O FC Porto venceu o Sporting por 0-2 este sábado no Estádio Dr.Magalhães Pessoa em Leiria, conquistando desta forma a primeira Taça da Liga da sua história. Os golos de Stephen Eustáquio na primeira parte, e de Iván Marcano na segunda deram a vitória a um FC Porto que soube conter o ímpeto ofensivo do adversário na primeira parte, organizar-se ao intervalo, e restringir os movimentos do leão nos segundos 45 minutos.
Já o Sporting respondeu bem ao golo sofrido e teve oportunidades suficientes para dar outro colorido ao marcador no final da primeira parte. No segundo tempo os leões tiveram mais dificuldades perante um FC Porto mais organizado; a expulsão de Paulinho acabou por deitar por terra as pretensões dos leões na partida. Foi a primeira derrota do clube de Alvalade na Taça da Liga desde a chegada de Rúben Amorim.
O dragão da sorte e o leão do desperdício
Rúben Amorim e Sérgio Conceição pouco mexeram nos onzes iniciais em comparação com os jogos das meias-finais. O técnico leonino fez entrar Gonçalo Inácio e Porro para os lugares de St.Juste e Esgaio, enquanto que do lado do dragão saíam Verón e Namaso, substituídos por Taremi e Galeno.
Desde o apito inicial que os leões mostraram ao que vinham, mostrando-se agressivos na pressão e dinâmicos na sua movimentação ofensiva, surpreendendo um FC Porto pouco habituado a estar do outro lado desse cenário. Contudo a equipa portista acabou por encontrar o caminho da felicidade numa das primeiras chegadas à área leonina.
Aos 10 minutos Pepê escapou a Coates pela direita e cruzou, a bola sobrou para Eustáquio que, à entrada da área, rematou. Durante o trajeto da bola para a baliza (sim porque houve muito tempo para isso), já todos no estádio tomavam pensavam já na jogada seguinte quando Adán repusesse a bola em jogo após agarrá-la; acontece que o guarda-redes espanhol esqueceu-se que tinha colocado as suas luvas mais velhas, aquelas com um buraco, e transformou um lance aparentemente inofensivo no primeiro golo da partida.
Apesar do golo inesperado, o Sporting continuou a jogar como se nada tivesse acontecido, permanecendo agressivo e pressionante, não deixando o adversário sair a jogar e remetendo-o praticamente ao seu meio-campo. Marcus Edwards chegou mesmo a colocar a bola na baliza após ter ultrapassado Cláudio Ramos, mas o golo acabaria invalidado pelo vídeo-árbitro após verificado que o inglês estava ligeiramente fora-de-jogo.
Se há coisa da qual não poderão acusar os leões é de falta de atitude, especialmente durante a primeira parte. Ao contrário de muitos jogos esta época, os comandados de Rúben Amorim deram tudo o que tinham, encostando o campeão nacional às cordas através da criação de inúmeras oportunidades de golo, algumas delas praticamente consecutivas; aos 36 minutos Porro atirou com estrondo à barra através de um tiro do meio da rua e, na sequência da jogada, foi Pedro Gonçalves a ver o seu remate desviado contra o poste.
Era principalmente pela direita que o Sporting mais ameaçava com Edwards e Porro a beneficiarem da falta de acerto entre Wendell e Galeno na marcação e cobertura aos dois leões. Até ao intervalo somaram-se as oportunidades com Morita, Paulinho e Pedro Gonçalves, todos eles com hipótese de, no mínimo, levar o jogo empatado para os balneários.
Jogo duro, Pinheiro manso
Como se seria de esperar, e após aquilo que se acredita que tenha sido um valente puxão de orelhas de Sérgio Conceição à sua equipa, o FC Porto entrou mais compacto e concentrado na segunda parte, mostrando agora mais acerto nas marcações e agressividade nos duelos individuais. O Sporting, apesar de procurar manter a mesma postura da primeira parte, tinha agora bem mais dificuldades em chegar junto da área de Cláudio Ramos.
Com o avançar do relógio, e tendo em conta que se tratava de uma final de um troféu jogado por duas equipas com um passado recente de jogos de carácter belicista, a partida entrou numa mais que previsível fase em que o que rolava no relvado não era a bola, mas antes jogadores.
Pouco antes de finalizada a primeira metade da segunda parte, o jogo traduziu-se numa sequência de protestos e contestações a cada decisão do árbitro João Pinheiro, um árbitro que, curiosamente, esteve presente num malfadado FC Porto-Sporting da temporada transata, e que terminou numa batalha campal.
À semelhança do que ocorrera nesse jogo, o árbitro minhoto não teve capacidade de segurar a partida e controlar o ímpeto mais agressivo dos jogadores. Com efeito, a distribuição compulsiva de cartões amarelo só serviu para acicatar ainda mais os ânimos e tolher qualquer hipótese de um simples jogo de futebol.
O clímax deste escalar de nervos ocorreu à passagem do minuto 72. Paulinho ganhou um lance no seu meio-campo, acabando por dividir a jogada com Otávio; o juiz de Famalicão entendeu que o avançado leonino atingiu o adversário deliberadamente com o cotovelo, acabando por expulsar o jogador do Sporting com a mostragem do segundo amarelo.
Com menos um jogador naturalmente o ímpeto dos leões caiu drasticamente. Apesar disso Rúben Amorim não desistiu e procurou refrescar uma equipa que agora teria de correr o dobro se quisesse chegar ao empate. Já o FC Porto estava agora mais confortável na partida, beneficiando de mais espaço para jogar.
Apesar de todo o esforço da equipa de Alvalade, a verdade é que esse espaço foi devidamente aproveitado pelos comandados de Sérgio Conceição para matar a partida; 86 minutos e uma investida de Pepê pela direita levou ao cruzamento para o segundo poste onde surgiu Iván Marcano a cabecear sozinho para o 0-2 e o consequente final da partida.
Esta foi a quinta final da Taça da Liga em que o FC Porto participou; curiosamente ou não, os dragões conseguem a primeira vitória provavelmente na final em que menos fizeram pela vitória diante de um Sporting que lutou até ao fim mas que demonstrou total falta de ineficácia, algo que já se verificava nos jogos para o campeonato e que parece ter passado o vírus para a Taça da Liga.
O momento: Leão a jogar com dez
Estávamos a entrar nos vinte minutos finais, o Sporting continuava à procura do empate, apesar de apresentar menor fulgor, em comparação com os primeiros 45 minutos.
Paulinho, já amarelado, disputa um lance com Otávio, acabando por, no entender do árbitro João Pinheiro, atingir deliberadamente o jogador portista com o cotovelo. Segundo amarelo e consequente expulsão que deixou o Sporting a jogar com dez até final da partida, tolhendo assim de sobremaneira as aspirações da formação leonina em discutir o resultado.
O melhor: Eustáquio abriu o caminho
Depois de contra o Académico de Viseu, Stephen Eustáquio ter marcado o golo inicial, o médio canadiano voltou a repetir a façanha na final diante do Sporting. Aos dez minutos o médio portista contou com a contribuição preciosa de Adán que deixou passar um remate aparentemente inofensivo, mas que se transformou no primeiro do jogo.
Para além disso, o '46' portista foi um dos principais obreiros da recuperação posicional e da agressividade da equipa na segunda parte. O dragão esteve mais sólido nos segundos 45 minutos e tem muito a agradecer a Eustáquio, que lutou durante todo o jogo para assegurar a tão desejada conquista da Taça da Liga.
O pior: Adán sem sorte contra o dragão
O guardião António Adán teve a exibição mais ingrata de todas, e que ficou indelevelmente marcada pelo erro ocorrido aos 10 minutos que permitiu a Stephen Eustáquio inaugurar o marcador através de um remate que o guardião se preparava para agarrar, mas que deixou passar entre as mãos.
De resto não teve muito mais trabalho, estando totalmente livre de responsabilidades no segundo golo portista. Nova exibição do guarda-redes espanhol diante do FC Porto marcada por erros, algo que já acontecera na partida para o campeonato no Estádio do Dragão.
O que disseram os treinadores
Rúben Amorim, treinador do Sporting: "É difícil encontrar palavras neste momento. Fizemos um jogo excelente, a primeira parte foi muito boa e tivemos azar no primeiro golo. Tomámos conta do jogo, mas na segunda parte o jogo acabou aos 75’ (expulsão de Paulinho). Depois disso tentámos lutar pela vida, não conseguimos e sofremos o golo no fim. Jogámos melhor, criámos mais ocasiões, mas o futebol é assim"
Sérgio Conceição, treinador do FC Porto: "Ganhámos. Penso que era importante. As finais ganham-se. Houve bons momentos. Nos primeiros 10/15 minutos marcámos, tínhamos definido não ir buscar o Sporting como fazemos. Bons 30 minutos do Sporting, mas também a minha equipa devia ter interpretado as coisas de outra forma. Não me lembro de ocasiões do Sporting na 2.ª parte. Ficou mais fácil com expulsão, mas foi vitoria justa"
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