As meias-finais da Taça da Liga podem não qualquer ´grande`, o que seria inédito na história da competição. Com a eliminação do FC Porto e Sporting, Benfica é único ´grande` que pode apurar-se mas, caso perca com o Vitória de Guimarães esta noite, esta 10.ª edição da Taça da Liga não terá qualquer dos principais clubes portugueses.

O cenário poderá piorar caso o SC Braga fique pelo caminho. Os minhotos estão obrigados a vencer na Madeira o Marítimo para se apurarem para a ´final four`. O empate apura os madeirenses, caso o Rio Ave não vença o Sp. Covilhã. Os vila-condenses ficam com o ´bilhete` das meias-finais em caso de triunfo sobre os serranos e empate no Funchal entre ´Guerreiros` e verde-rubros.

O novo formato da Taça da Liga está estabelecido de forma a favorecer os quatro maiores clubes em Portugal, uma vez que os quatro primeiros classificados da época anterior ficam alojados, e separados, em quatro conjuntos na fase de grupos. Com este método, a própria Liga de Clubes promove, pelo menos na teoria, uma ‘final four’ e respetiva final com a presença de um dos grandes, se possível com dois. Os outros clubes que não os quatro grandes têm de passar por uma ou duas fases antes da ´final four`.

Desta forma, atrai mais público na televisão, nos estádios, logo fica mais fácil de negociar os direitos televisivos e manter a Taça da Liga interessante, ela que sempre sofreu de problemas de amores por parte dos clubes.

Com a eliminação do FC Porto e Sporting da presente edição, apenas Benfica poderá ser o único ‘grande’ a marcar presença na ‘final four’ do Algarve. Algo que só aconteceu em duas edições das nove disputadas.

A primeira edição da Taça da Liga, com um modelo diferente da atual, juntou nas meias-finais o Vitória de Setúbal, Sporting, Penafiel e Beira-Mar num só grupo, depois de terem ultrapassado as eliminatórias da prova. Portanto verificou-se que apenas um dos grandes marcou presença na ‘final four’. Benfica foi eliminado pelo Vitória de Setúbal (vencedor da prova) na quarta eliminatória e o FC Porto pelo Fátima na terceira ronda.

No ano seguinte, as meias-finais foram recheadas com os três grandes. A estes juntou-se o Vitória de Guimarães. Sporting e Benfica foram à final e os ´encarnados` iniciaram assim um longo reinado pela Taça da Liga. O mesmo aconteceu em 2010, antes de o Benfica vencer o FC Porto na final, o Sporting foi eliminado pelos ´encarnados`, enquanto na outra meia-final, os ´Estudantes` da Académica foram derrotados pelos ´Dragões`.

Benfica, Sporting, Paços de Ferreira e Nacional formaram o grupo de semifinalistas de 2010/11. No ano seguinte, o Benfica manteve-se nas ‘meias’, mas desta vez na companhia de FC Porto, Braga e Gil Vicente.

Na época em que Braga quebrou a hegemonia do Benfica, o FC Porto foi o finalista derrotado, mantendo-se então a tendência da presença de, pelo menos, ‘dois grandes’ na ‘final four’. O Braga repetiu as meias-finais em 2014, ao lado de Benfica, FC Porto e Rio Ave, equipa que seguiu para a final de Coimbra contra o Benfica, que recuperava assim o título.

Na época seguinte, o Vitória de Setúbal regressava às meias-finais, ao lado de Marítimo, FC Porto e Benfica, mas foram os insulares a atingirem a final com o vencedor Benfica.

Na temporada passada verificou-se novamente a presença de apenas um dos grandes nas meias-finais, o rei da Taça da Liga, o Benfica, ao lado de Marítimo, Portimonense e Braga.

Voltando à presente época, o Vitória de Guimarães tem ainda a possibilidade de eliminar o Benfica e seguir em frente para o Algarve, visto que uma vitória dos minhotos em Guimarães colocaria-os na fase seguinte. Caso este cenário se venha a confirmar, será a primeira edição sem ´grandes` nas meias-finais. Cenário esse que poderá piorar se o SC Braga também ficar pelo caminho.

Uma coisa é certa: uma ´final four` e consequente final sem um dos ´grandes` do futebol português será um duro golpe para a competição, tanto para patrocinadores como para o operador de televisão quem detém os direitos da prova. Um cenário destes poderá ser o fim da Taça da Liga, cujo modelo tem de ser repensado. Pedro Proença pretende que a prova possa valer um lugar na Liga Europa, de forma a torna-la mais atrativa tanto para os clubes como para os patrocinadores e operadores televisivos.

*Artigo atualizado às 16h00 de 10/01/2017. Publicado originalmente no dia 05/01/2017