De barriga bem cheia, não fosse todo o banquete que antecede a final da Taça de Portugal, os adeptos do FC Porto sacearam a sede de ganhar com a conquista da 19ª Taça de Portugal.
A vitória por 2-0 frente ao SC Braga não deixa dúvidas quanto à superioridade dos Dragões em campo, mas, além do coletivo, temos de olhar para um pequeno gigante Otávio que encheu o relvado do Jamor: Iniciou a jogada do primeiro golo e marcou o segundo, tornando-se no mais inconformado em campo.
Curiosamente, os adeptos portistas sabem bem que foi pelos pés do internacional português que confirmaram a presença na final da Prova Rainha [golo marcado ao Famalicão nas meias-finais] e agora festejam a conquista do terceiro troféu da temporada, depois da Supertaça e da Taça da Liga.
Um duelo em que os adeptos também viram uma parte do jogo com apenas 20 protagonistas em campo. João Pinheiro não poupou nos cartões, expulsou Wendell e, mais tarde, Niakaté, numa final que terminou com dez para cada lado mas sem influência direta no desfecho final.
E agora, para os mais desatentos, atenção que há clássico já em Agosto! FC Porto e Benfica abrem a época na Supertaça, naquele que pode ser a 'reedição' do duelo entre Otávio e Neres. As picardias são fora do relvado, mas hoje, o médio portista estava com especial vontade de se destacar dos restantes.
As perguntas que se impõem no universo azul e branco: Conceição fica na próxima temporada? O facto de ter sido o técnico a levantar a Taça pode ser visto como sinónimo de despedida?
O jogo: Água mole em pedra dura... (que apenas teve um remate à baliza)
Na verdade, o 2-0 do FC Porto até pode ser visto como um resultado escasso face à superioridade azul e branca em campo. O próprio treinador do SC Braga, Artur Jorge, admitiu que a equipa foi inferior, depois de apenas um remate à baliza defendida por Cláudio Ramos. Matheus, por outro lado, ainda evitou alguns males maiores.
Puxando a cassete ao início, e depois da sempre calorosa cerimónia de abertura, João Pinheiro deu início ao último jogo oficial de 2022/23. Os azuis e brancos entraram a todo o gás e com vontade de chegar rapidamente ao primeiro golo. Matheus ia negando o protagonismo a Eustáquio, Taremi e Evanilson. O avançado brasileiro lesionou-se no final do primeiro tempo e obrigou Conceição a mexer com a entrada de Toni Martínez, numa altura de apreensão para os Dragões.
Para o SC Braga foi bom chegar ao intervalo sem sofrer um golo (apesar de uma única oportunidade de golo criada por Ricardo Horta), mas Artur Jorge não conseguiu corrigir o que tinha falhado no primeiro tempo. Do outro lado, a ordem era continuar aquilo que já tinha sido feito até a barreira ceder.
Como diz o velho ditado, "água mole em pedra dura..." e, aos 53 minutos, Otávio libertou-se da encruzilhada Minhota para servir Galeno que só teve de assistir para o primeiro. André Horta empurrou a bola para a própria baliza ao tentar tirar o pão da boca a Toni Martínez.
Ainda assim, de um momento para o outro, o FC Porto parecia passar do céu ao inferno. Wendell podia ter deitado tudo a perder com a expulsão aos 62 minutos por uma entrada feia sobre Víctor Gómez. Para bem do lateral brasileiro, a saída não teve impacto direto no resultado até porque, pouco tempo depois, João Pinheiro voltou a equilibrar as contas.
Niakaté também foi mais cedo para os balneários depois de uma entrada sobre Taremi e, com dez de cada lado, os Dragões fecharam a final. Outra vez Otávio, mas a marcar. Galeno... de novo a assistir.
A festa fazia-se já no meio dos adeptos, que suspiravam de alívio face ao visível desalento do SC Braga.
Os Dragões 'vingam' assim o último encontro com os Minhotos no Jamor, em 2015/16 e fazem o bis, depois de na temporada passada terem derrotado o Tondela.
Momento do jogo
Otávio fechou as contas e deu o grito de guerra junto dos adeptos - O caldo podia ter entornado com a expulsão de Wendell, mas Niakaté 'colocou' tudo em equilibrio aos 79 minutos. Foi aí que Otávio aproveitou para fechar o jogo, já depois de um jogo intenso e de muitos quilómetros nas pernas. Na retina fica o festejo junto dos adeptos como um 'grito de guerra' de uma conquista que já não iria fugir e não fugiu mesmo.
Os melhores
Otávio - Já há poucas palavras para descrever a preponderância de Otávio neste FC Porto. Goste-se ou não se goste do estilo e das picardias do jogador, a verdade é que mais uma vez o pequeno médio agigantou-se em campo e conduziu a equipa à vitória na entrega e no desequilibrio ofensivo.
Galeno - A verticalidade de Galeno acabou por ser a principal arma contra quem o conhecia bem. O ex-SC Braga foi letal sobretudo na segunda parte com inúmeras incursões que culminaram em duas assistências para golo. Podia mesmo ter feito o 3-0 com uma finalização de belo efeito.
Matheus - Apesar de ter sofrido dois golos, o SC Braga não se pode queixar da exibição do guardião brasileiro. Principalmente na primeira parte, Matheus negou vários golos ao FC Porto e assegurou desde cedo a presença entre os melhores em campo.
Com a cabeça fora do Jamor
Wendell - Mais um jogo amargo do lateral esquerdo brasileiro que coloca cada vez mais a pressão ao FC Porto em contratar novos laterais esquerdos. Ficou mais uma vez à vista que Wendell não tem os atributos necessários para jogar nos azuis e brancos e muito menos a titular. A expulsão aos 62 minutos - que podia ter comprometido o resultado - é a prova disso.
Iuri Medeiros - O extremo português esteve completamente a Leste do Jamor. A capacidade desequilibradora com o pé esquerdo que conhecemos e Iuri Medeiros foi totalmente travada pela defesa portista, o que levou a uma substituição precoce aos 58 minutos.
André Horta - Não se pode dizer que André Horta tenha estado totalmente fora da final, mas contribuiu diretamente para o insucesso do SC Braga no jogo. Aos 53 minutos, com a boa intenção de negar o golo a Toni Martínez, colocou a bola na própria baliza e desbloqueou o marcador.
Veja o resumo do jogo
A festa azul e branca
VÍDEO: Noutra perspetiva, a entrega da Taça de Portugal ao FC Porto
VÍDEO: Os primeiros passos dos jogadores do FC Porto já com a Taça de Portugal
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