"A estrela que eu tenho pode fazer a diferença. É um ponto a favor do Sporting. Mas tudo depende do jogo, talvez quem marque primeiro...", disse Rúben Amorim, qual Nostradamus, na antevisão à final do último sábado.

A verdade é que o Sporting venceu o SC Braga graças ao golo solitário de Porro ainda na primeira parte e não se pode queixar da sorte, depois de ter visto o conjunto bracarense a causar perigo por diversas vezes ao longo do segundo tempo, com uma bola à barra pelo meio.

A "estrelinha" (e não só) que tem acompanhado o técnico do Sporting voltou a entrar em ação e garantiu o primeiro título conquistado da Era Amorim em Alvalade. O clube conquistou a sua terceira Taça da Liga e Rúben Amorim arrecada a sua segunda consecutiva, depois de ter conquistado a primeira no ano passado, precisamente ao serviço do SC Braga.

O Jogo: Eficácia à primeira, estrelinha na segunda

Depois da polémica à volta dos 'falsos positivos', Ruben Amorim pode voltar a contar com Nuno Mendes na defesa leonina, onde ocupou o lugar que tinha sido de Antunes na partida frente ao FC Porto. Mais à frente, Jovane Cabral - o homem do jogo na meia-final - entrou para o lugar de Nuno Santos que começou a partida no banco.

Já no lado dos bracarenses, e apesar do terrível calendário do SC Braga, Carlos Carvalhal apostou no mesmo onze que bateu o Benfica na meia-final, voltando a deixar Paulinho no banco.

O Estádio Dr. Magalhães Pessoa era o palco da final da Taça da Liga pela primeira vez e São Pedro resolveu abençoar a derradeira partida da Final Four, mas podia ter poupado na água. A chuva que caiu antes e durante a partida, tornou o terreno de jogo pesado, com várias poças visíveis, principalmente na zona do meio-campo. Ainda assim, seguiu jogo com as duas equipas a usarem os primeiros minutos para se adaptarem ao difícil terreno de jogo.

O SC Braga foi o dono da primeira oportunidade de perigo quando um cruzamento de Esgaio, desviado em Nuno Mendes, quase traia Adán, que se esticou para atirar a bola para canto. O jogo estava partido, ainda que com um ligeiro ascendente bracarense. Numa altura em que a partida entrava numa fase mais 'rasgadinha', com faltas de parte a parte, eis que surge um dos momentos que fica entre os mais estranhos de 2021.

À passagem do minuto 33, Amorim e Carvalhal trocaram umas palavras menos simpáticas, normais no jogo, mas que sem público são mais audíveis (como explicou muito bem Neto). O que é certo é que Tiago Martins, árbitro da partida, não terá achado aceitáveis aquelas trocas de galhardetes entre os dois técnicos e veio do meio campo para mostrar o vermelho aos dois técnicos. Justificava-se? Numa final? Aos 33 minutos? Sem advertência prévia? Ficam as dúvidas.

Amorim nas bancadas e Carvalhal na tribuna de imprensa: foi daí que os dois técnicos viram o primeiro golo da partida. Depois de falta de Al Misrati sobre João Palhinha (que motivou queixas de António Salvador), Gonçalo Inácio bombeou a bola para junto da grande área, onde surgiu Pedro Porro, pela direita, que acelerou rumo à baliza de Matheus, só parando na outra ponta do canto, já a festejar, depois do remate bem sucedido aos 41 minutos.

Pedro Gonçalves ainda teve oportunidade de testar Matheus aos 45 minutos, mas o guardião bracarense levou a melhor, defendendo o remate do jogador leonino. O intervalo chegava e com resultado no marcador ia-se justificando, premiando a equipa mais eficaz: na primeira oportunidade de grande perigo, o Sporting marcou.

O segundo tempo começou com mexidas nos dois conjuntos: Paulinho entrou para o lugar de Abel Ruiz no SC Braga e Nuno Santos rendeu Jovane no Sporting. O SC Braga entrou com tudo, em busca da reviravolta no marcador e o Sporting ia respondendo como podia, baixando linhas e apostando nos contra-ataques.

Os gverreiros encostaram o Sporting ao seu meio-campo, mas mostravam pouca pontaria na hora de atirar à baliza. Do outro lado, Pedro Gonçalves, aos 65', mostrou pontaria, mas viu Matheus a voltar a negar-lhe o golo com uma excelente defesa.

Depois disto, foi o SC Braga a tomar as rédeas do jogo: os bracarenses são tiravam o pé do acelerador na hora de atacar, mas acabaram por ver as oportunidades esbarrarem nas defesas de Adán, ou na barra - que o diga Paulinho que atirou com estrondo ao mesmo aos 71' - ou na mira desalinhada.

Depois de Sporar, no contra-ataque, ver Matheus a defender o seu remate pouco potente, o SC Braga acabou por colocar a bola no fundo da baliza aos 85'. Iuri Medeiros, ainda do exterior da área, faz o remate que obriga a uma grande intervenção de Adán. Na recarga, surgiu Esgaio que atirou para o fundo das redes, mas o lance acabou por ser invalidado, por posição irregular do gverreiro na altura do remate de Medeiros.

O jogo entrava nos últimos 10 minutos (a contar com os cinco minutos de compensação que foram sete) e os ânimos exaltavam-se. Tiago Martins distribuiu cinco amarelos em dez minutos, dois deles para Pedro Gonçalves que foi duplamente amarelado num minuto e fica de fora da visita do Sporting ao Bessa.

Foi de fora do relvado que o avançado leonino, viu Adán fazer a intervenção que (muito provavelmente) valeu o título ao Sporting quando João Novais, na marcação de livre, atirou diretamente à baliza sportinguista obrigando o guardião espanhol a uma grande defesa aos 90+7'.

O Sporting sofreu, soube sofrer e teve ao seu lado uma estrelinha que pode dar muito jeito para o que falta da época. Já o SC Braga sai com sabor amargo de uma final onde merecia, pelo menos, um desempate por grandes penalidades, tendo em conta a superioridade demonstrada na segunda metade da partida.

Destaque negativo para a confusão logo após o apito final entre os jogadores dos dois conjuntos, com os ânimos exaltados a serem visíveis também na tribuna presidencial. Dentro das quatro linhas, o negativo foi compensado com os momentos de 'Fair-Play', já depois das emoções se acalmarem, com destaque para os cumprimentos de Amorim e Palhinha aos antigos colegas de equipa.

Momento: 41' - Golo de Pedro Porro

Melhor: Sebastian Coates

Seguro, eficaz, imperial: são poucos os adjetivos para a exibição de Coates em Leiria. Num jogo em que os centrais do Sporting estiveram em bom plano, o uruguaio destacou-se tirando tudo o que era perigo dali. Esteve 'impec'.

Pior: Tiago Martins

Numa final que se queria festiva, o árbitro borrou a pintura. A expulsão dos dois técnicos pode nem ter afetado muito o jogo jogado dentro das quatro linhas, mas retirou do filme do jogo dois dos principais protagonistas, que até são os treinadores das duas equipas que melhor jogam em Portugal nesta altura.

Reações

Rúben Amorim: "Era muito importante para o Sporting ganhar este troféu"

Luís Neto, a conquista de "um título ‘Made in Sporting’" e as expulsões dos treinadores: "Numa final, não é normal"

Pedro Porro: "É um orgulho muito grande. A vitória é mais do que merecida"

João Mário, treinador adjunto do Braga: "Sporting defendeu-se bem e nós tivemos azar"

Fransérgio: "O Sporting fartou-se de parar o jogo, isto é o futebol português"

António Salvador: "É com grande satisfação que vejo o Sporting a festejar tanto com as vitórias sobre o nosso clube"

Resumo