O contexto não ajudou (ainda não houve tempo para recuperar da festa maior, a da recepção aos heróis de Dublin), o espaço também não.
Os Aliados, em pré-Feira do Livro, blindaram-se aos festejos, depois de vários stands já montados para o evento terem sofrido estragos consideráveis, na quinta-feira, durante os festejos da vitória do FC Porto na Liga Europa.
Com o espaço reservado à Feira do Livro rodeado por grades para evitar sustos maiores à organização do certame, que começa na quarta-feira, os adeptos viram-se sem o palco tradicional das suas conquistas.
Empurrados para a rua, com o trânsito a circular normalmente, os portistas, bem menos efusivos do que há quatro dias, limitaram-se a ocupar a berma, num diálogo permanente entre quem seguia nos carros e quem estava do lado de fora.
Meia hora depois do apito final ter sido dado no Jamor, poucos eram aqueles que se concentravam no coração da Baixa. Sinal do cansaço acumulado de tanta festa? «Parece que sim», disse à Lusa Carvalho Vieira, convicto de que apesar do hábito ganhador, os adeptos acabariam por marcar presença na festa.
Para o adepto “azul e branco”, o motivo da ausência de uma multidão na Avenida dos Aliados não era o pouco espaço deixado livre pelos stands da Feira do Livro, mas sim a teimosia de Rui Rio.
«Foi pena não haver aqui uma projecção. Este presidente da Câmara devia ter algum juízo para acabar com esta guerra que não tem sentido nenhum», desabafou.
No entanto, em tempo de festa, as críticas rapidamente deram lugar à alegria, com Carvalho Vieira a confessar à Lusa que este foi um dia histórico para a sua geração, porque «ultrapassar o Benfica em títulos é muito engraçado».
Sem direito a uma grande multidão, a festa portista foi-se fazendo entre buzinas e cânticos tímidos, com os adeptos a aparecerem a conta-gotas. Laura foi das primeiras a chegar, de cachecol ao pescoço e cão equipado ao colo. Hoje limitou-se a seguir os festejos ao longe, sentada num dos bancos da Praça General Humberto Delgado. «É todos os dias, ou todos os domingos ou todos os fins de semana», relembrou, assumindo que esta será uma festa mais pequena.
Só que uma vitória é sempre uma vitória, mesmo que seja a menos importante das três conquistadas pela equipa orientada por André Villas-Boas esta época, e há quem a viva como se fosse a única.
«Não são muitas festas. O FC Porto habituou-nos a isto e vai ser difícil desabituar-nos. São festas fantásticas, é o “azul e branco” no alto, somos campeões e não há mais nada a dizer», garantiu Nuno Almeida, para quem o melhor momento festivo foi o da conquista do campeonato, frente ao Benfica.
A festa azul e branca promete continuar no Estádio do Dragão, para onde se vai dirigir o autocarro que transporta os vencedores da Taça de Portugal.
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