo.

Em 14.º na II Liga, o Arouca ia 'segurando' a ofensiva dos lisboetas, tentando sair em contra-ataque sempre que lhe davam espaço. O desgaste do Arouca começou a vir ao de cima, mas nem assim o Benfica conseguiu criar os necessários desequilíbrios para desmontar a teia defensiva dos arouquenses que até estiveram por duas vezes perto de voltar à vantagem. Aos 82 minutos, Fábio Fortes teve dupla oportunidade para marcar, primeiro num cabeceamento para uma grande defesa de Svilar e depois, num toque de calcanhar que saiu fraco.

Quando já todos pensavam que o jogo ia a prolongamento - inclusive o próprio treinador do Arouca o disse na 'flash-interview' - eis que surge Rafa Silva a iluminar o caminho para a vitória. O português aproveitou uma bola perdida após um cabeceamento de Jonas - Seferovic tinha cruzado para o brasileiro - para decidir o encontro, antes de Soares ser expulso no último dos cinco minutos de descontos.

O momento: Golo de Rafa Silva

Depois do Arouca ter ameaçado o escândalo no Estádio da Luz, eis que já na compensação do segundo tempo e quando o prolongamento começava a desenhar-se surge o extremo português a corresponder da melhor forma a um cabeceamento de Jonas que não saiu da direção da baliza para desviar para o golo. É o melhor marcador do Benfica em 2018/19 com sete golos.

Os melhores

Jonas

O avançado brasileiro é como o vinho do Porto, quanto mais velho melhor. Aos 34 anos, Jonas é um dos elementos mais influentes no jogo do Benfica. Decide jogos, cria jogadas e até recua perante a falta de criatividade dos seus colegas. A equipa teve muitas dificuldades em criar desequilíbrios junto à área adversária e foi Jonas que teve muitas vezes de ir atrás para criar as jogadas, acabando por ser o próprio a ir finalizar.

Rafa Silva

Anda de pontaria afinada esta temporada o internacional português, que já conta com sete golos marcados em todas as competições. Começou a partida no banco, mas foi nele que Rui Vitória apostou para dar mais verticalidade ao jogo dos 'encarnados'. Mexeu com o encontro em apenas 45 minutos, teve tempo de servir Jonas para uma oportunidade que o brasileiro não conseguiu concretizar e resolveu  encontro com um desvio certeiro ao segundo poste.

Bukia

Esteve em bom plano durante o encontro o internacional congolês. Aos 19 minutos, atirou de pé esquerdo e de trivela para o fundo das redes de Svilar, surpreendendo as bancadas do Estádio da Luz. Foi um quebra cabeças para Corchia nos duelos individuais e esteve sempre muito ativo durante toda a partida.

Massaia e Deyvison

Esteve irrepreensível a dupla de centrais do Arouca durante o jogo. Tamparam muito bem os espaços na zona central e resolveram sempre com eficácia os lances de maior aperto para a defensiva arouquense. Massaia negou ainda o golo a Rafa Silva com um corte em cima da linha de golo aos 59 minutos.

Os piores

Corchia

Depois do primeiro jogo com a camisola do Benfica frente ao Sertanense, o francês foi chamado a ocupar o lugar habitual de André Almeida, mas esteve abaixo das expetativas. Esteve em bom plano a nível ofensivo, mas deixou a desejar no capítulo defensivo. Deu muitos espaços aos adversário e Bukia não lhe facilitou a tarefa. O congolês aproveitou o espaço dado por Cochia nas costas no lance que originou o 0-1.

Alfa Semedo

Mal no capítulo do passe. Mesmo perante um adversário teoricamente mais fácil, o médio falhou muitos passes, algo que não é aceitável num jogador de uma equipa de I Liga.

Reações:

Rui Vitória: "Isto não passa com um estalar de dedos"

Krovinovic: "Passámos na Taça de Portugal e agora é pensar em frente"

Quim Machado: "Já estávamos a pensar no prolongamento"

Fábio Fortes: "Faltou um bocadinho de sorte"

Rui Vitória: "Jonas e Grimaldo saíram com mazelas que não esperávamos"